A geração que quer transformar hobby em negócio

Crise econômica, busca por autonomia e horários alternativos, além de salários ambiciosos são razões que levam os jovens a empreenderem

Postado em: 08-01-2022 às 12h00
Por: Fernanda Santos
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Crise econômica, busca por autonomia e horários alternativos, além de salários ambiciosos são razões que levam os jovens a empreenderem | Foto: Reprodução

A geração Y é bem diferente das anteriores. Ao contrário dos pais e avós, eles nasceram junto com os grandes adventos tecnológicos e a popularização da internet. Em contraposição daqueles que chegaram antes, os millenials não brincaram com brinquedos artesanais e improvisados. Eles cresceram de frente para o computador, jogaram videogames e tiveram aparelhos celulares muito cedo. Uma carreira de sucesso, para quem é da geração Y, definitivamente não é a mesma coisa que foi para seus pais. 

Passar décadas em uma mesma empresa, almejar uma promoção e um aumento de salário, cumprir horários rígidos. Essa cadeia de eventos simplesmente não se encaixa mais nos sonhos das novas gerações. Os millenials possuem mais qualificação acadêmica, ambicionam salários altos com mais rapidez e enjoam de rotinas repetitivas. Eles possuem múltiplas habilidades profissionais e estão prontos para usá-las no mercado de trabalho em seu favor.

Isso não quer dizer que o mundo tem sido menos duro para essa nova geração. Com tanta gente capacitada, é preciso esforço redobrado para ser um profissional diferenciado. Por conta das dificuldades do mercado de trabalho, eles acabam tendo que improvisar. E, por improvisar, acaba surgindo a oportunidade de empreender. Mas quando eles estão preparados para se mostrar na internet, têm ainda mais chance de sobreviver no capitalismo voraz.

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Heloisa Medina, de 30 anos, é a cara do empreendedorismo atual. Designer de interiores, ela conta que morou durante alguns anos no Rio de Janeiro e, quando retornou à Goiânia, ficou bastante perdida em relação ao mercado de trabalho. “Trabalhei em alguns locais, mas sempre ficava frustrada com o ‘horário comercial’. Entre aspas mesmo, porque nunca é só nesse período [que eu trabalhava], às vezes ultrapassava”, lembra.

“Resolvi começar do zero, fazer um novo curso”, relata a jovem, que havia ingressado anteriormente na faculdade de Publicidade e Prograganda, mas nunca concluiu. “Com o apoio da minha família, escolhi o curso de Design de Interiores, que me interessava e que, inclusive, foi minha primeira escolha do vestibular anterior”, diz. Heloisa afirma que optou uma universidade mais próxima de sua casa. “Já tinha ouvido falar bem da instituição e foi uma surpresa, pois o local é voltado para o empreendedorismo”, relata ao jornal O Hoje.

Empreendedorismo feminino

A ascensão do empreendedorismo, especialmente o feminino, tem muitos motivos. Desde o alto nível de qualificação profissional das mulheres, os baixos salários oferecidos nas empresas, a crise econômica mundial, mães e filhas assumindo posições de liderança e independência dentro de casa. “Uma dica para mulheres que querem empreender é ter uma noção de marketing e principalmente plano de negócio, o plano de negócio vai auxiliar a gerir sua empresa, independentemente do tamanho dela. Alguns amigos já me indicaram fazer cursos no Sebrae sobre financeiro e administrativo, que são essenciais e, às vezes, não temos nenhuma noção”, observa.

Heloisa explica que a própria faculdade a instigou a ser empreendedora. “Assim que finalizei o curso tentei procurar emprego pelo medo de ser autônoma, mas acabou que, enquanto isso, eu ia fazendo projetos e me tornei empreendedora naturalmente.”

Mas nem tudo são flores e ser seu próprio patrão vem com muitos desafios. “É meu primeiro negócio e tem sido bastante desafiador. Além dos perrengues burocráticos, que ninguém imagina, a captação de cliente, no começo, é bem difícil”, desabafa. “Meu primeiro cliente foi um grande amigo artista goianiense. Iniciamos o projeto pouco antes da pandemia, o que foi complicado. Mas com muito jogo de cintura e ideias mirabolantes conseguimos iniciar a obra. A partir daí, outros clientes foram surgindo por indicações”, lembra.

Para a designer de interiores, a internet tem papel fundamental para a manutenção de seu negócio. “Principalmente o Instagram, que é uma ferramenta bem útil nos dias atuais”, opina. No entanto, ela conta que não é fácil gerenciar a carreira e as redes sociais simultaneamente. “Não consigo postar com tanta frequência, já que o tempo é bastante corrido”, diz.

Se antigamente os trabalhadores precisavam se especializar em etapas do processo produtivo, hoje o sistema é outro. É preciso saber muito além da própria área para conseguir se destacar.

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