Dilma Rousseff é empossada como presidente do Banco do Brics e Lula destaca viés social

Em seu discurso de posse, Dilma defendeu assumiu o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital

Postado em: 13-04-2023 às 11h12
Por: Rodrigo Melo
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Em seu discurso de posse, Dilma defendeu assumiu o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital | Ricardo Stuckert/PR

A ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment de seu cargo em 2016, foi empossada na noite desta quarta-feira (13) como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês), em Xangai, na China.

Também conhecido como Banco do Brics (bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), tem sede em Xangai e visa dar apoio financeiro a projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, públicos ou privados, nos cinco países-membros e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento. O projeto entrou em vigor durante o governo Dilma, em 2015, e é composto por um conselho de governadores, um conselho de diretores, um presidente e quatro vice-presidentes. 

A instituição não tem a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou instituições financeiras de países de fora do grupo, fato destacado pelo atual presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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“Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras e condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes. E mais, com a possibilidade de financiamento de projetos em moeda local”, declarou o presidente.

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Viés social

Em seu discurso de posse, Dilma defendeu o viés social do banco e assumiu o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital. Sinalizando em toda sua fala o apoio às comunidades mais pobres e a necessidade de ajudá-las a garantir moradia e condições mais dignas, a ex-presidenta da República pediu “prosperidade comum” a todos.

“Assumir à presidência do NDB é uma oportunidade de fazer mais para os países dos Brics, mas também para os países emergentes e os países em desenvolvimento”, disse. “Estou confiante de que juntos podemos realizar nossa visão de desenvolvimento. Queremos que a prosperidade seja comum a todos os países”, acrescentou.

Questões climáticas

Lula exaltou o papel do banco como um instrumento de combate à desigualdade. Para ele, o NDB deve atender os mais afetados por questões climáticas e econômicas, ajudando-os em uma recuperação. “A mudança do clima, a pandemia e os conflitos armados impactam negativamente as populações mais vulneráveis. Muitos países em desenvolvimento acumulam dívidas impagáveis. É nesse contexto que a criação do NDB se impõe”.

Na solenidade que teve a presença de deputados e ministros brasileiros, integrantes da comitiva de Lula nesta viagem à China, o presidente brasileiro criticou ao FMI, a quem acusou de “asfixiar” a Argentina. Para ele, os bancos devem ter “paciência” e ter em mente a palavra tolerância ao renovar seus acordos de financiamento.

“Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta porque está devendo”, disse. “Não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países como está fazendo com a Argentina o Fundo Monetário Internacional”, completou.

Desafios

Segundo especialistas, a futura presidenta do Banco do Brics terá oportunidade de ampliar a inserção internacional na instituição, mas enfrentará dois grandes desafios: impulsionar projetos ligados ao meio ambiente e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos sócios-fundadores.

Criado em dezembro de 2014 para ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e de projetos de desenvolvimento sustentável no Brics e em outras economias emergentes, o NDB atualmente tem cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados. Desse total, cerca de US$ 4 bilhões estão investidos no Brasil, principalmente em projetos de rodovias e portos.

Em 2021, o Banco do Brics teve a adesão dos seguintes países: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai. (Com informações da Agência Brasil)

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