Lucro de empresas não financeiras mais que dobra, mas construção continua no vermelho

Lauro Veiga

Postado em: 23-04-2019 às 17h35
Por: Sheyla Sousa
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Lauro Veiga

O
balanço consolidado dos resultados de 311 empresas de capital aberto em 2018,
realizado pela consultoria Economatica, chama a atenção por pelo menos dois
fatores: o conjunto de companhias não financeiras, incluindo os números da
Petrobrás, Eletrobrás e Oi, todas saindo de prejuízos em 2017, desta vez
apresentou melhor desempenho que os bancos; o setor de construção, mais afetado
pela combinação traumática da recessão com os impactos da Operação Lava Jato
sobre as maiores empresas do setor, continuava no vermelho.A amostra inclui
apenas as empresas que já haviam apresentado seus demonstrativos financeiros à
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até 29 de março deste ano.

Excluídos
os bancos, que mantiveram lucros vigorosos, as demais 289 companhias abertas
conseguiram acumular um resultado líquido de R$ 166,516 bilhões no ano passado,
o que representou um incremento nominal de 116,3% em relação ao lucro de R$
53,870 bilhões registrado em 2017. Os bons resultados numa conjuntura ainda
inóspita e de baixíssimo crescimento podem ser explicados em função de
melhorias na gestão e controle de custos, algum avanço nas contas financeiras
das empresas e, noutra hipótese, aproveitamento de créditos tributários
relacionados a prejuízos fiscais anteriores e bases negativas de contribuições
(numa explicação muito aproximada, quando as empresas têm prejuízos mas ainda
assim apuram impostos e contribuições a recolher, esse recolhimento pode ser
compensado nos balanços seguintes, desde que a empresa tenha perspectiva de
realização de lucros nos exercícios fiscais futuros).

Por
enquanto, os fatores acima devem ser tratados como hipóteses, ainda que não
muito distantes da realidade. O fato é que apenas três empresas – Petrobrás,
Eletrobrás e Oi – tiveram papel decisivo para os resultados consolidados das
companhias não financeiras. Em conjunto, saíram de prejuízo de R$ 8,575 bilhões
em 2017 para um lucro somado de R$ 63,632 bilhões neste ano. A contribuição
maior, no grupo, veio da Oi, que deixou perdas de R$ 6,365 bilhões em 2017 em
troca de um lucro de R$ 24,591 bilhões no ano seguinte.

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Estatais no azul

As
estatais Petrobrás, que já vinha reduzindo seus prejuízos, e Eletrobrás também
saíram do vermelho e passaram a anotar ganhos em 2018. A primeira tinha
realizado perdas de R$ 446,0 milhões em 2017 e lucrou R$ 25,779 bilhões no ano
passado. A segunda reverteu seu prejuízo de R$ 1,764 bilhão em 2017 para um
ganho de R$ 13,262 bilhões no exercício seguinte. Excluído trio
Petrobrás-Eletrobrás-Oi das companhias não financeiras, ainda assim observa-se
um avanço importante, como lucro subindo 64,8% entre 2018 e 2017, de R$ 62,445
bilhões para R$ 102,884 bilhões.

Balanço

·  
As
22 empresas financeiras que tiveram resultados consolidados pela Economatica
apresentaram variação mais modesta, embora ainda expressiva, com variação de
18,97% no resultado líquido setorial, saindo de R$ 62,717 bilhões para R$
74,616 bilhões.

·  
O
grupo de 308 companhias abertas, que não considera a Petrobras, Eletrobrás e Oi,
mas inclui os bancos, segundo a consultoria, apresentou alta de 41,8% no lucro
consolidado. O resultado total aumentou de R$ 125,162 bilhões para R$ 177,50
bilhões.

·  
Considerando
todas as 311 empresas analisadas, a Economatica mostra que 80 delas (25,7% do
total) tiveram prejuízos no ano passado, ou seja, 15 a menos do que em 2017,
quando 95 chegaram a anotar perdas na última linha da conta de resultados
(quase um terço da amostra).

·  
Ainda
que tenham se mantido no lucro em 2018, das 311 empresas avaliadas perto de 38%
ou 118 companhias sofreram queda na lucratividade.

·  
O
setor da construção, conforme mencionado, foi o que registrou o maior prejuízo
consolidado no ano passado, anotando perdas de R$ 2,836 bilhões. De qualquer
forma, o prejuízo foi ligeiramente mais baixo do que o resultado negativo de R$
3,009 bilhões realizado em 2017. Na comparação entre os dois anos, a
Economatica aponta recuo de 5,75% no prejuízo do setor.

·  
Cinco
empresas de construção engrossaram o grupo das 20 companhias
com maiores prejuízos no ano passado, incluindo Mendes Jr (perda de R$ 1,124
bilhão); PDG Realty (hoje em recuperação judicial, teve prejuízo de 838,91
milhões); Rossi Residencial (-R$614,049 milhões); Gafisa (-R$ 419,526 milhões);
e Helbor (-R$ 340,931 milhões).

 

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