Confeiteiros tiveram que se reinventar para vender seus doces na pandemia

Aumento nos valores dos materiais, maior higienização, restrição do comércio e sistema delivery são alguns dos desafios encontrados

Postado em: 14-08-2021 às 14h00
Por: Victoria Lacerda
Imagem Ilustrando a Notícia: Confeiteiros tiveram que se reinventar para vender seus doces na pandemia
Aumento nos valores dos materiais, maior higienização, restrição do comércio e sistema delivery são alguns dos desafios encontrados | Foto: Reprodução

A difícil tarefa de continuar a adoçar vidas diante de tantas amarguras deixadas pelo novo coronavírus. Essa é a realidade de muitos confeiteiros que trabalham dentro de favelas e comunidades. Eles precisam se reinventar para não deixar morrer seus sonhos de fazer um pedaço da festa que alegra a vida das pessoas através de um bolo recheado com muito afeto. Em tempos de pandemia, muitos profissionais tiveram de se reinventar e transformar o isolamento forçado em oportunidade para novos negócios.

No ramo da confeitaria, vendas de bolos e doces, a situação não foi diferente, o que levou os profissionais da área a mudar alguns hábitos e criar novas formas de produção e venda dos seus produtos, como entregas delivery, diminuição na produção e rígidas regras de higienização. Contudo, devido ao período de pandemia, algumas alterações precisaram ser feitas, além dos maiores cuidados com a higienização, as doceiras precisaram lidar com aumento nos valores de materiais.

Mudanças no cardápio, inflação, fornecedores em isolamento social e a preocupação com as vendas foram alguns dos obstáculos. Mas a capacidade de superação prevaleceu em muitos casos e hoje após um ano de pandemia muitos confeiteiros se sentem mais preparados.

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Nádilla Alves mora em Goiânia e nasceu com o dom para a cozinha, já passou por restaurantes como o Paris 6 e hoje é focada na produção de todos os seus bolos, sobremesas e na venda de pedaços de bolos inspirados em filmes e séries. “Eu entrei na confeitaria pra valer em 2014. Digo pra valer porque no colégio eu vendia bombom desde a 7° série então é uma coisa que eu sempre gostei de fazer, doce e ter meu próprio dinheiro, pra comprar bombom na feira. Na confeitaria eu aprendi bastante coisa, inclusive que a área que eu mais gostava dentro da confeitaria era a de bolos. Desde então eu não consigo mensurar o quanto meus bolos melhoraram e o quanto eu me dediquei pra que isso acontecesse”, explicou Nádilla.

“Antes da pandemia eu ia muito no cinema, em média umas 4 vezes no mês. Sou super fã de friends e séries de comédia, desde criança. Assistia bastante sessão da tarde e desenhos, o que me levou a ter a ideia da ‘slice’ (fatiar em inglês). São fatias de bolo inspiradas em séries e filmes que eu gosto desde sempre, como Friends, How I Met Your Mother, Dexter e Matilda. Todas as fatias são pensadas em cenas ou momentos de cada um, acho que isso faz a diferença para atrair fãs das séries, assim como eu. Faço a entrega dos bolos e as fatias são quase todas através do ifood, mas público alvo é um desafio, pois a ferramenta que eu tenho em mãos é o Instagram e o WhatsApp”, completou .

O Instagram também é uma ferramenta importante e fundamental no negócio. Lá Nádilla faz a divulgação dos produtos disponíveis, data de entrega, além de manter um contato com os já clientes e até conquistar novos. Ela ressalta que além de ingredientes de qualidade e cuidado no preparo, tudo é feito com muito amor para que sejam entregues aos clientes os melhores produtos possíveis.

Com a pandemia, muitas situações foram ressignificadas e ganharam novas narrativas no que chamamos de “novo normal”. As grandes festas de aniversário, por exemplo, deram espaço às pequenas comemorações em família e os doces ganharam um papel ainda mais simbólico e afetivo, aproximando as pessoas dentro de casa e tornando os momentos mais até mesmo mais leves. De outro lado, para compensar o fechamento das unidades físicas e amenizar a queda de vendas, confeitarias e estabelecimentos especializados em bolos passaram a adotar o delivery como solução. Prova disso são os números expressivos de um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), que responde pelo setor. Em março do ano passado apenas 8% a 10% dos associados adotavam algum modelo de entrega e, atualmente, 60% a 70% já oferecem alguma modalidade de delivery.

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