Pesquisa aponta que dispersão de preços de produtos básicos chega a 196%

Causas são inflação disparada e alto índice do IPCA, acumulando 10,25% nos últimos 12 meses

Postado em: 14-10-2021 às 16h01
Por: Maria Paula Borges
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Causas são inflação disparada e alto índice do IPCA, acumulando 10,25% nos últimos 12 meses | Foto: Reprodução

A dispersão de preços entre mesmos produtos está aumentando devido a inflação disparada e o alto Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula 10,25% nos últimos 12 meses. Um levantamento nacional feito pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) com 13 produtos apontou diferença de até 196% entre valores quando analisados os mesmos produtos de marcas distintas. Entre itens da mesma marca a diferença de preço encontrada pela associação foi de 43% em diferentes pontos de venda.  

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, ressaltou que a inflação alta leva a maior dispersão de preços. Além disso, o economista lembra que cerca de 25% dos itens pesquisados no IPCA, exceto alimentação, estão subindo acima de 10% em 12 meses e que, provavelmente, a dispersão nos preços vai continuar.

O levantamento da Abras começou a ser feita há três meses. Em agosto, a pesquisa mostrou que um pacote de macarrão de meio quilo apresentou diferença de preço de 196%. Foram pesquisadas 18 marcas diferentes com preços variando entre R$ 1,89 e R$ 5,59. Na comparação entre a marca líder, houve variação de 43% em levantamento feito em 13 lojas no pacote com o mesmo peso, o preço inicial era de R$ 2,59 chegando até R$ 3,69.

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A diferença de preços quando analisados itens de cesta básica chegou a 3%. Um exemplo é o preço do arroz, que foram pesquisadas 32 marcas de um pacote de cinco quilos, a Abras encontrou o produto no menor preço por R$ 15,49 e o maior preço por R$ 29,90, apontando a diferença de 93%. Na marca líder de vendas, a diferença chegou a 35%, variando de R$ 17,59 até R$ 23,79.

Outro item básico da compra de brasileiros é o feijão, foram analisados pacotes de um quilo entre 22 marcas. A diferença de valores chegou a 60%, sendo o menor preço R$ 5,49 e o maior R$ 8,79. Na marca líder, a diferença variou entre R$ 6,39 e R$ 7,99, resultando em 25%. Já o café, afetado por condições climáticas, subiu 25,6% este ano, com diferença de preços chegando a 119%. Foram analisadas 15 marcas e o menor preço, quando pesquisados pacotes de meio quilo, foi R$ 7,49 e o maior R$ 16,38.

Segundo o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, para controlar as finanças é importante que o consumidor pesquise os preços antes. Ele ressalta que o consumidor vai encontrar “o produto certo no momento certo”.

Além disso, a alta de preços impacta no crescimento de vendas nos supermercados, atacarejos, hipermercados e lojas de vizinhança. Em relação a julho, em agosto as vendas foram de 2,33%, se comparado ao mesmo mês de 2020, a queda foi de 1,7%.

No acumulado do ano, entre janeiro e agosto, se comparado ao mesmo período de 2020, as vendas cresceram em 3,15%, ainda assim apontando o menor índice em 12 meses. “O aumento de preço traz impacto no consumo. Vemos as pessoas substituindo produtos, por exemplo, com os ovos ganhando espaço no segmento das proteínas. Em 2020, o consumo per capta de ovos foi de 240 por brasileiro. Hoje, até agora, já está em 250. E houve recuo no consumo de carne bovina, de cerca de 20%, entre janeiro e agosto deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado”, disse Milan.

O vice-presidente da Abras afirmou que não há expectativa de falta de produtos no final do ano por problemas de logística ou falta de insumos. A expectativa é o crescimento do consumo em supermercados de 4,5%.

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