Adaptação de aplicativos móveis para pessoas com deficiência

É necessário levar em consideração que aproximadamente 1 em cada 4 usuários no Brasil pode não ter o mesmo grau de acessibilidade

Postado em: 11-12-2021 às 13h00
Por: Augusto Sobrinho
Imagem Ilustrando a Notícia: Adaptação de aplicativos móveis para pessoas com deficiência
É necessário levar em consideração que aproximadamente 1 em cada 4 usuários no Brasil pode não ter o mesmo grau de acessibilidade | Foto: Reprodução

As pessoas com deficiência representam 15% da população mundial. Só no Brasil, de acordo com dados do último censo realizado pelo IBGE (2010), são cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência (¼ da população), sendo 12 milhões com grande ou total deficiência. Entretanto, ainda assim, muitas empresas ignoram a importância da acessibilidade no desenvolvimento de seus aplicativos móveis. Com isso, deixam de ser inclusivas e ainda perdem receitas.

Segundo Carolina Ignarra, cadeirante e sócia fundadora da Talento Incluir, empresa especializada na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, essa parcela importante da população vem aumentando seu poder de consumo porque está cada vez mais conquistando espaço no mercado de trabalho graças às iniciativas de inclusão e Lei de Cotas. A Lei Federal nº 8.213/1991 trata da obrigatoriedade da contratação de pessoas com deficiência ou reabilitadas em empresas com 100 ou mais empregados, sendo: até 200 empregados, cota de 2%; de 201 a 500 empregados, cota de 3%; de 501 a 1000 empregados, cota de 4% e de 1001 em diante empregados, cota de 5%.

Um estudo da Accenture (2018) aponta que esses consumidores têm potencial de consumo estimado em R﹩ 22 bilhões ao ano. “Entretanto, o poder de compra do consumidor com deficiência ainda é subestimado pelo comércio em geral. As barreiras para o consumo são inúmeras. A acessibilidade para as compras, por exemplo, ainda não evoluiu o suficiente”, afirma Carolina. Fato também destacado pelo Head de Design, Marcelo Mazzini Coelho Teixeira, da Keeggo, empresa que cria recursos de assistência para que as pessoas com deficiência possam se beneficiar da tecnologia moderna em todo o seu potencial.

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“A maior parte das empresas encara a acessibilidade apenas como regulação, uma obrigação legal. Se levarmos em consideração os dados do recorte feito no público PCD a partir de 2019, as empresas estão perdendo um mercado em potencial, estimado em 80 bilhões por ano, quando deixam de desenvolver aplicativos acessíveis a esse público”, destaca Marcelo.

Além disso, ele ressalta que as empresas podem expandir sua base de usuários sendo mais inclusivas. “Do ponto de vista dos negócios, faz todo o sentido tentar alcançar esses milhões de usuários adicionais. Além disso, as instituições governamentais estão sendo mais rígidas com a aplicação das leis e regulamentos que exigem acesso igual para todos. É um caminho sem volta e isso é muito positivo para a sociedade”.

Maior funcionalidade na navegação e nas relações

Os aplicativos móveis desempenham um papel importante no cotidiano das pessoas e também na relação das empresas com seus públicos. Por isso, ao desenvolver um app, é necessário levar em consideração que aproximadamente 1 em cada 4 usuários no Brasil pode não ter o mesmo grau de acessibilidade. “Chamamos a atenção dos desenvolvedores para a necessidade de criar aplicativos mais funcionais para usuários com deficiência e melhorar os já existentes no mercado em função de necessidades específicas”, relata Mazzini.

O pesquisador Jefté de Assumpção lembra que os conceitos básicos de acessibilidade se aplicam a todas as plataformas móveis. “A interface do usuário e as opções de design devem tornar o produto final acessível a todos. Os recursos para atender essa demanda são abundantes e evoluíram muito nos últimos anos. Com a acessibilidade em mente, é possível melhorar drasticamente a experiência do usuário, além de maximizar a receita das empresas que investem para atender esse público”.

O pesquisador aponta que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a acessibilidade seja uma realidade mais concreta, quando se trata de tecnologia móvel. “Ainda temos um longo caminho a percorrer para alcançar grandes mudanças na maneira como as pessoas percebem a acessibilidade e incorporou recursos de assistência para que as pessoas com deficiência possam se beneficiar da tecnologia moderna em todo o seu potencial.”

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