Entenda como o cenário político e econômico devem influenciar os investimentos no Brasil

Organizações investirão em transformação digital, capacitação profissional e melhoria das operações

Postado em: 05-02-2022 às 14h00
Por: Augusto Sobrinho
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Organizações investirão em transformação digital, capacitação profissional e melhoria das operações | Foto: Reprodução

Prestes a completar dois anos, a pandemia de Covid-19 impôs mudanças profundas à sociedade e segue apresentando incertezas ao mundo todo, inclusive às organizações dos mais diversos setores de atuação e países. Com o surgimento e crescimento exponencial de uma nova variante do vírus, os impactos na economia global e uma eleição presidencial se aproximando no Brasil, seria possível supor um cenário de maior austeridade de gastos e retração de investimentos por parte das corporações em 2022.

No entanto, de acordo com a edição deste ano da pesquisa “Agenda”, da Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, o empresariado brasileiro planeja manter ou aumentar o investimento e a produtividade, por meio de aportes em tecnologia e capacitação, além de esperar o crescimento de suas receitas em 2022. As medidas são respostas à transformação digital que se intensificou no período recente e são fundamentais para a sustentabilidade dos negócios neste momento de incertezas econômicas, sociais e políticas.

A evolução do processo eleitoral deste ano, aliás, é a maior preocupação para o ambiente de negócios, de acordo com as cerca de 500 empresas participantes da pesquisa, que, juntas, somam receitas estimadas em R$ 2,9 trilhões, o que equivale a cerca de 35% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Em relação à expectativa para a economia, a maioria dos entrevistados (59%) aposta em estabilidade ou queda do PIB, enquanto 41% esperam crescimento do indicador.

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“Mesmo com incertezas no ambiente de negócios, as organizações continuarão investindo em transformação digital, capacitação profissional e melhoria contínua de suas operações. Somente assim elas vão se manter competitivas em um contexto de mudanças tão relevantes como o atual. A ´Agenda 2022´ revela que, apesar de a maioria dos empresários não estar otimista com os rumos da economia, há uma consciência clara do dever de casa a ser feito. Em cenários mais voláteis, a resposta das organizações sempre requer planejamento e pragmatismo”, destaca João Gumiero, sócio-líder de Market Development da Deloitte.

Empresas vão aumentar ou manter investimentos em tecnologia

A pesquisa “Agenda 2022” revela que os principais investimentos em tecnologia, de acordo com os entrevistados, serão em aplicativos, sistemas e ferramentas de gestão (96%); infraestrutura (96%); gestão de dados (95%); segurança digital (95%); customer marketing (81%); atendimento ao consumidor (78%); e canais de venda online (71%). As tecnologias emergentes também ganham cada vez mais espaço nas empresas, no processo de consolidação da transformação na Indústria 4.0. Entre os investimentos nessas tecnologias emergentes, estão robôs móveis autônomos (AMR) (39%), digitalizações do parque fabril (34%) e realidade virtual/aumentada e drones (29%).

Qualificação profissional e demanda por educação são preocupações

A pesquisa revela que mais da metade das empresas (53%) pretende aumentar o quadro de funcionários, enquanto 18% preveem a manutenção do quadro atual sem substituições; 24% devem manter o quadro com algumas substituições; e apenas 5% devem diminuir o número de profissionais. Entre aqueles que devem diminuir e/ou substituir funcionários, 56% deles devem fazer as substituições por profissionais mais qualificados; 30% diminuirão para reduzir custos, 28% por causa da robotização ou automação de processos, enquanto 18% alegam a diminuição da demanda.

Cenário político, econômico e nova onda de Covid-19 preocupam

Quando questionados sobre quais são as principais preocupações para o ambiente de negócios no Brasil, a maioria dos entrevistados (68%) apontou a evolução do processo eleitoral que culmina nos pleitos de outubro. Instabilidades políticas (65%), inflação acima de 5% (61%) e alta dos juros (50%) foram outras preocupações apontadas em respostas múltiplas. Com o mundo vivendo uma escalada de novos casos diários de Covid-19, praticamente metade dos pesquisados (47%) apontou a nova onda da Covid-19 como preocupação. A desvalorização do real (43%), riscos fiscais (40%) e crises hídrica e energética (34%) também foram mencionadas pelos respondentes. Apesar dessas preocupações, 21% dos entrevistados ainda esperam crescimento das vendas maior do que 20%; já a taxa média de crescimento de vendas esperada pelas organizações é de 10,2%. Apenas 6% dos participantes esperam queda nas vendas.

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