Queda da inflação incentiva alta na confiança do comerciante

Índice de Preços ao Consumidor Amplo de março também apresentou uma melhoria, com 4,65% em um ano

Postado em: 06-05-2023 às 09h35
Por: Julia Kuramoto
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Índice de Preços ao Consumidor Amplo de março também apresentou uma melhoria, com 4,65% em um ano | Foto: Divulgação

De acordo com a apuração mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou um aumento de 2,5% em abril, descontados os efeitos sazonais. A alta do mês, que fez o indicador atingir 111,3 pontos, interrompeu a série de quatro quedas do otimismo no setor de varejo, que começou em novembro.

Entretanto, uma análise comparativa com o mesmo mês de 2021 revela que houve uma queda de 5,7%, principalmente em relação às condições da economia e do setor do comércio, que eram maiores no ano passado. Em relação a março, porém, todos os indicadores do Icec anotaram crescimento, o que reanima a confiança dos varejistas. O destaque foi a melhor percepção das condições econômicas: embora o indicador, que ficou em 75,5 pontos, esteja em seu menor nível desde junho de 2021, foi o que mais cresceu, com uma alta de 8,8%. 

Ademais, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março também apresentou uma melhoria, alcançando 4,65% em um ano, abaixo do esperado pelo mercado e dentro do intervalo da meta de inflação do Banco Central, de 4,75%, pela primeira vez desde janeiro de 2021. Além disso, a inflação de serviços caiu, e o índice de difusão – que representa a quantidade de itens que registraram aumento de preços – atingiu 59,9 pontos. Esse valor representa o segundo menor desde agosto de 2020.

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De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, inúmeros fatores explicam a melhoria do otimismo do empresário brasileiro. “A conjuntura mais propícia da inflação levou o comerciante a ter esperança na melhoria das transações comerciais e no começo da diminuição das taxas de juros no País”, afirma.

Segundo Tadros, o poder de compra dos consumidores aumenta com a inflação sob controle e, de forma subjacente, as vendas também aumentam.

Dia das Mães

Com a inflação mais controlada e o Dia das Mães chegando em oito dias, que é a segunda principal data comemorativa do vareja em relação ao incremento nas vendas, cresceu pela segunda vez consecutiva a proporção de varejistas que estão à espera de ampliação das vendas no curto prazo, atingindo 79% do total de entrevistados.

Conforme a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, o resultado também se embasa na intenção de compras do consumidor, que foi instigada com a melhor percepção sobre o nível de consumo e renda, como se vê na pesquisa da Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de abril.

“Com o consumidor mais disposto a consumir, incluindo os de rendas média e baixa, o varejista se prepara para um segundo trimestre melhor em termos de vendas, momento do calendário que concentra Dia das Mães e Dia dos Namorados”, explica Izis Ferreira.

Dessa forma, as expectativas para o desempenho mais favorável das vendas no curto prazo avançaram em abril entre todos os segmentos de lojas incluídos no Icec. Mas, na comparação anual, o indicador ainda aponta redução. A inflação mais baixa e a perspectiva de que os juros podem cair em breve ampliaram as perspectivas de vendas dos lojistas de produtos em 4%.

Contratações

O restabelecimento da tendência de alta das expectativas varejistas trouxe até mesmo ânimo para a contratação de funcionários: em abril, 64,4% dos tomadores de decisão do setor de varejo pretendem contratar, sendo este o primeiro aumento desde novembro de 2022.

Sendo assim, o valor dos preços do vestuário, segmento que sofreu com o aumento de 18% durante o ano passado, teve deflação acumulada no primeiro trimestre deste ano, com uma queda de 0,2%. Esse fôlego, juntamente à chegada das estações de clima mais frio, fez com que a intenção de contratar ficasse em nível mais alto entre os varejistas de roupas, calçados e acessórios. Dessa maneira, o indicador atingiu 122 pontos com o crescimento de 2,8% em abril, quando comparado com o mês de março.

Já entre os comerciantes dos segmentos de supermercados e farmácias, o aumento da intenção de contratações foi mais expressivo, de 5,6%, levando com que o índice chegasse a 115,3 pontos. A inflação de alimentação no domicílio perdendo força traz melhores perspectivas para o desempenho das vendas de alimentos e bebidas. Por fim, no varejo de produtos duráveis, o crescimento foi de 5,3%, porcentagem que fez o índice chegar a 116,2 pontos.

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