Mesmo com segunda maior taxa de juros do mundo, dólar no Brasil fecha a R$ 4,84

O valor é o menor desde março de 2020; Ibovespa atingiu alta de 0,16%, melhor desempenho desde setembro de 2021

Postado em: 24-03-2022 às 10h46
Por: Jennifer Neves
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O valor é o menor desde março de 2020; Ibovespa atingiu alta de 0,16%, melhor desempenho desde setembro de 2021 | Foto: Reprodução

O dólar comercial fechou em queda, nesta quarta-feira (23/03), sendo negociado a R$ 4,84. Ou seja, teve uma baixa de 1,43%, logo após ter atingido a mínima do dia, que foi de R$ 4,83. Esse é o menor valor desde março de 2020, em que teve o registro do dólar valendo R$ 4,81. Ainda, nos últimos 12 meses, o dólar acumulou variação negativa de 10,1% em relação ao real. Já o Ibovespa, que é o indicador mais importante da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou o dia com alta de 0,16%, o melhor desempenho desde setembro de 2021. 

Mesmo com a guerra na Ucrânia, essa queda é significativa, pela alta de juros nos Estados Unidos. O esperado seria o real perder força com esse cenário, por conta do forte risco e maior atração pela economia americana. No entanto, a junção com o preço alto dos produtos básicos não industrializados, as commodities; taxa Selic valendo 11,75%, bolsa brasileira barata e saída de investimentos da Rússia; e com o leste europeu em direção a outros mercados emergentes, ajuda a explicar como o dólar chegou a quase R$ 6 em 2021, e agora é negociado abaixo de R$ 5. No entanto, especialistas acreditam que o dólar deve voltar a subir em um futuro próximo. 

Conforme diz o economista Rogério Nunes, não tinha muita expectativa de se ter uma queda do dólar, visto que o real estava constantemente sendo desvalorizado. “Mas com a taxa básica de juros e as commodities brasileiras em alta, podem explicar a queda do dólar. Além disso, a venda das nossas commodities foi favorecida pelos conflitos entre a Rússia e Ucrânia, porque elas aumentaram de preço e o real acabou se beneficiando disso”. 

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Além disso, a alta de juros no Brasil, levou o país a ter atualmente a segunda maior taxa de juros reais do mundo, atrás apenas da Rússia, e a quarta maior taxa de juros nominais, atrás apenas de países com sérias crises financeiras, como Argentina e Turquia.

“Desde o início do ano, com as variações de juros sendo ajustadas no Brasil, fez com os investidores direcionassem o olhar para cá. Também, a B3 estava com o preço mais baixo, em comparação com as bolsas de outros países. Como os investidores, fogem de mercados que apresentam riscos, eles tiraram os investimentos do leste europeu e colocaram no Brasil, por essas questões”. 

Ainda, também nesta quarta-feira (23/03), o barril de petróleo chegou a US$ 120, o que pode significar para o Brasil outro aumento na taxa de juros. Na última reunião do Banco Central no  Comitê de Política Monetária (Copom), ficou acordado que a Selic poderia ser operada acima de 12,75%, de acordo com os valores do barril de petróleo, que impactam diretamente no preço dos combustíveis e, indiretamente, na inflação. 

Rogério Nunes afirma que se a alta de juros nos Estados Unidos acontecer, juntamente com a aproximação das eleições no Brasil, que é um momento de instabilidade política, é provavel que o real pare de valorizar, em comparação ao dólar. “Para os investidores que fazem aplicações em economias emergentes, essa situação pode se tornar mais complexa, porque quando aumenta juros, o dólar valoriza. Então o fluxo em economias tipo o Brasil, pode estancar”. 

Com relação às eleições, são diversas possibilidades, o que traz um cenário de incertezas. “ É preciso que o próximo presidente estabeleça métricas econômicas rigorosas, para talvez, as variações do real se valorizarem. Mas o reflexo disso é sentido a um prazo mais estendido”. 

Outro ponto avaliado, é que a importação de produtos industriais seja valorizada por conta do crescimento da economia brasileira, mesmo sendo baixo. 

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