Produção de soja goiana cai em relação ao ano anterior

Safra 2023/2024 atrasou por conta de fatores climáticos como altas temperaturas e falta de chuva

Postado em: 22-05-2024 às 07h00
Por: Thais Cristina Teixeira
Imagem Ilustrando a Notícia: Produção de soja goiana cai em relação ao ano anterior
Sobreposição fotográfica entre safra do grão de soja e colheita realizada por máquinas | Foto: Faesp/Senar

A soja é um produto commodity, ou seja, mercadorias de origem agrícola produzidas em larga escala que possuem características semelhantes em qualquer lugar do mundo, além disso os commodities servem de base de matéria prima para produções industriais.

Na safra de 2023/2024, o grão obteve um atraso no plantio em algumas cidades do interior de Goiás, assim como Leonardo Machado, Assessor Técnico do GETEC, Gerência de Estudos Econômicos e Técnico da FAEC, explicou que o atraso aconteceu devido a falta de chuva. O especialista destacou ainda que no início das chuvas alguns produtores começaram a plantação, mas devido a estiagem da chuva, esses produtores registraram perdas.

“Então em outubro a gente já começou a ter um movimento de plantio porém logo as chuvas foram embora e não permitiram o avanço do plantio e mesmo aqueles que plantaram, eles começaram a registrar perdas devido a grande estiagem em outubro e novembro”, argumenta.

Continua após a publicidade

Leandro, também explicou que as chuvas só voltaram no entre o final do mês de novembro e início de dezembro, quando o produtor começou a fazer o plantio, e aqueles que iniciaram as plantações em outubro tiveram que fazer o replantio pois perderam a semeadura. Ele pontuou que o plantio deveria se encerrar no em 1o de janeiro, porém teve que ser prolongado até primeira quinzena do mês.

O assessor técnico do GETEC completou que toda vez que a plantação é feita em dezembro a perda de produtividade é comum devido ao fotoperíodo. “Então, toda vez que você entra dezembro, plantando, é algo comum, você tem perda de produtividade. Por causa da questão de fotoperíodo, período de luminosidade. Então, a gente pode falar que, sim, o atraso afeta a produtividade e trouxe algumas perdas. Mas as maiores perdas foram, sim, climáticas, frente a falta de chuva e altas temperaturas”.

O especialista na área, Luiz Fernando, explicou que o atraso do plantio ou colheita pode resultar em um problema produtivo, impactando positivamente o preço para os produtores, por causa da lei de oferta e demanda, quanto menor a oferta maior o preço. Porém o atraso no plantio e colheita não impacta necessariamente o valor do produto, pode acontecer, mas não é uma regra. O ponto mais importante é o tamanho da produção.

Fernando expôs que na safra 2022/2023 o estado de Goiás foi responsável por 11,53% de toda a soja produzida no Brasil, já na safra de 2023/2024 Goiás produziu 11,12% da soja nacional.

Quanto à questão de importação e exportação,Luiz Fernando, apontou que em 2023 o Brasil exportou 101,8 milhões de toneladas de soja, nesse mesmo ano foram importadas 181 mil toneladas. Segundo o Valor Bruto da Produção Agropecuária(VBP), em 2023 o mercado da soja no Brasil rendeu um total de 332 bilhões.

Em relação ao atual cenário da soja Luiz implica que os preços estão mais firmes, e relativamente melhor se comparado com o início do ano e que os preços estão se recuperando.

“Uma parte disso é derivada dos problemas aí da produção no Brasil nesta temporada, o maior produtor do mundo teve perdas produtivas aí no centro-norte do país, teve perdas agora no Rio Grande do Sul e isso tem ajudado a trazer firmeza para as cotações, têm ajudado a valorizar as cotações mesmo com a entrada da safra.”
Luiz declarou que a tendência para o segundo semestre ainda é de preços ainda firmes por conta principalmente da menor oferta brasileira nessa temporada.

Sobre a greve que está acontecendo na Argentina, Luiz pontuou que se elas aumentarem ou continuarem elas podem mexer um pouco com o mercado da soja brasileiro e o motivo disso é que elas de alguma forma mexem com Chicago.

“Se a gente tem problemas de escoamento na produção argentina, isso naturalmente diminui a parcela argentina no mercado exportador e abre espaço para outros grandes exportadores absorverem essa parcela”.

E por isso Chicago em momentos como a greve da Argentina por exemplo, fica “um pouco mais nervoso” e os preços acabam subindo, logo, o produto norte americano pode ser beneficiado, o produto brasileiro pode ser beneficiado e isso mexe com a formação dos preços.

“Não é muito que tem mexido, tem mexido um pouquinho, mas nada muito profundo, mas de alguma forma, sim, se a gente tiver uma piora, digamos assim, entre aspas, nas greves, a gente pode ter um momento especulativo em Chicago que pode refletir em preços melhores no Brasil”, finaliza.

Veja Também