União gastou mais com campanha da nota de R$ 200 do que com propagandas de saúde

Economia de água, combate ao Aedes aegypti e da própria campanha de vacinação contra Covid-19 ficaram atrás da publicidade gasta com nova cédula, mas na frente em relação a cuidados como uso de máscara e álcool em gel

Postado em: 08-11-2021 às 18h16
Por: Carlos Nathan Sampaio
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Economia de água, combate ao Aedes aegypti e da própria campanha de vacinação contra Covid-19 ficaram atrás da publicidade gasta com nova cédula, mas na frente em relação a cuidados como uso de máscara e álcool em gel | Foto: reprodução

Nos quase dois anos marcados pela pandemia da Covid-19, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal gastou mais com a divulgação da cédula de R$ 200 do que com propagandas sobre a prevenção ao coronavírus. O levantamento, feito pelo Globo com base em pagamentos da Secom em 2020 e 2021, mostraram que a publicidade da nova cédula foi o sexto principal investimento no período, atrás de propagandas de agenda positiva, economia de água, combate ao Aedes aegypti e da própria campanha de vacinação.

O Planalto desembolsou R$ 18,8 milhões com a divulgação na nova cédula de R$ 200. Já os anúncios relativos aos cuidados que deveriam ser tomados durante a pandemia — como uso de álcool em gel e máscaras — custaram R$ 14,4 milhões. Apesar disso, a nota ‘empacou’ e só 12,7% das cédulas de R$ 200 previstas entram em circulação no Brasil, representando 1,11% de todas as notas em circulação no país, segundo o Sistema de Administração do Meio Circulante. É menos do que as notas de R$ 1 em circulação — cédula que deixou de ser produzida.

Já as propagandas que pregam a prevenção à Covid representam o nono maior gasto do período e receberam R$ 4,1 milhões a menos que a publicidade com “cuidado precoce”, para onde foram R$ 18,5 milhões de 2020 a 2021. Até o fim da semana, foram registradas cerca de 609 mil mortes causadas pela doença no país.

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Gastos

A lista de gastos da Secom, ainda de acordo com O Globo, dá outras mostras do que é prioridade para o governo. O programa Pátria Voluntária, capitaneado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, é o décimo segundo maior gasto da pasta no período. Foram R$ 8,8 milhões, praticamente o mesmo destinado para a promoção da nova Previdência (R$ 8,8 milhões) e mais que os R$ 3,2 milhões para falar da reforma tributária.

Segundo a Folha de Pernambuco, o deputado Elias Vaz (PSB), chegou a solicitar acesso ao material produzido nas campanhas, houve veiculação de publicidade em telões digitais do Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York, com frases como “The world needs to know Brazil by Brasil” (“O mundo precisa conhecer o Brasil pelo Brasil”). Houve pagamentos para cartazes em bancas de jornais em Nova York e pontos de ônibus de Londres.

“Não faz sentido o governo gastar milhões em publicidade no exterior enquanto o comportamento do presidente é péssimo para a imagem do país”, disse o deputado, que pedirá auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

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