Agronegócio goiano impacta no aquecimento global

Com a eminência de uma catástrofe climática global, produtores rurais devem buscar práticas mais sustentáveis

Postado em: 14-08-2021 às 16h00
Por: Augusto Sobrinho
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Com a eminência de uma catástrofe climática global, produtores rurais devem buscar práticas mais sustentáveis | Foto: Reprodução

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulgou, na última segunda-feira (09/08), o relatório sobre o clima do planeta e especialistas já o nomearam de “alerta vermelho”. Segundo o documento, a temperatura da superfície global foi 1,09ºC mais alta na década entre 2011 a 2020 do que entre 1850 a 1900. Com isso, as ações humanas estão mais próximas da irreversibilidade de uma catástrofe climática.

Os pesquisadores afirmam que, até 2040, haverá um aumento de 1,5 ºC na temperatura do planeta e se as emissões de gases não forem reduzidas nos próximos anos, esta previsão poderá ser adiantada. O relatório aponta que esta realidade impacta no nível do mar, que quase triplicou em comparação com o período entre 1901 a 1971, no derretimento global das geleiras e nas ondas de calor, que se tornaram mais frequentes e mais intensas desde a década de 1950.

“O Relatório do Grupo de Trabalho um do IPCC é um alerta vermelho para a humanidade. Os alarmes são ensurdecedores: as emissões de gases de efeito estufa provocadas por combustíveis fósseis e o desmatamento estão sufocando o nosso planeta. O relatório indica, claramente, que não há tempo e não há lugar para desculpas”, afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

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            Proximidade

Os efeitos do aquecimento global, que foram mencionados anteriormente, podem passar a impressão de que estão distantes de nós. Ver notícias sobre os incêndios históricos na Grécia e no oeste da América do Norte e inundações como as que estão sendo registradas na Alemanha e na China distanciam de nós, aqui no Centro-Oeste brasileiro, os impactos que podemos sofrer. Mas, é importante destacar como a nossa economia agropecuária influencia no aumento da temperatura e como poderá ser afetada por ela.

De acordo com o 8º relatório do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), realizado pelo Observatório do Clima, publicado em novembro de 2020, o Brasil está emitindo mais gases de efeito estufa (GEE). Em 2019, nós lançamos 2,18 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera contra 1,98 bilhão em 2018. Este gás, mais o Metano (CH4), impedem que a radiação escape para o espaço, o que aquece a superfície da Terra.

“Grande parte das emissões no Brasil advém da conversão de uso do solo, isto é, o desmatamento (44%) e a agropecuária (28%). Encontramos a substituição de áreas nativas por pastagem ou para produção de alimentos pela agricultura. Nesse sentido, retira-se a vegetação, que vem estocando o carbono da atmosfera, com queimadas que emitem gases do efeito estufa”, explica o advogado especialista em Direito Ambiental e Urbanístico, José Antônio Tietzmann.

Além disso, o especialista destaca que ambas as atividades são nossa matriz econômica. Ele também fala sobre o uso de adubos hidrogenados, que impactam negativamente na emissão dos gases do efeito estufa, durante sua utilização nas plantações e, posteriormente, durante a decomposição. Chame-se atenção para a produção de bovinos que, devido ao estilo de digestão, emitem o gás Metano (CH4) nas fezes e flatulências.

            Sustentável

Apesar de próximos da irreversibilidade de uma catástrofe climática, ainda é possível adotar ações que diminuam os efeitos do aquecimento global.”Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas, como o relatório de hoje deixa claro, não há tempo para delongas e nem espaço para desculpas. Conto com os líderes do governo e todas as partes interessadas para garantir que a COP-26 seja um sucesso”, disse António Guterres.

No agronegócio, os produtores rurais devem mudar as práticas atuais e buscar sistemas de produção mais sustentáveis. No âmbito nacional e estadual há políticas públicas que incentivam esses novos hábitos. Planos que  beneficiam os agropecuaristas que tenham práticas sustentáveis que impactam positivamente na redução das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, há ações neste mesmo sentido para os demais setores da economia.

“É possível que se reduzam as emissões desses setores. Um exemplo está no plano da Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que tem linhas de crédito para práticas menos impactantes; pode-se pensar, portanto, em práticas voltadas à recuperação de áreas de pastagens, ao plantio de florestas, plantio direto, tratamento de dejetos de animais – inclusive com a valorização de outros rejeitos para a produção de energia etc”, conclui Tietzmann.

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