Indústria mundial de transformação passa a crescer bem menos desde o final de 2018

Lauro Veiga Filho

Postado em: 19-03-2019 às 18h30
Por: Sheyla Sousa
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Lauro Veiga Filho

A
produção industrial entrou em franca desaceleração em praticamente todo o
mundo, com possível exceção para a indústria chinesa, muito embora, neste caso,
as estatísticas não sejam exatamente as mais precisas. Embora a mudança de
tendência, observada mais nitidamente a partir do terceiro trimestre do ano
passado, possa servir como uma espécie de “álibi” para o desempenho
especialmente fraco da indústria brasileira na segunda metade de 2018, o “fator
global” não explica o baixo dinamismo expresso de forma geral pelo setor aqui
dentro desde antes da recessão de 2015/2016 e muito menos os números negativos
registrados no último trimestre do ano passado, segundo avaliação do Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) distribuída ontem para a imprensa.

O
instituto toma a série de dados produzidos pela Organização das Nações Unidas
para o Desenvolvimento Industrial (Unido, na sigla em inglês) para avaliar o
comportamento da atividade em todo o mundo ou nas economias mais importantes e
concluir que a indústria de transformação mundial “também pisou no freio”. Desta
vez, o desaquecimento tem sido observado tanto nos países mais desenvolvidos
quanto naqueles considerados “emergentes”, à falta de uma denominação mais
precisa.

A
principal diferença, quando comparada com o Brasil, “é que a performance da
indústria mundial já era bastante superior à da indústria brasileira e sua
desaceleração no quarto trimestre de 2018 não foi capaz de retirar o sinal
positivo de seu resultado”. O Iedi relembra que a produção industrial
brasileira ficou no negativo no quarto trimestre e assim manteve-se no primeiro
mês deste ano, indicando que o “quadro industrial” no País “é ainda mais grave
do que no restante do mundo”.

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Perdendo
posições

Por
isso mesmo, o Brasil vem perdendo posições no ranking global da indústria,
mesmo quando o setor já não apresenta o mesmo fôlego de antes, sugerindo um
período de esfriamento em escala mundial para o conjunto da economia (que tende
a ser influenciada negativamente pelo desaquecimento industrial). Num
levantamento realizado pela equipe de especialistas do Iedi, envolvendo as 45
principais economias industrializadas com dados já computados para 2018, a
indústria brasileira perdeu cinco posições em relação a 2017, caindo da 29ª
para 34ª colocação (lido de trás para frente, a 12ª pior posição no ranking).

Balanço

·  
De
acordo com dados coletados pela Unido, a produção da indústria mundial de
transformação avançou a um ritmo anual de 2,4% no quarto trimestre do ano
passado, depois de avançar 4,2% no primeiro trimestre, crescer 3,8% no segundo
e 3,1% no terceiro.

·  
Na
leitura do Iedi, o ritmo do quarto trimestre “foi o mais fraco de todos os
trimestres do ano, dando continuidade a um movimento de desaceleração que teve
início na segunda metade de 2017”.

·  
Nos
países desenvolvidos, as taxas de crescimento da produção saíram de 2,9% e 2,6%
nos dois primeiros trimestres de 2018 para 1,7% e 1,1% no terceiro e quarto
trimestres.“Este resultado foi condicionado pela contração (-0,5%) da indústria
europeia (notadamente Alemanha, Itália, França e Espanha) e pelo
enfraquecimento do setor na América do Norte (+2,7%)”, constata o Iedi.

·  
O
desaquecimento foi mais notável entre os emergentes, que têm demonstrado
maiores dificuldades para manter a velocidade de seu crescimento. Entre o
primeiro e o quarto trimestres, o ritmo industrial foi refreado de 4,8% –
desempenho muito superior aos desenvolvidos – para apenas 0,5% (menos da metade do ritmo anotado pelas economias mais
desenvolvidas), sem considerar a indústria chinesa.O tropeço veio sob
influência da crise na Argentina e da retração observada no Brasil.

·  
Apenas
para constar, a taxa de crescimento da indústria nos países emergentes (ainda
sem a China) havia sido de 3,6% e de 2,7% no segundo e terceiro trimestres.

O setor de manufatura na China apresentou
variações de 6,3%, 6,4%, 6,0% e novamente 6,0% no primeiro, segundo, terceiro e
quarto trimestres do ano passado, sempre em relação a 2017. 

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