Gastos com saúde crescem mesmo em meio à crise e atingem 9,1% do PIB

Embora os gastos das famílias com saúde tenham sido superiores ao do governo, pouco menos de 50 milhões de pessoas têm plano de saúde no país

Postado em: 20-12-2017 às 10h20
Por: Victor Pimenta
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Embora os gastos das famílias com saúde tenham sido superiores ao do governo, pouco menos de 50 milhões de pessoas têm plano de saúde no país

O consumo final de bens e serviços de saúde no Brasil cresceu
em 2015, um dos piores anos da crise econômica, e atingiu R$ 546 bilhões, o
equivalente a 9,1% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas
produzidas no país naquele ano). Desse total, R$ 231 bilhões (3,9% do PIB)
corresponderam a despesas de consumo do governo e R$ 315 bilhões (5,2% do PIB),
a despesas de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias.

Os dados fazem parte da Conta-Satélite de Saúde Brasil
2010-2015, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga
hoje (20), com informações sobre produção, consumo final e comércio exterior de
bens e serviços relacionados à saúde, bem como informações sobre trabalho e
renda nas atividades que geram esses produtos.

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Embora os gastos das famílias com saúde tenham sido
superiores ao do governo, pouco menos de 50 milhões de pessoas têm plano de
saúde no país – o equivalente a um quarto da população.

A situação vem se repetindo nos últimos anos, segundo um dos
responsáveis pela pesquisa, Ricardo de Morais. “Quando a gente junta os gastos
com medicamentos com os relativos aos serviços, as famílias continuam gastando
mais do que o governo. Se levássemos em conta somente os gastos com serviços de
saúde, os do governo seriam maiores, mas como as famílias têm gastos bastantes
razoáveis com a compra de medicamentos, os gastos das famílias são maiores do
que os do governo”, afirma o pesquisador.

Economia

Uma das constatações do IBGE, a partir da pesquisa, é de que
a participação das atividades de saúde na renda gerada no país (em valor
adicionado) aumentou em todos os anos da série e saltou de 6,1% do PIB em 2010
para 7,3% em 2015. Este aumento se deu em todos os anos.

A participação dos serviços no consumo de saúde aumentou em
todos os anos, passando de 75,9% para 79,2%, entre 2010 e 2015. Já em relação
aos bens, a participação dos medicamentos caiu de 22,4% para 19%.

Em 2014, o volume de bens e serviços de saúde consumido por
famílias e instituições sem fins lucrativos aumentou 4,3%, em linha com o
crescimento de 4,5% do consumo do governo.

No mesmo período, os preços dos bens e serviços de saúde
subiram mais do que a média dos preços da economia – foi um aumento de 0,5
ponto percentual, ao passar de 8,2% para 8,7% do PIB. “Esse aumento de
participação é explicado tanto pelo aumento do volume do consumo desses bens e
serviços quanto pelo aumento de seus preços”, diz Morais.

Despesas

Os dados da Conta Satélite de Saúde 2010-2015 indicam que a
despesa per capita com o consumo de bens e serviços de saúde, em 2015, foi de
R$ 1.538,79 para famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias
e de R$ 1.131,94 para o governo.

O levantamento do IBGE constatou que as despesas com consumo
de bens e serviços de saúde oscilaram entre 18,5% e 19,6% do total do consumo
do governo, entre 2010 e 2015. Já no caso das famílias, as despesas com consumo
de bens e serviços de saúde passaram de 7,3% do total de seu consumo final, em
2010, para 8,2%, em 2015.

O consumo de bens e serviços de saúde cresceu em todos os
anos da série, fechando 2015 com crescimento em volume – descontando as
variações de preços – de 0,5% para o governo e de 1,6% para as famílias, em
relação ao ano anterior.

O ponto fora da curva ocorreu em 2012, quando o aumento no
consumo de bens e serviços de saúde foi o menor da série. Nesse ano, o
crescimento foi menor que o da população, o que levou a uma variação per capita
negativa de 0,1%.

Medicamentos

Os subsídios do governo à população relativos ao programa
Aqui Tem Farmácia Popular – que transfere recursos a farmácias populares para
pagar medicamentos adquiridos pelas famílias – deram um salto nos últimos anos,
passando de R$ 238 milhões para R$ 2,8 bilhões, entre 2010 e 2015.

Entre os dados de consumo do governo, na parte de despesas
são o que mais chama a atenção. São transferências que são na forma de
subsídios: o farmácia popular passou de R$ 238 milhões em 2010 para R$ 2,8
bilhões em 2015, ressaltou Ricardo de Morais.

Ele lembrou que de Recursos e Usos, no “apêndice” desta
publicação, esses recursos são tratados como “subsídio ao consumo de
medicamentos pelas famílias”. “O Farmácia Popular é um programa do governo que
desde a sua implantação vem crescendo muito rápido. É um programa bastante
divulgado, daí esses números”, justifica. 

Fonte: Agência Brasil. (Foto: Portal Renascença)

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