Total de desempregados e informais cresce na primeira semana de junho

O número de desocupados, numa tendência esperada, avançou 3,2% na mesma comparação, saindo de 10,875 milhões para 11,228 milhões de pessoas - Foto: Divulgação

Postado em: 27-06-2020 às 06h01
Por: Sheyla Sousa
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O número de desocupados, numa tendência esperada, avançou 3,2% na mesma comparação, saindo de 10,875 milhões para 11,228 milhões de pessoas - Foto: Divulgação

Lauro Veiga

Lembram-se dos números apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) semanal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até maio? Pois é, saíram na quarta-feira. Dois dias depois, o IBGE liberou a edição mais recente da mesma pesquisa, cobrindo a primeira semana de junho, e mostrou uma piora no desemprego e na informalidade, associada ainda a uma redução no emprego formal, o que deverá ter reflexos sobre a renda e, claro, sobre a disposição para consumir das famílias de uma forma mais geral. A evolução do quadro no mercado de trabalho parece sugerir, numa leitura possível, uma recuperação mais complicada de toda a economia quando isso for possível, numa perspectiva de mais longo prazo (quer dizer, mais longo do que o cenário considerado pela equipe econômica, que continua a sugerir a volta do crescimento a partir já do próximo trimestre).

Entre a semana final de maio e a primeira deste mês, o total de pessoas com algum tipo de ocupação recuou de 84,431 milhões para 83,733 milhões, em grandes números, correspondendo ao fechamento de 698,373 mil vagas (em apenas uma semana, ainda que na leitura do IBGE essa “variação” seja entendida como “estabilidade”, ou estatisticamente pouco relevante”). O número de desocupados, numa tendência esperada, avançou 3,2% na mesma comparação, saindo de 10,875 milhões para 11,228 milhões de pessoas – quer dizer, mais 352,659 mil pessoas perderam o emprego. A taxa de desocupação variou de 11,4% para 11,8% (para relembrar, a taxa de desemprego havia alcançado 10,4% na segunda semana de maio).

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Os números do desemprego poderiam ser muito maiores se 446,056 mil pessoas não tivessem desistido de procurar emprego e deixado a força de trabalho na semana. Na prática, a taxa já tem sido muito mais elevada do que aponta aquele indicador, conforme mostrou a coluna publicada na edição de quinta-feira deste jornal. Isso porque, entre as quase 75,046 milhões de pessoas que estão fora da força de trabalho (quer dizer, não estavam ocupadas e nem procuraram uma ocupação), pelo menos 35,8% gostariam de trabalhar.

Desocupação crescente

Aquele contingente reunia, até a primeira semana de junho, perto de 26,838 milhões de pessoas, praticamente 1,162 milhão a mais do que na semana final de maio (o que correspondeu a um crescimento de 4,5%). Na soma de desempregados com as pessoas que ficaram fora do mercado, mas gostariam de trabalhar, a pesquisa identificou pelo menos 38,066 milhões de pessoas, o que faria a “taxa ampla de desemprego” (denominação escolhida pela coluna, à falta de uma classificação mais adequada) subir para 31,3%. Também aqui, a tendência tem sido de elevação, considerando-se que a mesma taxa se encontrava em 29,9% na terceira semana de maio, passando para 30,2% na semana seguinte.

Balanço

  •  Desde a terceira semana de maio, o total de ocupações, que somava ali 84,777 milhões de pessoas, encolheu 1,2%, causando o encerramento de praticamente 1,045 milhão de empregos. Na mesma comparação, o total de desocupados saltou 11,9%, acrescentando 1,191 milhão de desempregados aos 10,037 milhões de trabalhadores na mesma situação até a terceira semana do mês passado, o que correspondeu a uma taxa de desemprego então de 10,6%.
  •  A PNAD da Covid-19, como essa versão da pesquisa tem sido denominada, apresenta ainda um incremento de 2,4% no total de informais na passagem da quarta semana de maio para a primeira de junho, num avanço de 29,091 milhões para 29,783 milhões (691,594 mil a mais). A taxa de informalidade, categoria que inclui empregados do setor privado sem carteira, trabalhadores domésticos igualmente sem registro, empregadores e trabalhadores por conta própria que não contribuem para a Previdência e trabalhadores não remunerados que ajudam parentes ou moradores do mesmo domicílio, elevou-se de 34,5% para 35,6%.
  •  O salto foi mais pronunciado se comparado à terceira semana de maio, quando a pesquisa chegou a registrar 28,497 milhões de pessoas na informalidade. Em duas semanas, esse número apresentou crescimento de 4,5%, correspondendo a 1,286 milhão de pessoas a mais lançadas na informalidade.Não por coincidência, esse crescimento coincide com o começo da liberalização das atividades econômicas em diversas regiões do País.
  •  Também não por coincidência, o aumento da informalidade tem sua contraparte na queda no total de empregos formais, que tem se acentuado desde a quarta semana de maio. As ocupações formais, que alcançaram 56,280 milhões de pessoas na terceira semana de maio, baixaram 1,7% na quarta semana, para 55,340 milhões, e voltaram a cair na primeira semana de junho, para 53,950 milhões, num recuo de 2,5%. Em duas semanas, portanto, o mercado descartou 2,330 milhões de empregos formais, correspondendo a uma queda de 4,1%.
  •  Analisado como proporção do total de ocupados, os empregos formais passaram a representar 64,4% do total, diante de uma participação de 66,4% na terceira semana de maio.
  •  Numa nota um pouco mais animadora, a pesquisa aponta que o número de pessoas internadas se manteve relativamente estável, mas ainda elevado, na faixa de 121,0 mil, o que correspondeu a 12,8% das 943,0 mil que buscaram atendimento na rede de saúde pública, privada ou das forças armadas na primeira semana deste mês.

  

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