Instabilidade do dólar gera receio em investidores globais

Moeda norte-americana caiu 0,11% na terça-feira (28) e Bolsa de Valores sofreu queda de 0,76%

Postado em: 01-01-2022 às 16h00
Por: Maria Paula Borges
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Moeda norte-americana caiu 0,11% na terça-feira (28) e Bolsa de Valores sofreu queda de 0,76% | Foto: Reproduçao

O dólar comercial e a Bolsa de Valores operam em queda na manhã desta terça-feira (28/12). Conforme os investidores locais avaliavam as perspectivas da saúde fiscal do Brasil, a moeda norte-americana caía 0,11%, vendida a R$ 5,633, por volta de 12h, no horário de Brasília. Além disso, no mesmo horário, o Índice de Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), principal índice brasileiro, caía 0,76%, atingindo 104.753,00 pontos.

O Ibovespa sofreu queda mesmo diante a manutenção de humor favorável aos ativos de risco no exterior, com os índices futuros de ações atingindo máximas históricas nos Estados Unidos (EUA). Já no Brasil, o mercado ainda está se recuperando dos problemas econômicos de 2021, sendo eles o desemprego e estatísticas mensais de crédito, além da alta inflação, enquanto segue atento aos desenrolares da pauta fiscal. 

Os receios fiscais são constantemente monitorados por agentes locais, que analisam a situação dos auditores da Receita Federal, que entregaram os seus cargos em ato contra cortes orçamentários. 

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De acordo com o economista da Guide Investimentos, Victor Guglielmi, a greve dos funcionários da Receita Federal, assim como as negociações em torno de reajustes do funcionalismo público, “deve sustentar cautela no início de 2022”. No mercado econômico existem temores a respeito de despesas adicionais no próximo ano.

Os temores surgiram após o governo ter conseguido alterar a regra do teto de gastos para abrir o espaço fiscal necessário para financiar o Auxílio Brasil, responsável por ajudar à população financeiramente com o valor de R$ 400 por família, por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O fato gerou entre parte dos mercados a percepção de que as regras fiscais brasileiras poderiam sofrer mais alterações para comportar mais gastos. 

As alterações em questão diminuiriam a confiança de investidores no Brasil, segundo o blog Dan Kawa, da CIO da TAG Investimentos. “A pressão por reajustes salariais e mais gastos públicos segue intensa – e assim deve continuar – mantendo um pano de fundo de incerteza e fragilidade”.

Na última segunda-feira (27/12), o dólar comercial fechou o dia com desvalorização de 0,42%, sendo vendido a R$ 5,639, e a Bolsa de Valores fechou com valorização de 0,63%, a 105.554,398 pontos. Vale lembrar que, para aqueles que desejam viajar para o exterior e precisam comprar a moeda em corretoras de câmbio, o valor é mais alto, uma vez que o dólar analisado é o dólar comercial. 

Entretanto, ainda na segunda-feira, o dólar chegou a atingir a marca de R$ 5,7062. O cenário parcial de dezembro já acumula alta de 0,03% e, se analisado o ano de 2021 inteiro, o avanço é de 8,70%. 

Receios

Diante do cenário atual de uma nova onda da pandemia da Covid-19, investidores do exterior estão receosos sobre a nova variante Ômicron. Além disso, investidores globais se preocupam com os riscos de inflação mais alta e, consequentemente, com o aperto acelerado das políticas monetárias. 

No Brasil, os economistas do mercado financeiro reduziram novamente a estimativa de inflação para 2021 e fizeram uma previsão de alta menor do Produto Interno Bruto (PIB) no país neste ano. Com isso, a projeção para a inflação do ano recuou de 10,04% para 10,02%. 

Dessa forma, segundo o boletim da Focus do Banco Central, para 2022, a estimativa de 5,03% foi mantida. Em relação ao PIB, a previsão de alta neste não passou de 4,58% para 4,51%, sofrendo queda de 0,07%. Já em 2022, foi reduzida de 0,50% para 0,42%, sofrendo queda de 0,08%.

Além disso, os economistas mantiveram ainda em 11,50% ao ano a expectativa para a taxa básica em juros para o fim do ano que vem. Atualmente, a Selic, taxa básica de juros da economia e principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação, está em 9,25% ao ano, sendo este o maior patamar em mais de quatro anos.

Em relação a taxa de câmbio para o fim de 2021, a projeção subiu de R$ 5,60 para R$ 5,63 e, para o fim de 2022, avançou de R$ 5,57 para R$ 5,60 por dólar. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o índice que mede a confiança da indústria sofreu queda pelo quinto mês consecutivo, para o menor nível desde agosto de 2020. 

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