Embraer anuncia demissão de 900 empregados no Brasil

“O objetivo é assegurar a sustentabilidade da empresa e sua capacidade de engenharia”, informou companhia | Foto: Reprodução.

Postado em: 03-09-2020 às 16h42
Por: Nielton Soares
Imagem Ilustrando a Notícia: Embraer anuncia demissão de 900 empregados no Brasil
“O objetivo é assegurar a sustentabilidade da empresa e sua capacidade de engenharia”, informou companhia | Foto: Reprodução.

A Embraer anunciou nesta
quinta-feira (3) a demissão de 900 funcionários da empresa no Brasil. O
montante, segundo a companhia, equivale a 4,5% do efetivo total. A medida,
de acordo com a fabricante de aviões, decorreu dos impactos causados pela
covid-19 na economia global e pelo cancelamento da parceria com a Boeing.

“O objetivo é assegurar a
sustentabilidade da empresa e sua capacidade de engenharia”, destacou a
Embraer, em nota.

Segundo a empresa, a pandemia
afetou principalmente o seu setor de aviação comercial que, no primeiro
semestre de 2020, apresentou redução de 75% das entregas de aeronaves, em
comparação com o mesmo período do ano passado.

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A Embraer ressaltou que a
situação se agravou com a necessidade de duplicação de estruturas para atender
a separação da aviação comercial, em preparação à parceria não concretizada com
a Boeing, e pela falta de expectativa de recuperação do setor de transporte
aéreo no curto e médio prazo.

“Desde o início da pandemia, a
Embraer adotou uma série de medidas para preservar empregos como férias
coletivas, redução de jornada, lay-off, licença remunerada e três planos de
demissão voluntária (PDV). Também reduziu o trabalho presencial nas plantas
industriais com o objetivo de zelar pela saúde dos colaboradores e garantir a
continuidade dos negócios”, disse, em nota.

Segundo a empresa, os três PDVs
realizados registraram adesão voluntária de cerca de 1,6 mil empregados no
Brasil.

Sindicato

O Sindicato dos Metalúrgicos de
São José dos Campos disse que as demissões foram feitas sem qualquer negociação
com os trabalhadores e em desacordo com compromisso da companhia de preservar
empregos, assinado em abril. A entidade representante dos trabalhadores
ressaltou ainda que as dificuldades enfrentadas pela empresa foram causadas
pela má gestão do conselho administrativo da Embraer na negociação com a
Boeing, e não pela pandemia da covid-19.

“As demissões foram feitas sem
qualquer negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos,
ferindo acordo para preservação de emprego assinado em 9 de abril (cláusula 8.1),
justamente num período de calamidade pública provocada pela pandemia do
coronavírus”, disse o sindicato em nota.

“Estudos mostram que as
dificuldades financeiras foram provocadas pela má gestão do Conselho
Administrativo na negociação com a Boeing. As perdas geradas pelo processo de
venda chegaram a R$ 1,2 bilhão. Já as geradas pela pandemia ficaram em R$ 83,7
milhões”, acrescentou a entidade.

O sindicato destacou que vai
cobrar do poder público medidas que proíbam as demissões e ressaltou que a
Embraer recebeu, em 2020, R$ 3 bilhões em financiamento aprovado pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos privados.

Como forma de preservar os
empregos, o sindicato disse que irá propor à Embraer o cancelamento imediato de
todas as demissões, inclusive as relativas ao PDV, estabilidade no emprego, e
equalização dos altos salários da empresa.

“De acordo com documento oficial
da Embraer, anexado em processo judicial na 3ª. Vara Federal de São José dos
Campos, há pessoas recebendo mais que um salário mínimo por dia na empresa
(doc. 4 do processo).  A equalização
salarial poderia preservar centenas de empregos na fábrica”. (Agência Brasil)

 

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