Trabalhadores por conta própria atingem maior número na série histórica do IBGE
Lauro Veiga
Por: Sheyla Sousa
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Quem ainda esperava grandes mudanças no comportamento do mercado de trabalho neste começo de ano deve estar agora um tanto decepcionado. Não apenas não veio a reação aguardada como o cenário até piorou relativamente, se comparado ao final do ano. E não, não foi o comércio que demitiu pessoal temporário contratado para atender a demanda mais aquecida no final do ano para tornar as coisas ligeiramente piores do que já estavam. Ao contrário, o setor manteve o total de pessoas ocupadas, até mesmo com ligeiro avanço – mas um avanço com “jeitão” de estabilidade na leitura do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ontem divulgou sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) referente ao trimestre novembro de 2018 a janeiro de 2019.
Os níveis de informalidade na força de trabalho continuaram altíssimos, a tendência de desaceleração da massa total de rendimentos manteve-se, o desemprego cresceu novamente e a economia continuou dando mostras de incapacidade para gerar um ciclo sustentado de crescimento do emprego. Na verdade, o número total de pessoas ocupadas caiu na passagem do trimestre agosto-outubro de 2018 para o trimestre encerrado em janeiro deste ano, saindo de 92,901 milhões para 92,547 milhões de pessoas, com o encerramento de 354,0 mil empregos e recuo de 0,4% no período.
O “estrago” só não foi maior porque a força de trabalho ficou estabilizada considerando-se os mesmos períodos – ou seja, não houve aumento do número de pessoas emprego. Pelo contrário. O número de pessoas que não estavam empregadas e nem procuraram emprego variou de 65,108 milhões para 65,511 milhões (403,0 mil a mais). E ainda, porque mais 291,0 mil pessoas passaram a trabalhar por conta própria. O contingente total de trabalhadores nessa posição, aliás, bateu novo recorde, alcançando 23,901 milhões de pessoas, número mais elevado em toda a série histórica de dados do IBGE. De um trimestre para o outro, registrou-se variação de 1,2%.
Mais informais
Nos últimos quatro trimestres, tomando novembro de 2017 a janeiro de 2018 como base, o total de pessoas trabalhando por conta própria cresceu 3,1%, o que representou um acréscimo de 719,0 mil pessoas. Sem oportunidades no mercado formal, os ocupados por conta própria responderam por 85% das 846,0 mil novas ocupações criadas em toda a economia desde janeiro do ano passado. Ainda assim, o contingente total de pessoas ocupadas anotou variação inferior a 1,0% (0,9% na conta do IBGE) nessa comparação, saindo de 91,702 milhões no trimestre terminado em janeiro de 2018.
Balanço
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Novamente,
além do aumento dos trabalhadores por conta própria ter funcionado como um
“amortizador”, compensando a fragilidade do mercado formal, mais 762,0 mil
pessoas deixaram a força de trabalho entre o trimestre finalizado em janeiro de
2018 e os três meses até janeiro deste ano.
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O
número de trabalhadores com carteira assinada nos setores privado e público e
ainda no segmento de empregos domésticos caiu 1,0% naquele mesmo período,
baixando de 36,317 milhões para 35,949 milhões (num corte de 368,0 mil vagas
formais).
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Ao
mesmo tempo, o total de empregos sem carteira aumentou de 17,762 milhões para
18,053 milhões (mais 1,6%), num acréscimo de 291,0 mil pessoas (correspondendo
a mais de um terço de todas as ocupações criadas no período).
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Esse
número chegou a ser maior no trimestre agosto-outubro de 2018, quando a PNADC
havia identificado 18,641 milhões sem carteira. No trimestre seguinte,
portanto, o total de ocupados sem registro encolheu 3,2% (58,0 mil a menos) e
ajudou a reforçar o desemprego, que saiu de 11,7% para 12,0% (muito próximo da
taxa de 12,2% registrada de novembro de 2017 a janeiro de 2018).
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Indústria
e agricultura foram os setores que mais demitiram entre os trimestres finalizados
em outubro de 2018 e janeiro de 2019, com cortes de 345,0 mil e 192,0 mil
pessoas respectivamente (-2,9% e -2,2% no total de ocupados em cada um daqueles
setores).
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A
massa de rendimentos reais cresceu 1,9% frente ao trimestre encerrado em
janeiro de 2018 (quando havia crescido 3,6%), mesma média observada desde
outubro do ano passado.