Banco Central reduz taxa Selic para 3% ao ano para conter impacto da pandemia

Com a decisão, desta quarta-feira (6), a diminuição dos juros básicos da economia é a sétima seguida, sendo o menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986 – Foto: Reprodução.

Postado em: 06-05-2020 às 18h00
Por: Nielton Soares
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Com a decisão, desta quarta-feira (6), a diminuição dos juros básicos da economia é a sétima seguida, sendo o menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986 – Foto: Reprodução.

Em meio à crise econômica
decorrente da pandemia do novo Coronavírus, o Banco Central (BC) diminuiu os
juros básicos da economia pela sétima vez seguida. Por unanimidade, o Comitê de
Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 3% ao ano, com corte de
0,75 ponto percentual.

A decisão surpreendeu os
analistas financeiros. Segundo a pesquisa Focus do BC, a maior parte dos
agentes econômicos esperava a redução dos juros básicos para 3,25% ao ano nesta
reunião e um corte adicional, para 2,75%, em junho.

Com a decisão desta quarta-feira (6), a Selic está no menor nível desde o início da série histórica do Banco
Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em
7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano
em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos
da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando
a ser reduzida em julho de 2019.

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Inflação

A Selic é o principal instrumento
do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos 12 meses terminados
em março, o indicador fechou em 3,3%, o menor resultado acumulado em 12 meses
desde outubro do ano passado.

A inflação, que tinha subido no
fim do ano passado por causa da alta da carne e do dólar, agora deve cair mais
que o previsto por causa das interrupções da produção e do consumo provocadas
pela covid-19.

Para 2020, o Conselho Monetário
Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4%, com margem de tolerância de
1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,5% neste ano nem
ficar abaixo de 2,5%. A meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com
intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No Relatório de Inflação
divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava
que o IPCA fecharia o ano em 2,6%. A projeção, no entanto, ficou defasada
diante da pandemia de covid-19. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal
com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá
fechar o ano em 1,97%, mas as estimativas deverão continuar a cair nos próximos
levantamentos.

Crédito mais barato

A redução da taxa Selic estimula
a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o
consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de
Inflação, o BC projetava crescimento zero para a economia neste ano. No
entanto, a previsão tinha sido feita antes do agravamento da crise provocada
pelo Coronavírus.

O mercado já projeta crescimento
mais baixo. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos
preveem contração de 3,76% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e
serviços produzidos pelo país) em 2020.

A taxa básica de juros é usada
nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e
Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da
economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda
que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e
estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e
incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para
cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços
estão sob controle e não correm risco de subir. (Agência Brasil)

 

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