Brasil é promovido ao grupo de elite da pesquisa em matemática

Além do Brasil, mais dez países integram a elite da matemática mundial: Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia

Postado em: 25-01-2018 às 13h55
Por: Márcio Souza
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Além do Brasil, mais dez países integram a elite da matemática mundial: Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia

A União Matemática Internacional
(IMU, na sigla em inglês) aprovou a entrada do Brasil no Grupo 5, que reúne as
nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática. O anúncio foi feito hoje (25)
na sede do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro.

Além do Brasil, mais dez países
integram a elite da matemática mundial: Alemanha, Canadá, China, Estados
Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.

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A candidatura do Brasil para
fazer parte do topo do ranking foi apresentada no ano passado pelo Impa e pela
Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) ao organismo que congrega as
sociedades matemáticas de países de todo o mundo. Atualmente, 76 nações são
membros da IMU, criada em 1920 para promover a cooperação internacional em
matemática.

A mudança de classificação dos
países é decidida pela IMU após recomendação do comitê executivo. São
analisadas informações como a quantidade e a qualidade de programas de
pós-graduação e sua distribuição territorial, o total de publicações
científicas divulgadas em periódicos importantes e os nomes de destaque na
área.

Os países são divididos em cinco
categorias por ordem de excelência na lista criada pela União Matemática
Internacional. O Brasil ingressou na IMU em 1954 como membro do Grupo 1. Foi
promovido ao Grupo 2 em 1978; ao Grupo 3, em 1981; e ao Grupo 4 em 2005.

Segundo o Impa, em 2006, após ter
ingressado no Grupo 4, as publicações científicas do Brasil em matemática
representavam 1,53% da produção matemática mundial (1.043 papers). Uma década
depois, a produção chegou a 2,35% (2.076 papers).

Pesquisa

Para o diretor do Impa, Marcelo
Viana, a promoção ao Grupo 5 representa um reconhecimento da qualidade da
pesquisa matemática feita no país. “Significa que o conjunto dos países
reconheceu o Brasil como uma potência mundial na área de pesquisa matemática”,
disse Viana. “É uma conquista coletiva e resultado de uma combinação de fatores
e de trabalho de gerações de matemáticos ao longo desses 60 anos”.

Ele também lembrou que essa
conquista não teria sido possível sem o apoio governamental com recursos para a
pesquisa e a ciência. “Apoio esse que a gente espera que continue”, completou
Viana.

O presidente da SBM, Paulo
Piccione, destacou a importância das olimpíadas de matemática para a
popularização da disciplina no país. “Temos milhões de alunos das escolas no
país participando das olimpíadas. Essa difusão geográfica [das olimpíadas]
impressionou muito os que avaliaram [IMU]”, disse Piccione. “O Brasil é o único
país do Hemisfério Sul que está no Grupo 5”, acrescentou.

A entrada no Grupo 5 ocorre no
ano em que o Brasil sediará, em agosto, o Congresso Internacional de
Matemáticos, o mais importante encontro mundial da área, que será realizado
pela primeira vez no Hemisfério Sul. Na edição de 2014, Artur Avila,
pesquisador do Impa, foi o primeiro brasileiro a receber a Medalha Fields,
considerada o Nobel da matemática.

“A gente pode fazer ciência de
qualidade no Brasil. Esse reconhecimento cria uma obrigação de fazer o máximo
que a gente possa e tentar estender isso para outras áreas”, disse Avila. “A
gente vê que, às vezes, a ciência é tratada como uma espécie de luxo que quando
temos uma crise a gente deve cortar [recursos] porque não é [considerado]
fundamental para o país”.

O secretário-executivo do
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Elton Santa Fé
Zacarias, reconheceu que o investimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB,
soma de bens e produzidos no país) na área científica ainda é baixo, mas disse
que a grande dificuldade para aumentar esse patamar é fazer com que a sociedade
e a indústria invistam mais em pesquisa. “O Brasil produz ciência de qualidade.
A gente é hoje um dos 20 maiores produtores de pesquisa, de ciência básica e
papers no mundo”.

A secretária-executiva do
Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, ressaltou a grande
necessidade de formação de professores para o ensino básico. “Precisamos formar
bons professores de matemática. A pesquisa na área de matemática pode ajudar
muito nesse processo”. 

Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução 

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