Em outubro, saldo comercial de Goiás atinge nível mais baixo desde 2016

Em comparação com outubro do ano passado, as vendas externas sofreram baixa de 23,35% - Foto: Reprodução

Postado em: 10-11-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Em outubro, saldo comercial de Goiás atinge nível mais baixo desde 2016
Em comparação com outubro do ano passado, as vendas externas sofreram baixa de 23,35% - Foto: Reprodução

Lauro Veiga Filho  

Num
mês de baixa para exportações e importações, o saldo comercial do Estado com o
restante do mundo caiu em outubro para o nível mais baixo para o período desde
2016, de acordo com as séries estatísticas do Ministério da Economia. Na
comparação com outubro do ano passado, as vendas externas sofreram baixa de
23,35%, saindo de US$ 715,928 milhões para US$ 548,768 milhões no mesmo mês
deste ano, o terceiro pior resultado mensal de 2020. As compras externas
recuaram 14,47% na mesma comparação, passando de US$ 362,165 milhões para US$
309,745 milhões.

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Com
perdas maiores na ponta das exportações, explicadas parcialmente pelo tombo de
quase 69,0% nas vendas de soja em grão, o superávit comercial encolheu 32,43%,
encolhendo para US$ 239,023 milhões no mês passado, diante de US$ 353,763
milhões em igual período de 2019. Em outubro de 2016, a diferença entre
exportações e importações havia alcançado US$ 138,057 milhões. O tropeço
registrado em outubro deste ano, no entanto, não deverá impedir que os números
do comércio exterior alcancem novos recordes até o fechamento do ano,
principalmente no caso das exportações e também no saldo com os demais mercados
ao redor do mundo.

As
exportações vinham crescendo desde março, sob influência dos embarques
crescentes registrados para a soja e para as carnes, numa reação frente a
tombos severos observados nos primeiros dois meses deste ano, sempre em relação
aos mesmos meses de 2019. O mesmo vinha ocorrendo com o saldo comercial, que
apresentou forte incremento de março a setembro até desabar em outubro. As
importações, numa tendência inversa, registraram em outubro o sétimo mês
consecutivo de perdas, na comparação com períodos idênticos de 2019, refletindo
a crise trazida pela pandemia, determinando um ritmo mais fraco para a demanda
doméstica, e ainda a forte desvalorização do real frente ao dólar e demais
moedas estrangeiras, o que encareceu as compras de mercadorias importadas.

Recordes

No
acumulado entre janeiro e outubro deste ano, o Estado exportou qualquer coisa
ao redor de US$ 6,974 bilhões, um recorde absoluto para o período na série de
dados do governo. O número correspondeu a um crescimento de 17,53% diante dos
quase US$ 5,934 bilhões exportados nos 10 primeiros meses de 2019 (num
acréscimo de praticamente US$ 1,040 bilhão entre um período e o outro). As
importações sofreram redução de 9,67% quando considerado idêntico período,
saindo de US$ 2,999 bilhões para US$ 2,709 milhões (ou seja, US$ 289,878
milhões a menos). O superávit na balança comercial do Estado (exportações menos
importações) saltou 45,31% e bateu novo recorde para o período, subindo de US$
2,935 bilhões nos 10 meses iniciais de 2019 para US$ 4,265 bilhões no acumulado
entre janeiro e outubro deste ano, praticamente US$ 1,330 bilhão a mais.

Balanço

·  
A
retração das importações neste ano tem se concentrado em torno de meia dúzia de
setores ou grupo de produtos e atingiu de forma mais destacada a indústria
automotiva e de máquinas agrícolas. O setor respondeu por pouco mais de dois
quintos da queda registrada pelas compras totais realizadas pelas empresas em
operação no Estado ao longo dos primeiros 10 meses deste ano.

·  
Nos
dados do Ministério da Economia, as importações de veículos automotivos,
tratores, suas peças e acessórios sofreram corte de precisamente um terço em
relação ao acumulado entre janeiro e outubro do ano passado, quando haviam
somado US$ 370,672 milhões. Neste ano, até outubro, as compras do setor
baixaram para US$ 246,992 milhões, num corte de US$ 123,680 milhões (ou seja,
uma redução de 33,37%).

·  
A
segunda maior contribuição negativa veio do segmento de caldeiras, máquinas,
aparelhos e instrumentos mecânicos, com redução de 30,85% nas importações, que
saíram de US$ 315,949 milhões para US$ 218,470 milhões. As compras de adubos
baixaram 10,74% entre os dois períodos analisados, saindo de US$ 542,487
milhões para US$ 484,206 milhões, enquanto as importações de máquinas e aparelhos
elétricos, equipamentos de imagem, som e de televisores encolheram 33,18% (de
US$ 100,488 milhões para US$ 67,145 milhões).

·  
A
entrada de produtos farmacêuticos importados, incluindo medicamentos
veterinários, sofreu baixa de 0,89% ate outubro, passando de US$ 957,332
milhões para US$ 948,843 milhões. Na soma geral, as compras realizadas lá fora
pela indústria de transformação, como já sugerem os dados acima, foram as mais
afetadas pela crise, caindo 9,91% em relação aos 10 meses iniciais de 2019 e recuando
de US$ 2,953 bilhões para US$ 2,660 bilhões.

·  
O
avanço das exportações deveu-se quase exclusivamente à demanda chinesa,
sobretudo em relação à soja em grão e à carne bovina. Goiás exportou US$ 3,238
bilhões para a China entre janeiro e outubro deste ano, num salto de 51,94%
frente aos 10 primeiros meses de 2019 (US$ 2,131 bilhões). Isso significa que
46,43% de tudo o que o Estado exportou tiveram como destino os portos chineses,
acima a participação de 35,91% registrada de janeiro a outubro de 2019.

·  
As
vendas goianas para outros mercados anotaram baixa de 1,76% neste ano, saindo
de US$ 3,803 bilhões para US$ 3,736 bilhões.

·  
Os
chineses foram ainda responsáveis por 84,16% do incremento registrado pelo
saldo comercial goiano com todo o mundo neste ano. De fato, o superávit
comercial entre Goiás e a China avançou de US$ 1,744 bilhão entre janeiro e
outubro de 2019 para quase US$ 2,864 bilhões neste ano, num salto de 64,16% (ou
US$ 1,119 bilhão a mais). Até outubro de 2019, os chineses respondiam por 59,43%
de todo o saldo comercial goiano, participação elevada agora para 67,14%.

·  
Essa
relação muito próxima e a dependência em relação ao mercado chinês, como a
coluna tem chamado a atenção, reforçam que o Estado teria muito a perder na
hipótese, agora mais distante com a derrota de Donald Trump, de agravamento nas
relações entre Brasil e China.

 

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