BC vai observar o comportamento da economia em longo prazo

Embora a maioria dos analistas esperavam por manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano, alguns apostaram na redução da mesma como forma de estimular a economia

Postado em: 26-03-2019 às 10h00
Por: Suzana Ferreira Meira
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Embora a maioria dos analistas esperavam por manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano, alguns apostaram na redução da mesma como forma de estimular a economia

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
(BC) afirmou que vai observar o comportamento da economia brasileira ao longo
do tempo. O comitê, que optou por manter a taxa básica de juros, a Selic em
6,5% ao ano, na última semana, acrescentou que essa análise sobre a economia
não será concluída no curto prazo. A informação consta da ata da reunião do
Copom, divulgada hoje (26).

Embora
a maioria dos analistas esperavam por manutenção da taxa em 6,5% ao ano, alguns
apostaram na redução da Selic como forma de estimular a economia.

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Na
ata, o Copom afirma que a economia brasileira sente o impacto da paralisação
dos caminhoneiros no ano passado, da piora do ambiente externo para economias
emergentes a partir do segundo trimestre de 2018 e a “elevada incerteza sobre o
rumo da política econômica brasileira” no período eleitoral. “Esses fatores
produziram impactos sobre a economia e aperto relevante das condições
financeiras, cujos efeitos sobre a atividade econômica persistem mesmo após
cessados seus impactos diretos”.

“O
Copom julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo
do tempo, com menor grau de incerteza e livre dos efeitos dos diversos choques
a que foi submetida no ano passado. O Comitê considera que esta avaliação
demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo”, destacou o BC.

O
Copom afirmou que os próximos passos para a definição da taxa Selic continuam
dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das
projeções e expectativas de inflação.

“O
Copom avalia que cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política
monetária, inclusive diante de cenários voláteis [com fortes oscilações], têm
sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da
inflação em direção às metas”, ressaltou.

No
documento, o Copom avalia os riscos para a inflação. Para o comitê, o nível de
ociosidade da economia pode levar à inflação a ficar abaixo do esperado. Por
outro lado, diz o Copom, uma frustração das expectativas sobre a continuidade
das reformas e ajustes na economia brasileira pode afetar prêmios de risco
(retorno adicional cobrado por investidores para aceitar correr maior grau de
risco) e elevar a trajetória da inflação. “O risco se intensifica no caso de
deterioração do cenário externo para economias emergentes”, acrescentou.

Inflação

Na
ata, o Copom diz que as projeções para a inflação estão em “níveis apropriados
ou confortáveis” convergindo para a meta que deve ser alcançada pelo Banco
Central (BC) em 2019 e 2020.

O
BC usa a taxa Selic como instrumento para alcançar a meta de inflação, definida
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Neste ano, a meta é 4,25%, com
intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%. Para 2020, a meta é 4%, com
intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Ao
reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e
incentivar a produção e o consumo. Para cortar a Selic, a autoridade monetária
precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de
ficar acima da meta de inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é
conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros
mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Na
ata, o Copom disse que deve haver elevação da inflação nos próximos meses e
atingir um pico em abril ou maio. Em seguida, a inflação acumulada em 12 meses
deve recuar e encerrar o ano em 3,9% em 2019 e 3,8% em 2020, no cenário
considerando projeções do mercado financeiro para a Selic e taxa de câmbio, ou
em 4,1%, em 2019 e 4% em 2020, quando a estimativa é construída com taxa básica
constante em 6,5% e dólar a R$3,85.

“A
consolidação desse cenário favorável no médio e longo prazos depende do
andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, que são
fundamentais para a manutenção do ambiente com expectativas de inflação
ancoradas”, disse o Copom. (Agência
Brasil
)

 

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