Mesmo com queda, imóveis à locação se multiplicam

Preços caem para até um terço do valor antes cobrado, mas imobiliárias e locatários ainda encontram impasses para fechar negócio

Postado em: 03-06-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Preços caem para até um terço do valor antes cobrado, mas imobiliárias e locatários ainda encontram impasses para fechar negócio

Não é difícil perceber que as placas de “aluga-se” tem se multiplicado na capital goiana, uma consequência que todos atribuem à crise. De um lado, para conseguir se livrar das placas e alugar os imóveis, imobiliárias tem apelado para preços bem abaixo da média, de outro lado, locatários continuam encontrando dificuldades diante dos apelos burocráticos como fiadores, cauções, referências e comprovação de crédito. Em alguns casos, imóveis são alugados por até um terço do valor que era cobrado nos anos anteriores, o problema é que as normas para permitir a locação não mudam.

Um exemplo disso é o que aconteceu com o fisioterapeuta Marco Basso, que pretendia alugar um imóvel com alguns colegas de profissão para montar uma clínica no setor Marista. O preço inicial era R$ 18 mil, mas estava à locação por pouco mais de R$ 6 mil, quase um terço a menos. “Mesmo assim decidimos não alugar, pois eram muitos os documentos exigidos, que acabou inviabilizando o negócio. Normalmente é preciso de um fiador que ganhe o dobro do valor do aluguel e que tenha um imóvel quitado em seu nome. Isso complica muito algumas situações de compra, venda ou aluguel”, diz.

Já o proprietário de uma imobiliária no Setor Sul, Thiago Virgílio conta que realmente a maioria dos imóveis para aluguel sofreu com redução nos preços. “Com tantos imóveis para alugar no mercado e poucas procura, não houve outra saída, o preço do aluguel caiu em média 30% na minha empresa”. Quanto à burocracia, Thiago disse que não mudou as regras para quem quer alugar um imóvel, e garante que o número de pessoas com crédito reprovado também aumentou. 

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A avaliação do advogado e Diretor da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB de Goiás, Caio Cesar Mota, é de que a crise financeira é parcialmente responsável, desde 2014, por derrubar a locação de imóveis, em várias regiões do Brasil. “Sempre houve muita burocracia para alugar imóveis, mas ultimamente, para compensar pela crise, algumas imobiliárias tem baixado o preço dos imóveis sim. Porém, como o poder de compra diminuiu e a negativação aumentou, a situação continua sendo um problema para empresários do setor imobiliário”, alega o advogado. 

Em um dos bairros da região sul de Goiânia, Jardim Atlântico, a equipe de reportagem do Jornal O Hoje encontrou mais de 10  imóveis para alugar em poucas quadras percorridas. Mesmo assim o encarregado de departamento pessoal, Adélio Eugênio da Silva, proprietário um dos únicos pontos comerciais ao lado do Parque Cascavel que está para alugar diz não precisou diminuir o preço do aluguel. “Mesmo com a crise o meu ponto ainda é bem valorizado. O ultimo locatário não teve um bom desempenho comercial, porém sempre que coloco a placa, alugo rapidamente”, comenta Adélio.

Já a Avenida 85 que passa pelos Setores Serrinha, Pedro Ludovico, Marista, Bueno, Oeste e Sul, não tem a mesma sorte e é uma das provas que a capital sofre com a quantidade de imóveis para alugar. Antes, a via que era uma das principais eixos comerciais de Goiânia oferece, atualmente, mais de 40 imóveis comerciais ou residências à locação. “O fato em locais movimentados da capital é que as garantias para locação, com exceção da fiança, representam mais de 90% dos contratos, justamente por não haver necessidade do locatário ou fiador desembolsar nenhum valor, e isso implica em grandes custos, que muitas vezes foge do poder aquisitivo do locatário” explica Caio Cesar.

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