Combustíveis, mercadorias, aluguel e energia estão sufocando os pequenos negócios

Pesquisa de Impacto da Pandemia nos Pequenos Negócios mostra dificuldades para negócios se manterem ativos

Postado em: 27-11-2021 às 14h00
Por: Augusto Sobrinho
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Pesquisa de Impacto da Pandemia nos Pequenos Negócios mostra dificuldades para negócios se manterem ativos | Foto: Reprodução

Pequenos negócios têm sido pressionados pela alta dos preços das mercadorias, os sucessivos aumentos nos combustíveis, aluguéis de imóveis mais caros e cobranças de energia elétrica cada vez mais alta. Esta realidade foi verificada através da 12ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia nos Pequenos Negócios, que é realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre o fim de agosto e o início de setembro, com mais de seis mil respondentes de todos 26 Estados e do Distrito Federal.

Segundo o levantamento, mais da metade (63%) dos microempreendedores individuais (MEI) e 61% das micro e pequenas empresas (MPE) afirmam que os gastos com insumos, mercadorias e combustíveis estão comprometendo os rendimentos dos negócios. Além disso, se estes três foram somados as despesas com gás e energia elétrica as reclamações sobem para 76% para os MEI e 77% para as MPE e, por fim, com o aluguel, o número alcança 13% dos MEI e por 15% das MPE.

Este cenário ainda pode ser mais crítico se for levado em consideração o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deste ano até agosto, pois, neste período, o preço da gasolina avançou 31,09%, enquanto o do diesel acumula alta de 28,02%, segundo o indicador dos preços que chegam as famílias brasileiras. A expectativa do setor financeiro é que o indicador fique em torno dos 8% em 2021.

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O presidente do Sebrae, Carlos Melles, afirma que esta realidade dificulta ainda mais a manutenção do pequenos negócios. “Caso essa estimativa se confirme é possível que mais empreendedores sintam esse impacto, o que dificultará ainda mais o processo de retomada dos pequenos negócios, que estão começando a se recuperar dos danos causados pela pandemia”, comenta.

Quando analisados por porte da empresa e setores, a alta dos preços das mercadorias e combustíveis exercem pesos diferentes. Apesar dos dois itens seguirem o mesmo grau de importância entre os microempreendedores individuais (MEI) e as micro e pequenas empresas, o preço dos insumos têm um impacto maior nas MPE (39%) do que entre os MEI (35%), e o preço dos combustíveis pesa mais nos microempreendedores individuais (28%) do que nas micro e pequenas (22%).

A mesma diferença acontece entre homens e mulheres. Para 32% dos homens, os gastos com combustíveis têm maior peso, contra 17% das mulheres. Já entre as empreendedoras, o que mais pressiona são os gastos com insumos e mercadorias: 41% delas indicaram esse quesito, enquanto apenas 34% dos homens escolheram essas mesmas opções.

“Esse resultado é reflexo de muitas atividades que existem mais em determinados portes e perfis, como por exemplo, motoristas e entregadores de aplicativos, que são na maioria das vezes microempreendedores individuais, homens e que dependem do combustível para trabalhar. Assim como as indústrias, que geralmente são micro ou pequenas empresas e dependem mais de matéria-prima”, analisa o presidente do Sebrae.

De acordo com a 12ª edição da pesquisa de Impacto, para 62% das Indústria o custo das mercadorias é o que tem mais peso, seguido pelo Comércio (49%), Agropecuária (47%), Construção Civil (36%) e Serviços (25%). Já quando o assunto é combustível, ele pesa mais nos empreendimentos da Construção Civil (41%), Agronegócio (34%), Serviços (32%), Comércio (18%) e Indústria (14%).

Apesar desta difícil realidade, o relatório produzido pelo Sebrae, pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ) e a Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2020 aponta que o empreendedorismo ainda se mantém como possibilidade para superar a pandemia. “A pesquisa fez uma estimativa de que 50 milhões de brasileiros ainda não empreenderam e querem abrir um negócio. Desse total, 1/3 teria sido motivado pela pandemia”, afirmou Carlos Melles.

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