Empreendedorismo feminino: mulheres se destacam nos negócios

A crise do novo coronavírus atingiu diversos negócios pelo Brasil, impactando especialmente os liderados por mulheres empreendedoras

Postado em: 23-10-2021 às 16h00
Por: Victoria Lacerda
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A crise do novo coronavírus atingiu diversos negócios pelo Brasil, impactando especialmente os liderados por mulheres empreendedoras | Foto: Reprodução

Um número cada vez maior de mulheres vem buscando abrir seu próprio negócio. Um levantamento feito pelo Sebrae mostrou que no ano passado cerca de 8,6 milhões de mulheres eram empreendedoras no Brasil. A pandemia impactou muitos empresários no país, mas nós sabemos que infelizmente vivemos num país machista e para mulher se destacar em várias áreas ainda é mais difícil, as tornando ainda mais fortes e destemidas em relação a não desistir de seus sonhos. A pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas mostrou que a crise do novo coronavírus atingiu especialmente os negócios liderados por mulheres empreendedoras. O estudo apontou que 52% das micro e pequenas empresas lideradas por mulheres paralisaram “de vez” ou temporariamente as atividades, e 47% entre homens do mesmo segmento.

E as diferenças não param por aí, uma vez que a proporção de empresas com dívidas em atraso também é maior entre elas: 34%, contra 31% delas. Além disso, elas ainda demonstraram usar mais a suspensão do contrato de trabalho (31%) do que eles (27%). Sem falar na dificuldade que as mulheres têm de acesso ao crédito: desde o início da pandemia, 34% delas buscaram empréstimos, enquanto 41% dos homens donos de empreendimentos fizeram o mesmo. Outras questões como o índice de demissão comparado aos negócios liderados por homens também foram apontadas, bem como dados que mostram que as mulheres (34%) têm buscado mais soluções digitais para lidar com a crise que os homens (31%).

O empreendedorismo feminino está em alta. Entre 2002 e 2012, o número de mulheres que têm a própria empresa aumentou 18%. Atualmente, são mais de 7 milhões de mulheres que tocam seus próprios empreendimentos, e a tendência é que esse número continue a crescer. Muitas dessas líderes, inclusive, são chefes de família. Em 10 anos, o número de chefes de família que empreendem aumentou 70%. Hoje, quase 4 em cada 10 donas de negócios também são chefes do lar. Com a taxa de empreendedorismo brasileiro batendo recorde nos últimos 14 anos, é possível esperar ver cada vez mais as mulheres nessa área. A tarefa, entretanto, tem alguns pontos que merecem atenção.

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“O universo corporativo ainda é bastante hostil para as mulheres, e elas ocupam poucos cargos de liderança. Temos o desafio para superar esta jornada – e estar em redes para mulheres tem um diferencial absurdo”, diz Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, criada há 11 anos para apoiar o empreendedorismo feminino no Brasil com integração, capacitação e troca de conhecimento entre mulheres que tenham ou busquem abrir o próprio negócio na live realizada pela FecomercioSP.

No caso das já empreendedoras, conforme destaca Kelly Carvalho, economista e consultora da FecomercioSP, adaptações tiveram de ser feitas, como em qualquer empresa. Elas tiveram de acelerar o processo de digitalização para não ficar fora do mercado, uma vez que a pandemia também impactou os negócios. “O que se consolidou como alternativa para as empresárias de uma forma, e que vai continuar crescendo, é a venda por meio de marketplace, um canal atrativo para expor os produtos e ter visibilidade em uma plataforma já consolidada no mercado, a um custo relativamente baixo. O empreendedorismo feminino também se destacou nas redes sociais”, diz.

Desafios Enfrentados

Em um mundo em que as meninas ainda têm o direito à educação negado em vários países, o empreendedorismo feminino continua sendo uma tarefa desafiadora. O primeiro obstáculo é a falta de oportunidades. O fato de o ramo dos negócios ainda ser predominantemente masculino faz com que muitas mulheres se sintam desencorajadas ou mesmo encontrem as portas fechadas para se tornarem donas do próprio empreendimento.

Isso gera, inclusive, o segundo desafio: a descrença quanto ao potencial. Uma visão incorreta ainda faz com que muita gente encare que uma mulher é menos capaz de ter pulso firme ou de comandar uma empresa de sucesso. Além de tudo, há a questão do tempo. Como 90% das mulheres fazem tarefas domésticas, contra apenas 40% dos homens, as empreendedoras precisam conciliar mais coisas no seu dia a dia. O cuidado com a família, com o negócio e consigo mesma gera uma dificuldade para administrar tudo isso. (Especial para O Hoje)

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