Com alta nos preços do alimento, hábitos de compra do Consumidor muda

Para acompanhar o poder aquisitivo dos clientes, muitos hipermercados investem em marcas próprias ou genéricas

Postado em: 19-03-2022 às 08h45
Por: Alexandre Paes
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Para acompanhar o poder aquisitivo dos clientes, muitos hipermercados investem em marcas próprias ou genéricas | Foto: reprodução

Com a alta nos preços dos alimentos, muitos brasileiros têm mudado os produtos que entram nos carrinhos de compras, e isso tem levado os supermercados a alterarem suas promoções e criarem estratégias para acompanhar a demanda dos consumidores. Muitas prateleiras passaram a dar destaque para rótulos mais baratos, e parte desses produtos são itens de marca própria dos hipermercados. 

Para caber no bolso dos clientes, uma rede de hipermercados de Goiânia investiu em marcas próprias e congelou preços. Itens mais baratos agora são colocados no alto das prateleiras, uma estratégia para ficar na altura dos olhos dos compradores. Já os mais caros desceram ou até sumiram das gôndolas, já que o preço salgado impede sua comercialização.

Uma pesquisa identificou as principais alterações nos carrinhos de compras de 2020 para 2021. Entre as mudanças, constatou que em higiene, beleza e limpeza a troca de marcas é mais recorrente. O levantamento revelou que, de um ano para o outro, a preferência pela linha econômica de desodorantes aumentou 39%, e a de alvejantes, 29%, por exemplo.

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Para alguns produtos de mercearia doce ou bebidas, setores mais fortes de vendas, a pesquisa verificou que os consumidores costumam manter suas preferências. Já em outros casos, como a carne, o jeito é substituir o alimento por lanches com frios, ou mesmo comprar o que está mais “barato”, como ovos ou carnes de segunda.

“Nos itens básicos, os produtos que mais têm sofrido impacto da inflação são a farinha, óleo, café e feijão. O consumidor costuma equilibrar entre diminuir o volume ou migrar para marcas mais baratas, mas não deixa de comprar”, pontuou a diretora da Divisão da Kantar, Aurélia Vicente.

Um hipermercado de Goiânia não somente percebeu a mudança de interesses do consumidor como viu sua marca própria crescer. “Os preços altos dos rótulos tradicionais levaram os clientes a experimentar os da linha própria da rede, que têm mais de 4.500 itens. As vendas desses produtos cresceram 50% nos últimos dois anos e, hoje, correspondem a quase 20% da venda total do grupo” afirmou o gerente Lucas Simões.

Para se encaixar nesta realidade, mais de 60% dos supermercados substituíram mercadorias de marcas caras por outras que pesam menos no bolso em alimentação, higiene e limpeza. Isso se reflete diretamente na forma como os produtos são oferecidos e no modo como são dispostos nas prateleiras.

“O jeito é levar o que está na promoção”

Na cesta de compras da dona de casa Antônia Araújo, de 53 anos, a marca tradicional de sabão em pó foi substituída por uma inferior, mais barata. O tomate e a cenoura saíram do cardápio em virtude dos altos preços, e as carnes e os legumes só entram no carrinho quando há boas promoções.

“Compra de mês eu parei de fazer. Agora, vou vendo os anúncios na TV e, conforme vou precisando e o preço está bom, venho ao mercado e só levo comigo o produto da promoção. As vezes compensa mais do que comprar tudo de uma vez” contou.

A aposentada Maria Auxiliadora Souza, de 66 anos, segue o mesmo pensamento de Antônia, e prefere não comprar quando os preços estão altos. “Como sou viúva e moro sozinha, priorizo comprar as marcas que eu gosto, mas, se está muito caro, simplesmente não compro. Esses dias atrás deixei de comprar cebola roxa devido o quilo custar mais de 8 reais”, concluiu.

Na casa da Marta Naves moram um total de 5 pessoas, e ela diz que além de mudar as marcas dos alimentos que compra, agora passar as compras no caixa ficou mais salgado. “Antes eu fazia uma compra para durar cerca de 30 dias, e pagava uma média de 650 reais. Hoje, mesmo indo quando se tem muitas promoções, pago cerca de 950 reais, um absurdo como tudo só aumenta”, expos sua indignação. 

Na última quinta-feira (17), o Procon Goiás divulgou os resultados da última pesquisa de preços sobre os itens que compõem a cesta básica dos goianos. Segundo o levantamento, praticamente todos os 37 itens básicos de alimentação tiveram aumentos desde o início da pandemia, há dois anos, sendo que os principais vilões foram: o óleo de soja (+186%), o café em pó (+144%), o quilo do tomate (+117%) e o pacote de açúcar (99,03%).

No geral (considerando todos os itens), o aumento médio nos últimos 24 (vinte e quatro) meses foi de 57,22%, o que explica o peso no bolso dos consumidores. Além disso o órgão recomenda que o consumidor estabeleça previamente, de acordo com seu orçamento doméstico, o limite que poderá ser gasto na compra em supermercado.

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