Goiás lidera cultivo de cana-de-açúcar e produção de etanol no Brasil

A cultura possui o quarto maior Valor Bruto da Produção (VBP), estimado em R$114,6 bilhões em 2024

Postado em: 07-06-2024 às 03h00
Por: Alexandre Paes
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Produção nacional de açúcar cresceu 28,5%, já a estadual, 35,1% | Foto: Divulgação/Seapa

Originária do sudeste asiático, a cana-de-açúcar desempenhou um papel crucial em diversas civilizações ao redor do mundo. Cultivada em diversos climas e solos, essa planta é uma das principais fontes de açúcar e biocombustíveis, o que a torna crucial para a economia global. Com sua versatilidade e valor econômico, a cana-de-açúcar é uma cultura agrícola de grande relevância em todo o mundo.

Em Goiás, a expansão dessa cultura e a produção industrial de seus derivados, açúcar e álcool, ocorreram de maneira acentuada a partir de meados dos anos 2000, com a implantação de dezenas de novas unidades industriais sucroalcooleiras. Atualmente, o estado ocupa o 3º lugar no ranking nacional do cultivo de cana-de-açúcar, e o 2º lugar no ranking nacional da produção de etanol.

A cana-de-açúcar, atualmente, ocupa uma área de 8,3 milhões de hectares, a terceira maior dentre as áreas de lavouras do país, ficando atrás somente da soja e do milho. A cultura possui o quarto maior Valor Bruto da Produção (VBP), estimado em R$114,6 bilhões em 2024, representando 10,0% do total da agropecuária nacional, e ocupa o terceiro lugar no valor das exportações do agro brasileiro com US$5,1 bilhões, no acumulado de janeiro a março de 2024.

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Dados da série histórica de produção do setor, elaborados pela Conab, no período das safras 2014/15 a 2023/24, revelam que a área plantada nacional foi reduzida em 7,4%, e que a de Goiás, inversamente, aumentou em 11,8%, com crescimento no volume de produção de 12,4% no país e, em 15,5% no estado. Dos derivados, a produção nacional de açúcar cresceu 28,5%, a estadual, 35,1%, enquanto a de etanol da cana-de-açúcar ampliou-se nacionalmente em 3,6% e, em Goiás, 13,7%.

No estado, a expansão da cultura da cana-de-açúcar e produção industrial de seus derivados, açúcar e álcool, ocorreu de maneira acentuada a partir de meados dos anos 2000, com a implantação de dezenas de novas unidades industriais sucroalcooleiras.

Nos últimos anos, observa-se um arrefecimento na velocidade de expansão da cultura com estabilização da produção e variações mais discretas, em parte, decorrente da redução de áreas disponíveis, devido à competição com lavouras de soja e milho. A estimativa de crescimento na produção nacional, na safra 2023/24, é de 16,8% em relação à temporada anterior, percentual que chega a 8,0% em Goiás. 

Para entender melhor esse fenômeno, o jornal O HOJE conversou com Marcos Silva, especialista em agronegócio. “Nos últimos anos, Goiás tem investido fortemente em tecnologias de ponta, como a irrigação de precisão e o uso de drones para monitoramento das lavouras. Essas inovações têm permitido um aumento na produtividade e na qualidade da cana-de-açúcar”, explica Silva.

Além disso, Silva destaca a importância das políticas públicas que têm incentivado o setor. “O governo estadual tem oferecido incentivos fiscais e financiamentos atrativos para os produtores. Programas de sustentabilidade também têm sido cruciais, promovendo práticas agrícolas que preservam o meio ambiente e melhoram a eficiência na utilização dos recursos naturais.”

Este desempenho certamente esteve associado ao bom volume e distribuição das chuvas nas lavouras e, também à melhoria dos tratos culturais, com renovação de áreas de cultivo, e introdução de variedades mais produtivas e resistentes a pragas e doenças, e à colheita mecanizada que atinge, aproximadamente, 98,0% da área total ocupada com a cultura.

O impacto econômico dessa liderança é significativo. Goiás gera milhares de empregos diretos e indiretos na cadeia produtiva do etanol, desde o plantio até a comercialização. “O setor sucroalcooleiro é um dos grandes motores da economia goiana, contribuindo para o desenvolvimento regional e aumentando a renda das famílias envolvidas”, afirma Silva.

Este incremento na produção de cana-de- -açúcar proporcionou crescimento na fabricação dos derivados, com recorde de 45,6 milhões de toneladas de açúcar no país e, em Goiás, 2,7 milhões de toneladas. No momento, o açúcar está com preços mais atrativos, comparativamente ao etanol, o que ocorre também no mercado externo, em virtude da menor oferta apresentada por alguns dos principais países produtores mundiais, assim como da melhoria dos preços internacionais

Para a nova safra (2024/25), a primeira projeção da Conab aponta para uma ampliação de área da cultura em 4,1% no Brasil e, 1,1% em Goiás, porém com recuo no volume produzido em 3,8% no país e, em 1,2% no estado, devido à redução de produtividade, em razão de fatores climáticos.

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