Mesmo com desaceleração, setor mantém algum otimismo em relação à nova safra

Previsão é algum otimismo para safra que começa a ser semeada a partir de setembro.

Postado em: 26-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Previsão é algum otimismo para safra que começa a ser semeada a partir de setembro.

Ainda
sujeita a chuvas e trovoadas, sem afastar o risco de secas, a cada temporada
mais presente, as previsões para a safra que começa a ser semeada a partir de
setembro mantêm algum otimismo. As apostas convergem para algum incremento,
modesto e abaixo da média registrada nos últimos anos, para a área a ser
cultivada com soja, perspectivas mistas para o milho, embora levemente
positivas, e entusiasmo moderado com o algodão.

Mas,
quando considerado em seu conjunto, incluindo a agroindústria, fabricantes e
fornecedores de insumos e máquinas, além de prestadores de serviços, o cenário par
ao agronegócio até aqui tem confirmado uma contribuição muito mais modesta,
senão ligeiramente negativa, para a economia como um todo neste ano, conforme
já comentado neste espaço. Os dados mais recentes do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, num acompanhamento
realizado em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio virtualmente não cresceu no
acumulado entre janeiro e abril deste ano, recuando 0,05% frente aos primeiros
quatro meses de 2018 no conceito renda, que inclui as variações de volume e de
preço, adotado tradicionalmente pelo centro de estudos. No conceito de
“volume”, que se aproxima da metodologia adotada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) para aferir o PIB do País, o agronegócio
acumulou perda de 0,66% no quadrimestre.

“Pode
ser que a contribuição do agronegócio para o PIB caia um pouco neste ano, mas
tende a ser positiva ainda”, ressalva o assessor técnico da Comissão Nacional de
Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Alan Malinski. Particularmente em função
do peso do setor no comércio exterior, acrescenta ele. No ano passado, o agronegócio
respondeu por 42,4% do total exportado pelo país, participação elevada
discretamente para 43,4% nos seis primeiros meses deste ano, segundo dados do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

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Risco cambial

Malinski
e Guilherme Bellotti, analista do Itaú BBA, antecipam algum avanço para a área
de soja, num ritmo menos intenso do que nas safras anteriores, assim como para
o milho a ser plantado no verão e para o algodão. Com a tabelamento do frete
impondo limites para a prefixação de preços, o setor tende a ficar mais exposto
ao risco cambial. Bellotti não descarta a perspectiva de formação de custos de
produção sob um câmbio mais desvalorizado, o que tenderia a encarecer alguns
insumos, e a venda da safra com um dólar mais valorizado, depreciando os preços
e causando certo descasamento em relação aos custos. As vendas prefixadas do
algodão a ser colhido em 2020 foram reduzidas em junho deste ano para algo como
36% da produção esperada, diante de 47% registrados em igual período do ano
passado em Mato Grosso, envolvendo a pluma a ser colhida em 2019,menciona ele.

Balanço

·  
Ainda
em Mato Grosso, a primeira estimativa do Instituto Mato-Grossense de Economia
Agropecuária (Imea) indica variação de apenas 0,6% para a área de soja no ciclo
2019/20, depois de variar 1,7% na safra anterior.

·  
Um
dos destaques das últimas safras, o algodão poderá ter sua área ampliada em
quase 10% no ciclo 2019/20, adianta Malinski, lembrando que a produção da fibra
saltou praticamente 75% entre 2016/17 e a safra concluída em junho deste ano
(de 1,53 milhão para 2,67 milhões de toneladas).

·  
Em
outro destaque do ciclo 2018/19, a produção da segunda safra de milho está estimada
em 72,4 milhões de toneladas, um recorde, o que deverá contribuir para que o País
colha no total, incluindo a primeira safra, perto de 98,5 milhões de toneladas
do grão, um volume histórico.

·  
Os
resultados observados para a cultura até aqui poderão favorecer algum
incremento na área a destinada ao plantio da primeira safra de milho, mas
alguns analistas acreditam que os impactos tendem a ser mais importantes na
segunda safra.

·  
Os
números são ainda preliminares. Há turbulências novamente trazidas pelas
discussões sobre o tabelamento do frete, mas o cenário para o clima de forma
geral desenha-se ainda sem tormentas no horizonte.

·  
Houve
pressões sobre os custos, trazidas pelo câmbio na fase mais intensa de
contratação dos insumos, entre abril e junho, e ainda pela elevação dos preços
do petróleo no mercado internacional.

·  
Mas
o mercado do dólar parece ter se acomodado desde então e os preços do petróleo
voltaram a recuar, cedendo em relação a níveis muito próximos a US$ 70 para
algo mais próximo de US$ 63 por barril nos últimos dias.

 

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