Pretos ou pardos são 63,7% dos desocupados no país

Pessoas pretas ou pardas representavam 54,9% do total da população brasileira de 14 anos ou mais e eram 53% dos trabalhadores ocupados no terceiro trimestre de 2017

Postado em: 17-11-2017 às 13h35
Por: Victor Pimenta
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Pessoas pretas ou pardas representavam 54,9% do total da população brasileira de 14 anos ou mais e eram 53% dos trabalhadores ocupados no terceiro trimestre de 2017

Entre os 13 milhões de desocupados no país no terceiro
trimestre, 63,7% eram pretos ou pardos. Os dados constam da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados hoje (17) e
equivalem a 8,3 milhões de pretos ou pardos sem ocupação. A taxa de desocupação
dessa parcela da população ficou em 14,6%, enquanto a de trabalhadores brancos
totalizou 9,9%.

Comportamento semelhante foi registrado na taxa de
subutilização, indicador que agrega a taxa de desocupação, de subocupação por
insuficiência de horas (menos de 40 horas semanais) e a força de trabalho
potencial.

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Para o total de trabalhadores brasileiros, o índice fechou o
terceiro trimestre em 23,9%. Entre a população de pretos ou pardos, a taxa
saltou para 28,3%, enquanto entre os brancos ela ficou em 18,5%. Do total de
26,8 milhões de subutilizados, 65,8%, eram pessoas pretas ou pardas.

Trabalhadores

No terceiro trimestre de 2017, as pessoas pretas ou pardas
representavam 54,9% do total da população brasileira de 14 anos ou mais e eram
53% dos trabalhadores ocupados. No recorte racial, 52,3% dos pretos ou pardos
estavam ocupados, enquanto 56,5% dos brancos se encontravam na mesma situação.
O rendimento dos trabalhadores brancos foi de R$2.757 no período e o de
trabalhadores pretos e pardos, de R$1.531.

Em relação ao percentual de empregados do setor privado com
carteira assinada, no fechamento do terceiro trimestre do ano o dado de pretos
ou pardos chegava a 71,3%, mais baixo do que o observado para o total do setor
(75,3%). Dos 23,2 milhões de empregados pretos ou pardos do setor privado,
somente 16,6 milhões tinham carteira de trabalho assinada.

Doméstico e informal

Na distribuição da população ocupada por grupo de atividades,
a participação dos pretos e pardos era superior à dos brancos na agropecuária,
na construção, em alojamento e alimentação e, principalmente, nos serviços
domésticos, categoria em que eles representam 66% do contingente total.

A Pnad Contínua mostrou, ainda, que, no Brasil, somente 33% dos empregadores eram pretos ou pardos. Já entre os trabalhadores por conta própria, essa população representava 55,1% do total. Mais de um milhão de trabalhadores pretos ou pardos atuavam como ambulantes, totalizando 66,7% dos trabalhadores deste tipo de ocupação. O percentual de ambulantes negros foi de 2,5%. 

Análise

Na avaliação do coordenador de trabalho e rendimento do IBGE,
Cimar Azeredo, indicadores como esses revelam o tamanho da desigual do mercado
de trabalho no país. “Entre os diversos fatores [que determinam esta
desigualdade] estão a falta de experiência, de escolarização e de formação de
grande parte da população de cor preta ou parda”.

Para ele, esses números são resultados de um
processo histórico, que vem desde a época da colonização. “Claro que se avançou
muito, mais ainda tem que se avançar bastante, no sentido de dar a população de
cor preta ou parda igualdade em relação ao que temos hoje na população de cor
branca”, destaca. 

*Matéria atualizada para correção de informação: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística corrigiu o número de ambulantes negros, que foi de 2,5% no trimestre, e não de 25,2%, como informado anteriormente. 

Fonte: Agência Brasil. (Foto: Reprodução/Veja)

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