Participação masculina entre desempregados aumenta e se iguala à feminina

População masculina desocupada cresceu desde 2012 e atualmente corresponde a 50% do total

Postado em: 14-06-2017 às 14h30
Por: Lucas de Godoi
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População masculina desocupada cresceu desde 2012 e atualmente corresponde a 50% do total

Em 2012, a população masculina respondia por 44% de todos os
desocupados e, atualmente, corresponde a 50%. No primeiro trimestre de 2017, a
população ocupada masculina retroagiu 2,7%, enquanto a feminina recuou 0,7% em
relação ao mesmo período do ano passado. Isto é, a ocupação entre os homens vem
apresentando um comportamento bem pior quando comparada à das mulheres. Esses
foram alguns dos resultados da seção da Carta de Conjuntura do Ipea que
analisou os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(PNADC). Lançado no blog da Carta de Conjuntura nesta quarta-feira (14/06), o
estudo também traz dados de desemprego por idade, nível educacional e Unidade
da Federação.

O aumento do
desemprego entre os homens vem crescendo mesmo em um cenário de modesto aumento
da População Economicamente Ativa (PEA) masculina, que há pelo menos três
trimestres apresenta taxas abaixo de 1,0% na variação interanual. Na comparação
com o início da série (primeiro trimestre de 2012), a diferença entre as
populações masculina e feminina ocupadas fica ainda mais clara com a queda de
0,9% da masculina, ante o aumento de 3,7% da feminina. “Tem aumentado a
ocupação entre as mulheres no mercado de trabalho e, como consequência, a
participação dos homens na população desocupada vem crescendo”, destaca a
pesquisadora do Ipea Maria Andréia Lameiras, autora da seção de Mercado de
Trabalho.

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A análise revela que a maioria dos desempregados é composta
por trabalhadores com idade entre 18 e 39 anos (70%) e tem ensino médio
completo ou incompleto (50%). Dentre os trabalhadores que passaram a procurar
emprego e não obtiveram uma colocação no mercado de trabalho, cerca de 50% têm
idade entre 14 e 24 anos e aproximadamente 35% possuem o ensino médio.

Na outra ponta, dentre aqueles que saíram da condição de
inativos e conseguiram uma ocupação, 35% possuem entre 25 e 49 anos e 43% têm
apenas o fundamental completo. Por conta da baixa especialização, 73% desse contingente
foi absorvido pelo mercado informal.

Força de trabalho mais idosa e mais escolarizada

Além dos dados de desocupação, os pesquisadores analisaram a
dinâmica da ocupação nos últimos cinco anos. No período entre 2012 e 2017,
observa-se que a população ocupada entre 18 e 24 anos diminuiu 14,8%, ao passo
que o contingente com mais de 60 anos aumentou 17,6%. Em relação à
escolaridade, o contingente de ocupados com ensino fundamental incompleto
contraiu-se 17,4%. Em contrapartida, aqueles trabalhadores com ensino superior
aumentaram 26,3%. “A força de trabalho ocupada no país vem se tornando mais
idosa e mais escolarizada”, analisa Maria Andréia.

Apesar da queda da ocupação, rendimento continua crescendo

No último trimestre encerrado em abril, o salário médio
recebido apontou alta de 2,7%, alcançando o seu melhor resultado nos últimos
três anos. Segundo Maria Andréia, “entre os que se mantiveram ocupados, o
rendimento médio real vem aumentando, o que pode ser um indicativo da retomada
do consumo das famílias”.

Desemprego e crise

O contingente de trabalhadores desempregados na economia
brasileira saltou de 7,9 milhões no primeiro trimestre de 2015 – início dos
efeitos da crise sobre o mercado de trabalho – para 14,2 milhões no primeiro
trimestre de 2017, o que significa um aumento de quase 80%. Apenas nos últimos
12 meses contabilizados até abril de 2017, 2,2 milhões de brasileiros passaram
à condição de desocupados.

Além disso, a taxa de permanência no desemprego vem
aumentando. No primeiro trimestre de 2017, 48% dos trabalhadores desocupados
não conseguiram nenhuma colocação no mercado de trabalho, independentemente do
tipo de ocupação, o que significa um incremento de 0,4 p.p. em relação ao
observado no mesmo intervalo de 2016 (44%). Na comparação com o período
pré-crise, essa alta é ainda mais expressiva, tendo em vista que, no início de
2012, a proporção dos trabalhadores que se mantinham na condição de
desempregados era de 35%.

Em termos de taxa de variação percentual, no primeiro
trimestre de 2017 a taxa de desemprego brasileira registrou incremento de 27%
em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com informações do
Ipea 

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