Subocupado atinge trabalhadores com ensino médio e superior

Levantamento da consultoria IDados aponta que 38% são formados no ensino médio e 14% no ensino superior

Postado em: 04-12-2021 às 14h00
Por: Maria Paula Borges
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Levantamento da consultoria IDados aponta que 38% são formados no ensino médio e 14% no ensino superior | Foto: Reprodução

A coletividade de trabalhadores subocupados no Brasil está cada vez mais escolarizado sendo que, atualmente, mais da metade dos brasileiros que pertencem a esse grupo têm ensino médio completo ou até mesmo concluíram o ensino superior. Pessoas em condição de subocupado são aquelas que desejam encontrar uma ocupação alternativa à que possui e nela se engajar, ou seja, que já trabalham, mas gostariam de mais ocupação durante a semana.

De acordo com um levantamento da consultoria IDados, 38% dos subocupados no Brasil se formaram no ensino médio, e 14% no ensino superior. Os números apurados pelo levantamento são baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do segundo trimestre de 2021.

Anteriormente, em contexto histórico, a liderança de contingentes subocupados pertencia a trabalhadores considerados menos qualificados, isto é, com ensino fundamental incompleto. Entretanto, os brasileiros com mais anos de escolaridade passaram a ocupar o espaço. Se considerado o segundo trimestre de 2016, a soma desse grupo entre trabalhadores que completaram o ensino médio e superior era de 42%.

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Segundo a pesquisadora do IDados, Mariana Leite, esse movimento pode ser explicado por dois fatores. O primeiro deles é que os trabalhadores se mantiveram ocupados mesmo diante das crises econômicas, mas com jornadas reduzidas. O segundo é a volta ao mercado de trabalho que tem ocorrido em ocupações de carga horária inferiores. “Esse movimento pode ter acontecido por dois fatores. Primeiro, quem se manteve no mercado teve a carga horária de trabalho reduzida. Então, o empregador ou até a pessoa que atua como conta própria diminuiu o número de horas trabalhadas. Ou pode ser que os trabalhadores que estão reentrando no mercado estejam em ocupações de carga horária mais baixa”, afirma Mariana.

Quando analisada a prática, o crescimento da condição desse grupo entre mais escolaridades revela a incapacidade do país de se beneficiar da mão de obra da população que, segundo Mariana, é ruim do ponto de vista de produtividade. De acordo com ela, vários trabalhadores não conseguem desenvolver o maior potencial.

Número recorde

Atualmente, no Brasil há um número recorde de trabalhadores subocupados, com 7,5 milhões de pessoas nessa condição. Com isso, o mercado de trabalho brasileiro tem sido afetado diretamente pelas sucessivas crises econômicas.

O impacto no mercado de trabalho acontece em decorrência da não recuperação completa do estrago causado pela recessão enfrentada entre 2014 e 2016, além da nova crise provocada pela pandemia da Covid-19.

O primeiro trimestre de 2021 contou com uma taxa de desemprego chegando a 14,7%. Já os números mais recentres apontam para uma melhora lenta, por exemplo no segundo trimestre a desocupação recuou a 14,1%, e no dado mais recente, de agosto, foi a 13,2%.

“Estamos num momento de recuperação no mercado de trabalho, com aumento do número de ocupadas. São pessoas conseguindo algum tipo de recolocação nesse momento de regularização da crise sanitária, mas muita gente se recoloca e aceita ganhar menos”, afirma o economista da consultoria LCA, Cosmo Donato.

Retomada

Se analisado um possível contexto futuro de lenta retomada na atividade econômica brasileira, especialistas não tem muita expectativa de melhora do mercado, podendo levar a uma queda na coletividade de trabalhadores subocupados. As projeções da consultoria LCA apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 4,5% ainda em 2021, e apenas 1% em 2022. Além disso, segundo Donato, a previsão para a taxa média de desemprego é de 13,2%, em 2021, e 11,7%, em 2022. “O Brasil vai crescer pouco (no próximo ano) e esse contingente que conseguiu se colocar no mercado de trabalho depende de uma recuperação mais efetiva para ter uma melhora na renda. A subocupação pode se tornar um movimento mais persistente”, afirma.

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