Vegetarianismo cresce no Brasil e cria oportunidades de negócios

Sem carne e com lucro: mudança nos hábitos alimentares impulsiona uma revolução vegana

Postado em: 11-12-2021 às 14h00
Por: Victoria Lacerda
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Sem carne e com lucro: mudança nos hábitos alimentares impulsiona uma revolução vegana | Foto: Reprodução

Antigamente era bastante incomum encontrar pessoas vegetarianas. Hoje em dia, entretanto, esse cenário tem mudado bastante, pois esse público vem crescendo com o passar dos anos. Oferecer um cardápio vegetariano pode demonstrar atenção com esse grupo de pessoas, além de trazer benefícios para o restaurante. Uma pesquisa de 2018, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) ao Ibope, mostra que 14% dos brasileiros se consideram vegetarianos e estavam dispostos a escolher mais produtos veganos (entenda a diferença) também. Especialistas e pessoas que adotam esse tipo de dieta reforçam que a alimentação sem carne acaba influenciando diretamente na qualidade de vida. Mas existem ainda diferentes categorias de vegetarianos:

  • Ovolactovegetarianos: Não consomem carne, mas consomem ovos, laticínios e derivados (iogurtes, queijos, leite, etc.)
  • Lactovegetarianos: Além das carnes, não consomem também ovos, mas consomem laticínios e derivados.
  • Vegetarianos restritos: Além de não consumirem a carne, não consomem ovos, nem laticínios, nem derivados.

Um estudo realizado pela American Heart Association aponta que o consumo de dietas à base de plantas é atrelada à redução do risco de doenças cardiovasculares e da mortalidade, em geral. Outra pesquisa, realizada pela Harvard Medical School, afirmou que deixar o consumo de carne pode prevenir cerca de um terço das mortes prematuras. A consideração pelos animais, a preocupação com o meio ambiente e os cuidados da saúde fazem do veganismo uma tendência mundial. Para termos uma ideia, a estimativa é de que o mercado de alimentos veganos conquiste, até 2027, o patamar de US$74,2 bilhões. Isso revela uma grande oportunidade para os negócios em alimentação nos próximos anos.

No Brasil, dados do Ibope Inteligência, em pesquisa realizada em abril do ano passado, indicam que a porcentagem que se identifica com o vegetarianismo atingiu 14% da população. Tratam-se de 30 milhões de pessoas. É o equivalente a três vezes o número de habitantes de Portugal ou a metade da Itália. Há apenas cinco anos, a porcentagem de vegetarianos brasileiros estava em 9%. Ou seja, o mercado de clientes que desejam evitar produtos de origem animal atingiu um tamanho que não pode mais ser desprezado por nenhuma gigante do consumo. Há exemplos por todos os lados: McDonald’s, Burger King, BRF, Nestlé, JBS, Tyson Foods e Danone aderiram à onda veggie com produtos, investimentos e projetos em desenvolvimento.

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Nos últimos cinco anos, segundo dados do Ministério da Economia, o número de empresários do ramo de alimentação para consumo domiciliar cresceu expressivamente no país, passando de 102,1 mil (2014) para 239,8 mil (2019), o que representa um crescimento de 134%. A explicação para esse salto está principalmente na atividade dos Microempreendedores Individuais, que representavam 91,6% do total de empresários desse segmento em 2014 e que, no ano passado, passaram a responder por cerca de 94% (225,6 mil) do universo de empreendedores registrados. O mercado voltado especificamente para esse público também vem sendo mais explorado. Vanda Almeida é de São Paulo e criou o “marmitinhas da vandinha” em 2018, com marmitas autorais, com diferentes sabores. “Os cardápios que a gente faz são semanais e respeitam a sazonalidade dos produtos. Além disso, as frutas e as hortaliças usadas nos preparos vêm direto dos pequenos produtores locais e orgânicos da região”, destacou Vanda.

De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país ocupa o 5º lugar no ranking mundial, com um consumo per capita médio de 78 kg por ano. Uma pesquisa inédita feita pelo Ibope e encomendada pelo Good Food Institute Brasil, no entanto, revelou que quase metade (47%) dos brasileiros reduziram o consumo de carne em 2020.

Vale lembrar que a pesquisa pelo termo “vegano” no Google cresceu quase 1000% nos últimos cinco anos, segundo um estudo divulgado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) sobre o movimento vegano. O aumento no número de adeptos tem impactado também o mercado, que cresce 40% ao ano.

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