Produção cresce por cinco meses (depois de cair por cinco meses)

Alta consecutiva teve inicio após a retomada gradual da economia. Durante a quarentena, a queda foi recorde - Foto: Reprodução

Postado em: 11-11-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Produção cresce por cinco meses (depois de cair por cinco meses)
Alta consecutiva teve inicio após a retomada gradual da economia. Durante a quarentena, a queda foi recorde - Foto: Reprodução

Lauro Veiga Filho  

A
produção industrial em Goiás engrenou em setembro o quinto mês consecutivo de
alta na comparação com os mesmos meses de 2019, sustentada basicamente pela
indústria de alimentos. A indústria voltou a reduzir a distância que a separa
de seu melhor momento, registrado em julho de 2016, restando, no entanto, uma
perda de 1,1% desde lá até o nono mês deste ano. Numa leitura mais realista (ou
pessimista, a depender da ótica adotada), depois de 52 meses, a produção não
conseguiu ainda reeditar seus números mais auspiciosos, o que reforça um cenário
de recuperação modesta e sujeita a altos e baixos, mesmo se desconsiderado o
período da pandemia do novo coronavírus.

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No
curtíssimo prazo, comparando setembro com agosto deste ano, a produção goiana
anotou variação de apenas 0,4%, depois de ter avançado 0,9% um mês antes. O
resultado divulgado em outubro indicava uma elevação de 1,2% para agosto na
comparação com julho, agora revisada pela edição divulgada ontem da pesquisa
mensal da produção industrial regional do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).Apenas para anotação, o desempenho goiano foi o quinto pior
entre as regiões acompanhadas pelo instituto.

Se
comparada ao mesmo mês do ano passado, a produção avançou 5,3% em setembro,
depois de crescer 3,6% em agosto e 4,4% em julho (sétima maior variação entre
os Estados pesquisados). Como já destacado, foram cinco meses de números
positivos a partir de maio. Nos cinco meses anteriores, ou seja, entre dezembro
de 2019 e abril deste ano, já em meio à pandemia, os números haviam sido todos
negativos, com o pior resultado observado em dezembro. No último mês de 2019, a
produção chegou a cair 3,5% em relação ao último mês de 2018 (perda mais
intensa do que aquela observada na própria pandemia).

Entre
janeiro e setembro deste ano, frente a mesmo intervalo de 2019, a produção da
indústria em geral variou 2,5%, com redução de 1,4% para o setor de extração
mineral e elevação de 2,7% na indústria de transformação.

Altas
e baixas

Na
série de dados dessazonalizados (quer dizer, descontados fatores que se repetem
em determinados períodos do ano e que podem afetar a comparação para mais ou
para menos), a produção realizada em março deste ano havia acumulado um tombo
de 7,2% em relação a outubro, quando o setor mais havia se aproximado do pico
registrado em julho de 2016 na série mais recente. Os volumes produzidos em
outubro do ano passado haviam sido apenas 0,7% mais baixos do que em julho de
2016. Entre março e setembro deste ano, a produção avançou 7,3%, mantendo-se
ainda 0,4% abaixo dos níveis de outubro do ano passado. É provável, mantida a
tendência atual e sem novas ameaças adiante, que a produção ultrapasse aquela
registrada em outubro de 2019 e se aproxime mais do pico, encerrando o ano em
terreno positivo. Mas a série histórica recente mostra um comportamento
oscilante, intercalando ganhos e momentos de retração e, neste caso, exatamente
nos meses que antecederam a chegada do Sars-CoV-2.

Balanço

·  
Não
seria exagero afirmar que o avanço recente da produção no Estado poderia ser
explicado principalmente pela indústria de bens alimentícios. O setor
apresentou um salto de 11,9% em relação a setembro do ano passado, depois de
experimentar alguma desaceleração entre julho e agosto, saindo de alta de 5,6%
para 3,7%.

·  
O
IBGE atribui o salto em setembro ao aumento da produção de açúcares, extrato e
polpas de tomate, leite pasteurizado e conservas de milho.

·  
Na
prática, o setor de alimentos segurou o crescimento e compensou as perdas
sofridas pelas indústrias de biodiesel, metalurgia (com retrocesso na produção
de ouro, ferronióbio e ferroníquel), de produtos de metal e de veículos. Se
desconsiderada a contribuição da indústria alimentícia, a produção do restante
da indústria teria recuado 0,7% em relação a setembro do ano passado.

·  
Ao
longo de setembro, o balanço entre perdas e ganhos registrou alguma piora em
relação ao mês imediatamente anterior. Em agosto, a pesquisa do IBGE apontava
apenas três setores com resultados negativos em relação ao mesmo mês de 2019,
com altas para seis segmentos da indústria. Em setembro, houve baixa para cinco
setores e apenas quatro apresentaram números positivos.

·  
A
indústria de alimentos respondeu ainda por pouco mais de 99,0% do crescimento
acumulado pela produção industrial em Goiás entre janeiro e setembro deste ano,
na comparação com os mesmos nove meses do ano passado, crescendo 4,7%. Com a
exclusão do setor, o restante da indústria estaria virtualmente estagnado, com
variação de 0,02% naquela comparação.

·  
Em
grande medida, esses números estão relacionados ao setor de montagem de
veículos automotores, reboques e carrocerias, que continua a experimentar
números extremamente negativos, mesmo nas edições mais recentes da pesquisa. Em
setembro, comparado a igual período do ano passado, a produção desabou 35,3% e
passou a acumular uma perda de 38,7% no acumulado do ano.

·  
Assim,
desconsiderando alimentos e automóveis, o resto da produção chegou a avançar
0,44% entre setembro de 2019 e o mesmo mês deste ano. No acumulado do ano, os
demais setores cresceram em conjunto perto de 1,4%. De fato, um número
positivo, mas inferior aos 2,5% registrados pelo setor como um todo, com larga
contribuição dos alimentos, como visto.

·  
A
fabricação de produtos de metal encolheu 22,9% em setembro, puxada pela redução
na produção de embalagens metálicas, esquadrias e estruturas de ferro e aço e
esquadrias de alumínio. Apenas a produção de esponjas de aço experimentou
crescimento.

·  
Para
compensar, a produção de outros produtos químicos (adubos e fertilizantes), de
minerais não metálicos (cimento e concreto, telhas e asfalto) e medicamentos
registrou saltos de 19,2%, de 17,2% e de 11,0% na comparação com setembro de
2019. Na indústria extrativa, a produção caiu 8,7% em setembro, levando o setor
a acumular perda de 1,4% no ano.

 

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