Especialista explica como funciona consultoria para empresas familiares de capital fechado

Pesquisa mostrou que 75% das empresas familiares tendem a fechar as portas com herdeiros assumindo

Postado em: 05-03-2022 às 16h00
Por: Carlos Nathan Sampaio
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Pesquisa mostrou que 75% das empresas familiares tendem a fechar as portas com herdeiros assumindo | Foto: Reprodução

Uma pesquisa divulgada em 2019, antes da pandemia, da consultoria PwC, já mostrava que 75% das empresas familiares no Brasil fechavam, após serem sucedidas pelos herdeiros, um dado preocupante em um universo em que 9 em cada 10 empresas no país são familiares, como mostra o IBGE, também em outra pesquisa. Este alto índice de mortalidade do segmento mostra que apenas 7 em cada 100 empresas chegam à terceira geração.

Para evitar isso, já existe um negócio conhecido por poucas pessoas, que carece de pesquisas, mas que existe no mundo inteiro e ajuda na sucessão de um negócio familiar, a consultoria de empresas familiares é uma questão importante dentro das organizações e deve ser pensada o quanto antes, em casos onde possíveis herdeiros irão liderar uma empresa em algum momento de suas vidas. Isso acontece, pois não é incomum que negócios faliram após a morte de um fundador ou proprietário que seguido de seus descendentes sem experiência afetaram todo o contexto empresarial.

Quem explica sobre o assunto é Melina Lobo. Conselheira de administração e consultiva de empresas familiares de capital fechado, a profissional, que também é advogada e mestre em direito, relações internacionais e desenvolvimento, diz que a teoria dos três círculos das empresas familiares desenvolvida nos anos 70 por professores de Harvard auxilia as empresas no processo de sucessão, implantando a governança corporativa e familiar necessária para a longevidade das organizações.

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“A teoria pressupõe que família, empresa e propriedade são interconectados. Aqui no Brasil, o tema começou a ser desenvolvido a partir de 1980 nos grandes centros (nordeste, sudeste e sul) e ainda é novo no Centro-Oeste porque as empresas familiares aqui ainda estão na primeira geração, em sua maioria. Agora que estamos iniciando a transição para a segunda geração (Goiânia tem 88 anos, por exemplo). Segundo o IBGE, na transição da primeira para a segunda geração, o índice de mortalidade das empresas é enorme. E essa mortalidade pode ser evitada com a implantação da governança corporativa e familiar”, disse a conselheira.

O assunto é uma das questões que hoje fazem parte da governança corporativa que pode ser aplicada a qualquer tipo de empresa, pois envolve organização. “A implantação do conselho é necessária para implantar a cultura do processo de decisão coletiva. Quando a decisão é tomada apenas pelo fundador ou fundadora é uma realidade, quando é pelo grupo de herdeiros é outra”, reforça Melina.

A especialista diz, ainda, que a implantação da governança auxilia os herdeiros a manterem, com harmonia, o negócio ou para que os fundadores preparem os futuros herdeiros para assumir a gestão. “Há um movimento crescente de “pejotização” das famílias, mediante a constituição de Holdings, o que significa que muitos estão preocupados com a sucessão da propriedade, ou seja, quem vai ser dono, mas poucos têm se preocupado com a sucessão da gestão, quem vai tocar o negócio. A pessoa ou pessoas que ficarão à frente do negócio precisarão lidar com sócios, aprendendo a prestar contas para manter as boas relações”, explica.

“Esse tema garante a perenidade das empresas e a manutenção dos vínculos familiares. Quantas empresas quebram por falta de harmonia e quantas famílias se desgastam por não lidarem com esses temas difíceis”, conclui Melina, lembrando que a questão já está bem trabalhada em outros estados brasileiros mas ainda é iniciante em Goiás, sendo mais presente nas grandes empresas goianas. “Mas vai ser cada vez mais recorrente porque estamos envelhecendo e a longevidade das pessoas trouxe complexidade para as relações”, constatou a conselheira.

Por fim, Melina reforça que um planejamento cuidadoso da sucessão é essencial para garantir uma transição suave. “Um bom plano de sucessão descreve como ela deverá ocorrer e quais critérios serão utilizados para avaliar quando o sucessor estará pronto para assumir a tarefa. Isso diminui as preocupações do fundador quanto à passagem da responsabilidade para um terceiro, e também incentiva os herdeiros a trabalharem na empresa em vez de optarem por carreiras alternativas”,conclui.

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