Indicadores apontam fraco resultado para o PIB goiano no quarto trimestre

Os números da produção industrial não autorizam prognósticos animadores, diante do tombo de 6,2% registrados - Foto: Divulgação

Postado em: 11-02-2021 às 23h59
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Indicadores apontam fraco resultado para o PIB goiano no quarto trimestre
Os números da produção industrial não autorizam prognósticos animadores, diante do tombo de 6,2% registrados - Foto: Divulgação

Lauro Veiga

A
divulgação ontem da pesquisa sobre o setor de serviços do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) completou o quadro dos principais indicadores
econômicos em 2020 e o cenário antecipado para o quarto trimestre parece muito
pouco lisonjeiro para a economia em Goiás e no restante do País. No caso
goiano, o comércio varejista em seu conceito ampliado, com inclusão dos setores
de motos e veículos, autopeças e materiais de construção, sugere alguma
compensação para os maus resultados observados para a indústria e para os
serviços em geral.

De
qualquer forma, os números da produção industrial não autorizam prognósticos
animadores, diante do tombo de 6,2% registrado pelo IBGE na comparação entre o
trimestre final de 2020 e igual período de 2019. O dado veio muito abaixo do resultado
acumulado no mesmo trimestre pela indústria em todo o País, com avanço de 3,4%
depois de quatro trimestres consecutivos de perdas. A despeito dessa variação,
a produção da indústria fechou o ano, como já divulgado, em baixa de 4,5%.

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De
volta ao cenário goiano, o setor de serviços sofreu recuo de 1,5% no quarto
trimestre do ano passado, depois de cair 2,9% no primeiro trimestre e
colecionar baixas de 14,9% e 9,4% no segundo e terceiro trimestres. No
acumulado de 2020, os serviços encolheram 7,2% em Goiás, muito próximo do tombo
de 7,8% acumulado em todo o País – o pior resultado desde que esse tipo de
estatística começou a ser acompanhada pelo IBGE. Com esse resultado, o setor
fechou um período de seis anos de retração ou baixíssimo crescimento, levando o
nível de atividade dos serviços a apresentar retração de 14,5% em relação ao
seu melhor momento, registrado em novembro de 2014.

 

Comércio oscila

O
varejo ampliado, na medição do IBGE, apresentou avanço de 4,2% no quarto
trimestre, mesma taxa observada no trimestre anterior (em todos os casos, a
variação ocorre em relação a idênticos períodos de 2019). Na comparação
bimestral, a pesquisa do instituto identifica certa desaceleração no ritmo do
comércio, saindo de alta de 6,7% para 3,3% entre o quinto e o sexto bimestres.
Em dezembro, de qualquer forma, as vendas baixaram 3,7% sobre novembro e
cresceram 2,6% em relação a dezembro de 2019 (depois de
terem crescido 4,2% um mês antes). Em Goiás, o setor alternou altas de 5,1% em
outubro e de 3,0% em dezembro com a redução de 2,1% observada em novembro. As
vendas no varejo amplo em Goiás fecharam o ano em baixa de 2,3% no ano.

 

Balanço

·  
Para
uma avaliação final, seria necessário aguardar os dados da agropecuária no
último trimestre do ano passado. Mais uma vez, no entanto, ainda que esse dado
venha positivo, não deverá ter força suficiente para compensar as perdas
realizadas pelos serviços e pela produção industrial, setores que em conjunto
respondem por alguma coisa acima de 80% do PIB estadual.

·  
Um
resultado eventualmente negativo no final de 2020 trará ainda reflexos sobre a
economia nos primeiros meses do ano novo e Goiás não deixará de ser
influenciado ainda pelo recrudescimento da pandemia, pelo fim do auxílio
emergencial e pelo desemprego ainda suficientemente elevado para abortar uma
tendência de retomada mais duradoura.

·  
Mesmo
que a vacinação ganhe um ritmo mais acelerado nas próximas semanas, como é
esperado, seu impacto sobre a economia tende a se alongar no tempo, já que a
normalização das atividades econômicas tende a demorar um pouco mais do que
antecipam os prognósticos mais afoitos. Todos esses fatores sugerem cautela na
avaliação das perspectivas econômicas no curtíssimo prazo. Até aqui, não há
fatores para sustentar otimismos.

·  
A
pesquisa do IBGE sobre os serviços trouxe recuo de 0,2% na passagem de novembro
para dezembro em todo o País, com retração de 3,6% nos serviços prestados às
famílias (hotéis, bares, cinemas e entretenimento em geral, entre outras
categorias). Comparados a dezembro de 2019, os serviços em geral caíram 3,3% e
encerraram o ano com perda recorde de 7,8%, conforme já anotado.

·  
A
atividade em Goiás apresentou números melhores do que a média brasileira, com
variação de 1,0% em dezembro frente ao mês imediatamente anterior e alta de
3,6% diante de igual mês de 2019 (mas queda de 7,2% em todo o ano).

·  
A
alta em relação a dezembro de 2019 esteve totalmente concentrada nos serviços
profissionais e administrativos, que cresceram 24,5% no período e encerraram o
ano em alta de 8,1%. Os serviços prestados às famílias e de transportes
sofreram baixas de 5,4% e de 0,9%, pela ordem, entre novembro e dezembro. Em
todo o ano passado, o primeiro segmento despencou 34,7% frente a 2019, enquanto
o segundo encolheu 5,0%.

·  
Os
serviços profissionais e administrativos incluem advogados, consultores,
auditores, contadores, serviços técnicos de engenharia e arquitetura,
corretores de imóveis, teleatendimento, serviços de locação de máquinas e de
veículos e limpeza geral, entre outros. Alguns desses profissionais, com
certeza no caso do teleatendimento, passaram a ser mais procurados em tempos de
pandemia. Em outros, a reação esboçada pela construção, caso de engenheiros e
arquitetos, contribuiu para injetar alguma vapor em suas atividades. 

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