Quinta-feira, 28 de março de 2024

LGBTQIA+ falam sobre expectativas para empreender em 2022

Para este nicho de empresários os desafios são ainda maiores, principalmente para os transsexuais

Postado em: 18-12-2021 às 13h00
Por: Carlos Nathan Sampaio
Imagem Ilustrando a Notícia: LGBTQIA+ falam sobre expectativas para empreender em 2022
Para este nicho de empresários os desafios são ainda maiores, principalmente para os transsexuais | Foto: Reprodução

Uma pesquisa recente publicada pelo Observatório sobre Empregabilidade LGBTQIA+ sobre empreendedorismo apontou que 82% dos entrevistados acreditam que ainda falta muito para que as empresas acolham este público e, de fato, somente 32% se sentem acolhidos nas empresas para as quais trabalham atualmente ou que já trabalharam anteriormente.

A pesquisa aponta, ainda, dificuldades vividas pelo público LGBTQIA+ no ambiente de trabalho e mostra as necessidades de mudança e caminhos para uma maior inclusão. Já o estudo anual “Getting to Equal”, mostrou que 79% do público LGBTQIA+ não se sente confortável para falar sobre sua sexualidade no ambiente de trabalho. A mesma pesquisa revela que 71% desses empregados consideram importante ver pessoas como ela em cargos de liderança dentro da empresa.

Mas há, também, empreendedores dentro deste nicho que são donos do próprio negócio, inclusive em Goiânia, e que falam sobre como é cuidar da própria marca. É o caso dos empresários e proprietários da Squad For Men, Diego Antonio de Oliveira Silva, de 30 anos, e Vanderlan Dias Almeida Junior, de 26 anos. O negócio deles é focado em vestuário masculino e completou um ano recentemente.

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 “A ideia veio com uma brincadeira de “vender a arte na praia” com o sonho de morar no litoral, cogitei a ideia de iniciar no ramo de moda praia, mas a princípio veio a ideia da área feminina, onde eu aprenderia a eu mesmo ser a mão de obra”, contou Vanderlan.

Já Diego lembrou que, para ele, tudo começou no carnaval de 2020 quando, junto de um grupo de amigos decidiu ter sungas exclusivas para usarem no Rio de Janeiro. “Dessa iniciativa pensei em dar continuidade, mas meu emprego da época me prendeu um pouco. Em agosto de 2020 o Vanderlan saiu do local onde ele trabalhava na época e quis dar seguimento no plano e me procurou para nos unirmos nessa ideia. Na semana seguinte começamos a preparar tudo, tecido, etiqueta, tag, desde então isso se tornou uma grande realização, nossos amigos e seguidores compraram a ideia e nos incentivaram a crescer”, explicou.

Sobre o ramo de empreender sendo LGBTQIA+, eles afirmam que o fato que ajuda é o público também ser esse público. “Nosso produto, digamos, que é 98% para o público LGBTQIA+, nosso público alvo é o público gay e a comunidade realmente nos incentiva a querer mais e agradecemos todos que estão nesse ‘esquadrão’”, contaram. Para eles, a meta para o próximo ano é continuar trabalhando e levando um produto de qualidade para nossos consumidores.

“Em 2021 conseguimos registrar o CNPJ e já estamos em processo de patente de marca. 2022 vamos honrar nosso nome. Estamos em total crescimento constante e queremos arriscar mais e estamos levando nossa marca para todo o Brasil, expandir para o mundo”, reforçaram Diego e Vanderlan.

Outra empreendedora, a também educadora física Vanessa Pelegrini, que trabalha com aulas de musculação, ioga e treinamento funcional, destaca que em sua área não vê dificuldade em empreender por ser LGBTQIA+. “A Educação Física é muito livre e aberta com as questões corporais e acho que a aceitação dos profissionais é maior do que em outras áreas, mas eu acredito que em outras áreas mais conservadoras existe sim uma dificuldade dos lgbt empreenderem, conheço muitos que inclusive tem de esconder a orientação sexual no trabalho”, reforçou.

Vanessa que, com a pandemia dá aulas via internet e atende alunos em espaços abertos, como praças e, atualmente, em um espaço privado cedido por um de seus alunos, afirmou também que as expectativas para 2022 são as melhores. “Minhas expectativas para 2022 são as melhores possíveis, a cada dia mais as pessoas se interessam pelo cuidado com a saúde e isso é muito bom pra mim”, confirmou.

Dificuldades

As histórias de empreendedorismo LGBTQIA+, mesmo que tragam conquistas positivas, após desafios e obstáculos, nem sempre é justa com todos. Vale lembrar que pessoas que fazem parte da comunidade como os transexuais, ainda enfrentam muitos outros problemas do que os já normalmente existentes para quem empreende. A situação, infelizmente, não pode nem ser tratada com dados oficiais porque não há nenhuma pesquisa efetiva que fale de empreendedorismo envolvendo pessoas trans.

Uma pessoa trans que trabalha com mídias sociais e que não quis se identificar fez uma denúncia exemplificando a dificuldade em empreender sendo a pessoa que é. “Para empreender, infelizmente não basta apenas ter dinheiro, ser esforçade, disciplinade e ter talento, pois no fim, não há visibilidade, respeito e acabamos sofrendo muito preconceito por ser quem somos, o que dificulta e muito nossa caminhada no mundo do empreendedorismo”, relatou.

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