Desempenho errático e “efeito amianto” afetam produção industrial no Estado

Lauro Veiga

Postado em: 08-05-2019 às 18h50
Por: Sheyla Sousa
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Lauro Veiga

A
produção de amianto, assim como a fabricação de produtos que utilizam o minério
em sua composição, vem sendo banida em vários pontos do globo há décadas e sua
proibição no Brasil não pode ser considerado precisamente um “evento
inesperado”. Mas apostou-se na perspectiva de que sua extração poderia ser
continuada no Estado, a despeito de sucessivas derrotas do setor na esfera judicial.
Agora mesmo espera-se que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida manter a
atividade, com a produção destinada exclusivamente ao mercado internacional.

Planos
de contingência? Políticas de compensação para a região que concentra toda a
exploração do minério em Goiás? Criação de alternativas de emprego e renda para
centenas de trabalhadores e para todo um município que dependia em grande
escala da produção de amianto? Se foram pensadas em algum tempo, não se
tornaram realidade. Muito recentemente iniciou-se alguma movimentação para
criar formas de compensar toda uma população, mas os efeitos da paralisação de
mina da Sama já impactam a produção industrial do Estado em seu conjunto.

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Os
dados da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
sobre a produção industrial regional mostram que o tombo na indústria de
extração mineral tem afetado de certa forma o desempenho consolidado do setor
industrial em Goiás neste começo de ano. Além do amianto, o ritmo da atividade
industrial tem se mostrado errático no Estado, alternando altos e baixos. A
destacar, de qualquer forma, o desempenho melhor do que no ano passado, um
período de perdas severas para todo o setor, e acima da média apresentada pela
indústria no País.

Na
passagem de fevereiro para março, já descontados os efeitos sazonais (os
feriados do carnaval, por exemplo), a produção da indústria goiana avançou 2,3%
diante de uma redução de 1,3% na média brasileira. Foi o terceiro melhor
resultado entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, mas, não se pode deixar de
mencionar, não foi suficiente para compensar a queda de 2,9% observada em
fevereiro. Na comparação com março de 2018, a produção goiana caiu 1,1% (sobre
uma base que já havia apresentado retração de 2,5% em relação a março de 2017).

Outros tombos

Nesse
tipo de comparação, a pesquisa do IBGE traz dados mais detalhados. As maiores
contribuições para a queda observada no terceiro mês deste ano vieram das
indústrias extrativa, de outros produtos químicos e de veículos. No primeiro
caso, a produção baixou 18,2% e a retração na extração de amianto explica a
maior parte da perda. Com a venda proibida no mercado doméstico, as exportações
de amianto caíram25,1% nos três primeiros meses deste ano, saindo de 30,543 mil
para 22,871 mil toneladas. Como esse número manteve-se estagnado nos mesmos
níveis no acumulado do primeiro quadrimestre, não foram realizadas exportações
em abril, diante da paralisação da indústria em função da decisão do STF, o que
deverá afetar ainda a produção do setor naquele mês.

Balanço

·  
Com
queda na produção de adubos e fertilizantes, a indústria de outros produtos
químicos experimentou um mergulho de 39,7% em relação a março do ano passado,
com retração ainda de 22,6% na produção de veículos.

·  
Como
a indústria em geral havia apresentado avanços de 4,8% e de 3,9% em janeiro e
fevereiro, a produção acumulada no primeiro trimestre do ano cresceu 2,3% em
relação ao mesmo período do ano passado. Para comparar, houve queda de 1,1% no
primeiro trimestre de 2018 e de 8,0% no trimestre final do mesmo ano.

·  
O
incremento ficou concentrado nos três principais “motores” da indústria
estadual, com altas de 4,0% na produção de alimentos, de 30,4% na produção de
biocombustíveis (especialmente para o etanol) e de 9,3% na produção de
medicamentos.

·  
Esse
desempenho mais do que compensou as perdas de 11,5% na indústria extrativa
(novamente com a “contribuição” do amianto), de 8,2% na produção de adubos e
fertilizantes e de 10,1% na de veículos. Também sofreram baixas os setores de
produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), metalurgia e não metálicos
– quedas de 17,0%, 9,3% e 8,0% no trimestre, respectivamente.

·  
Ainda
na contabilidade trimestral, entre nove setores de atividades acompanhados em
Goiás pelo IBGE, dois terços deles (quer dizer, seis setores) apresentaram
resultados negativos e apenas três avançaram.

Numa nota mais positiva, a indústria goiana está
entre as seis que conseguiram se recuperar da crise dos caminhoneiros, com a
produção alcançando, em março deste ano, níveis 2,9%
acima do índice registrado em abril de 2018 – no melhor resultado entre todos
os Estados. 

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