Mercado eleva previsão da inflação de 3,98% para 4% em 2024

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano permaneceu em 2,09%

Postado em: 02-07-2024 às 06h13
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Mercado eleva previsão da inflação de 3,98% para 4% em 2024
Bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores | Foto: Marcello Casal/ABr

Pela oitava semana consecutiva, as projeções do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que é a inflação oficial do país – subiram, indo de 3,98% para 4% em 2022. Essa previsão foi divulgada no Boletim Focus desta segunda-feira (1º), que é uma pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BC) com as expectativas das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos.

Até 2025, a expectativa de inflação aumentou para 3,87%, comparado aos 3,85% anteriores. Já para os anos de 2026 e 2027, as projeções indicam 3,6% e 3,5%, respectivamente. Embora a previsão para 2024 esteja acima da meta estabelecida, ela ainda se encontra dentro da faixa de tolerância determinada pelo Banco Central. A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% para este ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que o menor limite é de 1,5% e o maior é de 4,5%.

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A partir de 2025, será implementado o sistema de meta contínua, o que elimina a necessidade do CMN estabelecer uma meta de inflação anualmente no mercado. Recentemente, o comitê definiu o centro da meta em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

No mês de maio, devido ao aumento nos preços de alimentos e bebidas, a inflação nacional atingiu 0,46%, uma alta em relação aos 0,38% registrados em abril. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou um total de 3,93%.

Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e o aumento das incertezas econômicas fizeram o BC interromper o corte de juros iniciado há quase um ano. Na última reunião, em junho, por unanimidade, o colegiado manteve a Selic nesse patamar após sete reduções seguidas.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 no patamar que está hoje, em 10,5% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9,5% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida novamente, para 9% ao ano, para os dois anos.

Quando o Copom aumenta à taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano permaneceu em 2,09%.  Para 2025, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 1,98%. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 2%, para os dois anos.

Superando as projeções, em 2023 a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento foi 3%. A previsão de cotação do dólar está em R$ 5,20 para o fim deste ano. No fim de 2025, a previsão é que a moeda americana fique em R$ 5,19.

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