E-commerce supera vendas do comércio físico durante pandemia, aponta estudo

Shoppings tiveram perda de aproximadamente R$ 35 bilhões para o comércio eletrônico

Postado em: 29-01-2022 às 13h00
Por: Igor Afonso
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Shoppings tiveram perda de aproximadamente R$ 35 bilhões para o comércio eletrônico | Foto: Reprodução

Com um empurrão da pandemia de covid-19 e antes do previsto, as vendas do comércio eletrônico superaram as dos shoppings centers no Brasil. De acordo com um estudo da gestora Canuma Capital, no ano passado, as vendas online atingiram R$ 260 bilhões, um avanço de R$ 160 bilhões em relação ao registrado em 2019, antes da pandemia.

Entretanto, os shoppings faturaram aproximadamente R$ 190 bilhões em 2019 e a previsão é que tenham fechado 2021 em R$ 175 bilhões, considerando as mesmas lojas, conforme o estudo. neste sentido, a empresária goiana Lúcia Guimarães confirma os dados e explica como seu empreendimento sobreviveu aos meses de fechamento do comércio.

“Eu estava pronta para abrir minha segunda loja de roupas aqui em Goiânia e a pandemia chegou. Acabei não só tendo que cancelar essa inauguração, quanto tive que fechar a primeira loja. Na época, eu decidi investir no comércio virtual para não ficar parada, mas acabei percebendo que minhas vendas eram maiores virtualmente do que presencialmente”, conta.

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A empresária ressalta ainda que acabou investindo em um site e uma página nas redes sociais, enquanto a segunda loja ficou fora dos planos. “Com as vendas a todo vapor de maneira virtual, não tinha motivos para abrir outra loja física. Decidi investir no virtual mesmo”, finaliza.

Segundo a gestora da Canuma Digital, os dados não mostram, contudo, uma tendência de perda da relevância dos shoppings no varejo brasileiro – há cerca de 600 unidades em operação no país. com isso, traz à tona o desafio de consolidar ainda mais essa digitalização das vendas, um processo já em andamento.

O presidente da Associação Brasileira de Shoppings centers (Abrasce), Glauco Humai, diz ver com neutralidade o avanço do e-commerce, mas acredita que não é possível dizer o quanto das vendas online partiram da própria estrutura dos shoppings, seja uma venda feita por WhatsApp ou pela própria plataforma digital do varejista.

Fora isso, em muitas das ocasiões, as lojas físicas também funcionam como uma vitrine para os produtos e fazem parte, assim, da jornada da venda, defende Glauco. O estudo mostra que os shoppings tiveram uma perda de cerca de R$ 35 bilhões para o comércio eletrônico e, além disso, os centros de compras também perderam mais R$ 15 bilhões diretamente na área de serviços, com um menor fluxo nas áreas de alimentação e cinemas, por exemplo.

Porém, apesar de ter tirado uma parcela das vendas antes realizadas nos shoppings, o maior ganho do comércio virtual veio mesmo do comércio de rua, ainda de acordo com o estudo. Em relação à participação no varejo restrito, que não inclui as vendas de veículos e de material de construção, o e-commerce tinha uma fatia total de 6,8% em 2019, e essa fatia saltou para 12,7% em 2021.

Retomada 

Com a reabertura total dos comércios,a expectativa dos lojistas e comerciantes é de que as vendas voltem a estar no mesmo nível em que estavam antes da pandemia ou melhor. É o que afirma a lojista Cinthia Cruz, que já enxerga esse retorno.

“Eu trabalho nesta loja desde 2018 e antes da pandemia, as vendas estavam em um certo patamar. Acompanhei toda a dificuldade que foi durante o período de fechamento e agora, acompanhando essa retomada do comércio, eu percebo uma grande diferença. A vida está retomando o rumo, as pessoas estão saindo de casa, indo em eventos e festas, e no meu caso, que trabalho com roupas e calçados, percebo que essa galera já retomou também os hábitos de compras”, explica.

Cinthia pontua que durante as festas de fim de ano, pela primeira vez desde o início da pandemia, os resultados nas vendas foram surpreendentes. “Eu atribuo isso muito ao avanço da vacinação. Uma vez que as pessoas já se sentem seguras para saírem de casa ou presentear alguém, as vendas aumentam. Neste natal, por exemplo, as vendas foram tão boas que tivemos que renovar o estoque duas vezes. As vendas em todo o mês de dezembro, ultrapassaram as nossas expectativas. Eu fico muito feliz porque agora vejo que estamos voltando ao rumo certo”, finaliza.

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