Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Paralisação de campos de petróleo pode gerar demissões

Baixa no preço do petróleo no mercado internacional causa hibernação de 62 plataformas brasileiras – Foto: Reprodução.

Postado em: 13-05-2020 às 18h30
Por: Nielton Soares
Imagem Ilustrando a Notícia: Paralisação de campos de petróleo pode gerar demissões
Baixa no preço do petróleo no mercado internacional causa hibernação de 62 plataformas brasileiras – Foto: Reprodução.

A suspensão da produção em
plataformas marítimas e em campos terrestres de petróleo pode levar a demissões
em massa. O alerta é da Federação Única dos Petroleiros (FUP). A entidade
sindical cita estimativa do Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (Ineep), apontando que a interrupção das atividades pode
extinguir mais de 5 mil empregos apenas na Bahia.

Em abril, a Petrobras anunciou a
hibernação de 62 plataformas em campos de águas rasas das bacias de Campos,
Sergipe, Potiguar e Ceará, por causa da baixa no preço internacional do
petróleo.

A Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) confirmou que, até o momento, 36 campos
tiveram a hibernação formalmente comunicada. Desse total, 33 são operados pela
Petrobras e 15 deles são terrestres. Os três campos no Recôncavo Baiano são os únicos
da lista da ANP que não são operados pela Petrobras.

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Segundo a FUP, a partir de abril
a empresa descontratou 20 sondas de perfuração, o que levou à demissão de 350
trabalhadores do campo terrestre de Dom João, em São Francisco do Conde, no
Recôncavo, funcionários da empresa que prestava o serviço à Petrobras. A
federação afirma que este campo iniciou o processo de hibernação.

A estatal por sua vez, não confirma
as demissões: “A Petrobras não confirma a estimativa de demissões
mencionada e ressalta que a gestão do efetivo de trabalhadores cabe às empresas
contratadas”.

Para o diretor da FUP Deyvid
Bacelar, no entanto, a atual direção da estatal tem sido irresponsável com seus
trabalhadores e com a população. “A empresa que anunciou lucro recorde em 2019
demite pessoas, abandona trabalhadores terceirizados, interrompe atividades
lucrativas alegando corte de gastos, mantém a venda de ativos como gasodutos e
refinarias, o que vai diminuir sua capacidade de sustentação econômica, e
ignora sua função social de apoio às comunidades locais onde está instalada.”,
disse.

Liminar pode suspender hibernação

Segundo a FUP, um pedido de
liminar feito no domingo (10) à Justiça Federal da Bahia quer suspender a
hibernação dos campos terrestres de petróleo e gás natural no estado. O texto
do pedido fala das perdas para o estado referentes ao pagamento de royalties.

O pedido lembra também da
responsabilidade social inerente a uma empresa pública e afirma que a
paralisação das atividades pode levar à “destruição de cerca de 10 mil postos
de trabalho direta e indiretamente” na cadeia produtiva do petróleo na Bahia,
Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará e norte do Espírito Santo.

Em nota, a Petrobras informou que
os campos terrestres que estão em processo de desinvestimento continuam em
operação, mas podem ter uma “eventual redução de atividades em campos menores”,
devido a “restrições de deslocamentos impostos pela pandemia do covid-19”.

A empresa explicou que seu foco é
em exploração e produção em águas profundas e ultraprofundas, principalmente no
pré-sal, “onde a companhia alcança melhor retorno financeiro”.

“O atual ambiente de incertezas
na indústria de petróleo, impactada pela pandemia covid-19, tem gerado uma
dinâmica bastante fluida dos mercados. A Petrobras continua monitorando a
situação e adotando as medidas necessárias para preservação do seu caixa e das
atividades da companhia”, diz a nota da Petrobras. (Agência Brasil)

 

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