Contas externas têm terceiro mês seguido de saldo positivo

O superávit em transações correntes alcançou a marca de US$ 1,326 bilhão, segundo o Banco Central (BC) brasileiro – Foto: Reprodução.

Postado em: 24-06-2020 às 16h00
Por: Nielton Soares
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O superávit em transações correntes alcançou a marca de US$ 1,326 bilhão, segundo o Banco Central (BC) brasileiro – Foto: Reprodução.

As contas externas registraram
saldo positivo pelo terceiro mês consecutivo, informou nesta quarta-feira (24)
o Banco Central (BC). Em maio, o superávit em transações correntes, que são as
compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil
com outros países, chegou a US$ 1,326 bilhão. Esse é o maior resultado para o
mês, desde maio de 2017, quando houve superávit em transações correntes de US$
2,471 bilhões. Em maio de 2019, houve déficit de US$ 1,385 bilhão.

Segundo o BC, contribuíram para
esse resultado de maio, comparado ao igual mês do ano passado, “as reduções no
déficit em renda primária [lucros e dividendos, pagamentos de juros e
salários], US$ 2,1 bilhões, e em serviços [viagens internacionais, transporte,
aluguel de equipamentos, entre outros], US$ 1,5 bilhão, em oposição à redução
de US$ 812 milhões do superávit comercial”.

O déficit em transações correntes
de janeiro a maio de 2020 somou US$ 11,334 bilhões, recuo de 38,2% em relação
aos US$ 18,339 bilhões registrados nos cinco primeiros meses de 2019.

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O déficit em transações correntes
nos 12 meses encerrados em maio de 2020 somou US$ 42,4 bilhões (2,54% do
Produto Interno Bruto – PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no
país), ante US$ 45,2 bilhões (2,64% do PIB), em abril de 2020.

Balança comercial

Em maio, as exportações de bens
totalizaram US$ 17,996 bilhões e as importações, US$ 13,791 bilhões, resultando
no superávit comercial de US$ 4,205 bilhões, contra US$ 5,017 bilhões em igual
mês do ano passado. De janeiro a maio, o superávit comercial chegou a US$
13,054 bilhões, ante US$ 17,698 bilhões do mesmo período de 2019.

Serviços

O déficit na conta de serviços
atingiu US$ 1,717 bilhão em maio, ante US$ 3,264 bilhões em igual período de
2019. Nos cinco meses do ano, o saldo negativo chegou a US$ 9,787 bilhões,
resultado menor que o registrado de janeiro a maio de 2019, de US$ 14,103
bilhões.

“Houve redução de 91,8% nas
despesas líquidas [receitas de estrangeiros no Brasil menos gastos de
brasileiros no exterior] de viagens, que totalizaram US$ 87 milhões em maio de
2020 (US$ 1,1 bilhão em maio de 2019). Na comparação interanual houve recuo de
72,9% e de 86,4% nas receitas e despesas de viagens, respectivamente.
Destacaram-se também as despesas líquidas de aluguel de equipamentos, redução
de US$ 302 milhões, para US$ 1,1 bilhão, e as despesas líquidas de transporte,
com recuo de US$ 280 milhões, para US$ 256 milhões”, diz o BC.

Em junho, até o último dia 19, a
conta de viagens gerou receitas de US$ 117 milhões e despesas de US$ 218
milhões, com déficit de US$ 101 milhões. A conta de viagens internacionais tem
sido afetada pelas restrições de entrada e saída dos países e pelas medidas de
isolamento social, necessárias para o enfrentamento da pandemia de covid-19.

Rendas

Em maio de 2020, o déficit em
renda primária chegou a US$ 1,303 bilhão, contra US$ 3,434 bilhões em igual
período de 2019. De janeiro a maio, o saldo negativo ficou em US$ 15,174
bilhões, ante US$ 22,544 bilhões em igual período do ano passado.

A conta de renda secundária
(gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de
dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$
142 milhões, contra US$ 295 milhões em maio de 2019. Nos cinco meses do ano, o
resultado positivo chegou a US$ 574 milhões, ante US$ 295 milhões em igual
período de 2019.

Investimentos

Os ingressos líquidos em
investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 2,552 bilhões no mês passado,
ante US$ 8,264 bilhões em maio de 2019. Esse resultado ficou acima do projetado
pelo BC para o mês: US$ 1,5 bilhão.

De janeiro a maio, o IDP chegou a
US$ 20,595 bilhões, ante US$ 31,659 bilhões nos cinco meses de 2019. Nos 12
meses encerrados em maio de 2020, o IDP totalizou US$ 67,5 bilhões,
correspondendo a 4,04% do PIB, em comparação a US$ 73,2 bilhões (4,27% do PIB)
no mês anterior.

Os dados do BC mostram ainda saída
líquida (descontada a entrada) de investimento em carteira no mercado doméstico
de US$ 2,184 bilhões, contra US$ 285 milhões de saída líquida em igual período
de 2019. No caso das ações e fundos de investimento, a saída totalizou US$
1,639 bilhão. A saída líquida de títulos ficou em US$ 545 milhões.

De janeiro a maio deste ano,
houve saídas líquidas de US$ 33,632 bilhões nesses tipos de investimento,
contra a entrada líquida (entrada maior que a saída) de US$ 9,677 bilhões
observados em igual período de 2019.

Neste mês, até o dia 19, houve
entrada líquida US$ 1,234 bilhão de investimentos em carteira, sendo US$ 823
milhões, em ações e US$ 411 milhões, em títulos.

Segundo o chefe do Departamento
de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, não é possível afirmar se o resultado de
junho indica uma mudança de tendência. Ele acrescentou que a situação da
economia brasileira e mundial ainda é muito incerta. “Não temos condição de
afirmar isso. Os fluxos de portfólio são muito voláteis”, disse.

Em 12 meses até maio, houve saída
líquida de investimentos em carteira de US$ 50,9 bilhões, o maior valor da
série histórica iniciada em 1995. Inicialmente essa saída foi influenciada
pelas reduções na taxa básica de juros, a Selic, que torna o investimento
estrangeiro em carteira menos atrativo.

Segundo Rocha, com a situação de
incerteza gerada pela pandemia de covid-19 muitos investidores preferiram
retirar investimentos. “Os investidores buscam se antecipar e se manter mais
líquidos em suas moedas de origem principalmente em dólar”, disse. Ele destacou
que, desse total, a maior saída ocorreu em março, no valor de US$ 22 bilhões.

Previsões

Para o mês de junho, a
expectativa do BC é que o país continue a registrar saldo positivo nas contas
externas. A estimativa para o resultado em transações correntes é de superávit
de US$ 2 bilhões, enquanto a de IDP é de ingressos líquidos de US$ 3,5 bilhões.
Neste mês até o dia 19, o ingresso de IDP chegou a US$ 2,271 bilhões. (Agência Brasil)

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