Energia solar brilha e rivaliza no mesmo patamar da hidrelétrica de Itaipu

Em Goiás, são mais de 136 mil consumidores que recebem descontos na conta de luz

Postado em: 25-06-2024 às 03h00
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Energia solar brilha e rivaliza no mesmo patamar da hidrelétrica de Itaipu
Setor foi responsável por R$ 60,7 bilhões em investimentos e gerou mais de 424 mil empregos verdes | Foto: Soninha Vill/ABr

As usinas solares de maior porte no País ultrapassaram em junho a marca de 14 gigawatts (GW) de potência operacional, informou esta semana a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). A potência iguala a capacidade instalada de Itaipu, a segunda maior usina hidrelétrica do planeta.

Atualmente, todas as unidades da federação têm usinas solares de grande porte. Na divisão por regiões, o Nordeste ocupa a liderança, com 59,8% de potência instalada. Em seguida, vêm o Sudeste, com 39,1%, e o Sul, com 0,5%. Completam a lista o Norte e o Centro-Oeste, com 0,3% cada.

Segundo a Absolar, mesmo com a dependência da luz solar, é plenamente possível aumentar significativamente a participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira. A ampliação, alega a entidade, pode assegurar a confiabilidade, a segurança e a estabilidade do sistema elétrico do país, mantendo o equilíbrio técnico e econômico dos contratos de todos os produtores de energia.

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Energia sustentável 

Segundo levantamento do jornal O HOJE com dados cedidos da Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), em Goiás são mais de 136 mil consumidores da energia solar que recebem descontos na conta de luz. Todo este sistema é interligado nas mais de 108 mil conexões operacionais, espalhadas por todos os municípios do estado.

Este aumento da produção, da acessibilidade e da comercialização da energia solar se deve em grande parte à diminuição dos custos dos materiais das placas e da instalação. De acordo com Airton Lucas, consultor de engenharia especializada na implementação de usinas fotovoltaicas, para o jornal O HOJE, diz que houve um aumento expressivo na demanda para a construção de novas usinas nos últimos dois anos, com mais de 150 usinas construídas para particulares. 

Contudo, fala como o financiamento de alto custo ainda pode ser um grande empecilho na construção da obra. Segundo Airton, grande parte do custeio vem de linhas de crédito bancárias com juros de até 2%, que pode assustar novos aspirantes no mercado. Mas fala como a competitividade nos preços e no retorno financeiro podem balancear este cenário. “Antigamente demorava uns cinco anos para o consumidor ter um retorno financeiro na energia produzida. Hoje em dia estamos com expectativa de 2 a 3 anos para o retorno do investimento”, diz o consultor.

Apesar disso, espera que com a redução da taxa de juros Selic possa trazer ainda mais interesse no setor em Goiás. Mas, diz que conhece empresas privadas de outros estados, principalmente do Sul, que possuem dificuldades de adentrar o setor dentro da comercialização da energia elétrica. Segundo ele, ainda há muita burocracia envolvida na comercialização da energia com a concessionária Equatorial Goiás, e que isto afasta potenciais oportunidades econômicas.

A forma como a comercialização da eletricidade ocorre em outros estados é através de um cooperativismo. Conforme ele diz, uma empresa monta uma cooperativa no estado e associa os consumidores a essa cooperativa, a mensalidade ou assinatura que ocorre é a cobrança da taxa do cooperativismo. Essa troca garante o abastecimento da energia elétrica com os custos de manutenção, mas diz que isso ainda não ocorre em Goiás.

Variação de ventos

Um estudo realizado de 2019 a 2021 pelo Ministério de Minas e Energia, pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a GIZ, entidade de cooperação internacional do governo alemão, constatou sinergia entre as matrizes de energia renovável no Brasil. Quando há variações nos ventos e no Sol, as hidrelétricas garantem o equilíbrio do sistema, não as termelétricas fósseis. Atualmente, o estudo está na terceira fase.

Ao considerar as unidades de produção de energia solar de todos os portes, da produção doméstica às usinas grandes, o Brasil alcançou, em 2023, 15,7 gigawatts de potência máxima de energia fotovoltaica. Com 4% do mercado global, o país firmou-se como a terceiro maior produtor de energia solar, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Segundo a Absolar, desde 2012, o setor foi responsável por R$ 60,7 bilhões em investimentos e gerou mais de 424 mil empregos verdes. No mesmo período, a produção de energia solar proporcionou R$ 20 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

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