Queda da produção industrial ocorre em 6 dos 14 locais pesquisados, diz IBGE

Dados indicam que a queda mais intensa se deu em São Paulo, o maior parque fabril do país

Postado em: 10-10-2017 às 10h40
Por: Lucas de Godoi
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Dados indicam que a queda mais intensa se deu em São Paulo, o maior parque fabril do país

A queda de 0,8% na produção industrial brasileira em agosto,
em relação a julho, na série livre de influências sazonais, reflete retrações
em apenas seis dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).

Os dados constam da Pesquisa Industrial Mensal – Produção
Física Regional, divulgados hoje (10), no Rio de Janeiro. Eles indicam que a
queda mais intensa se deu em São Paulo, o maior parque fabril do país, onde a
indústria recuou entre julho e agosto 1,4%, mesmo percentual do recuo do Rio
Grande do Sul.

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Já os estados cujas taxas negativas ficaram abaixo da média
nacional de -0,8% foram Minas Gerais e Pará, onde a retração industrial foi de
0,7% para ambas as regiões; Paraná (-0,4%) e Ceará (-0,1%). Em Santa Catarina a
produção ficou estável (0,0%).

Na outra ponta, as regiões com as maiores altas entre as 14
com resultados positivos foram o Espírito Santo (7,5%) e a Bahia (4,9%). No
Amazonas, a alta foi de 3,2%, Rio de Janeiro (2,4%), Pernambuco (1,8%), Região
Nordeste (0,4%) e Goiás (0,1%)

Em relação ao crescimento de 4% na produção industrial, na
comparação com igual mês do ano passado, ele reflete resultados positivos em 13
dos 15 locais pesquisados, com a expansão mais intensa sendo registrada no Mato
Grosso, onde a indústria cresceu 15,8% em agosto último.

Naquela região, a expansão foi impulsionada pelo avanço no
setor de produtos alimentícios (carnes de bovinos congeladas, frescas ou
refrigeradas, tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de
soja e óleo de soja em bruto).

Pará (9,3%), Paraná (8,8%), Espírito Santo (7,8%), São Paulo
(6,6%), Amazonas (5,3%), Santa Catarina (5%), Ceará (4,6%) e Bahia (4,6%)
também anotaram taxas positivas mais acentuadas do que a média nacional de 4%.
Goiás (2,3%), Região Nordeste (1,7%), Minas Gerais (1,5%) e Pernambuco (0,3%)
completaram o conjunto de locais com alta na produção em agosto.

Ao avaliar o resultado das duas regiões onde a indústria
fechou negativamente (Rio Grande do Sul, com -2% e Rio de Janeiro, -1,8%), o
IBGE atribuiu a queda, em grande parte, à pressão negativa vindo dos setores de
coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, celulose, papel e
produtos de papel, produtos alimentícios e máquinas e equipamentos – no caso do
Rio Grande do Sul – e de coque, produtos derivados do petróleo e
biocombustíveis e indústrias extrativas, no Rio de Janeiro.

Acumulado no ano

Quanto ao crescimento acumulado de 1,5% ao longo dos
primeiros oito meses do ano (janeiro-agosto) o resultado reflete expansão
também em 13 dos 15 locais pesquisados, com destaque para os avanços mais
acentuados assinalados por Pará (8,6%), Paraná (4,6%), Espírito Santo (3,7%) e
Santa Catarina (3,7%).

Com resultados positivos acima da média nacional de 1,5%
aparecem ainda Minas Gerais (2%), Amazonas (1,9%) e Rio de Janeiro (1,8%). Em
São Paulo e Goiás, o resultado foi o mesmo (1,5%) da alta nacional; enquanto o
Ceará (1,4%), Mato Grosso (1,2%), Rio Grande do Sul (1,1%) e Pernambuco (0,3%)
completaram o conjunto dos 13 locais com resultados positivos no fechamento dos
oito meses do ano, embora inferior à média nacional.

A Bahia (-3,9%) apontou o recuo mais elevado no índice
acumulado no ano, pressionado pelo comportamento negativo vindo dos setores de
metalurgia (barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre) e de
coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, naftas
para petroquímica e óleos combustíveis). A Região Nordeste, com queda de 1%,
também mostrou taxa negativa no indicador acumulado de janeiro-agosto de 2017.

Queda na indústria paulista se dá após 4 meses

A retração de 1,4% na indústria paulista de julho para agosto
se dá após quatro resultados consecutivos de crescimento. Nos últimos 12 meses,
porém, São Paulo ainda registra uma taxa positiva de 0,4% e de 1,5% no
acumulado do ano.

Segundo o IBGE, a retração em São Paulo em agosto pode ser
explicada em parte pelo alto crescimento nos meses anteriores, tendo chegado a
crescer 7,1% entre abril e julho. “Essa queda acontece muito mais pelo patamar
mais alto dos últimos meses. É um desempenho positivo na comparação com agosto
do ano passado (6,6%). Neste tipo de índice, é a maior taxa positiva desde
janeiro de 2013 (7,3% na comparação com janeiro de 2012)”, disse analista do
IBGE, Rodrigo Lobo.

Segundo ele, entre as atividades, as ligadas a alimentos
foram as principais responsáveis pelo recuo do setor em São Paulo. “O movimento
é claro da parte de alimentos impactando um pouco mais a indústria paulista,
principalmente nos derivados da cana, que vinham em crescimento, explicando
essa queda na comparação com julho. Há uma migração da safra para o Nordeste
porque já se exauriu a safra no Centro-sul, também com produtores direcionando
sua produção para o álcool e não para os outros derivados da cana”, finalizou.

(Agência Brasil)

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