Consultas ao BNDES avançam 72,4%, mas tendência se inverte no fim do ano

Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Quarta-feira (17/3) | Foto: Reprodução

Postado em: 17-03-2021 às 08h00
Por: Sheyla Sousa
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Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Quarta-feira (17/3) | Foto: Reprodução

Lauro Veiga 

As
consultas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no
ano passado experimentaram salto de 72,4% em Goiás no ano passado, num
desempenho ainda a ser melhor “traduzido” quando a instituição divulgar dados
mais detalhados sobre o assunto, incluindo os setores que apresentaram pedidos
de empréstimo ao banco. O número consolidado mostra que as consultas, um
indicador que pode antecipar decisões de investimento na economia, avançaram de
R$ 2,037 bilhões em 2019 para R$ 3,513 bilhões no ano passado, em valores
nominais (ou seja, não atualizados com base na inflação). A participação goiana
nas consultas totais encaminhadas pelas empresas ao banco em todo o País
recuou, no entanto, de 3,30% para 2,82%.

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Todo
o crescimento foi registrado no segundo e terceiro trimestres de 2020,
paradoxalmente em meio a uma das fases mais duras da pandemia naquele ano, já
que as consultas experimentaram forte contração no quarto trimestre, baixando
25,7% em relação a igual período de 2019. Ainda em valores nominais, entre
outubro e dezembro do ano passado, as consultas acumularam um valor próximo a
R$ 637,073 milhões, diante de R$ 857,951 milhões em igual trimestre de 2019.
Registrou-se, portanto, uma reversão da tendência observada nos trimestres
anteriores.

No
segundo trimestre do ano passado, o banco registrou salto de impressionantes
260,8% frente ao mesmo intervalo de 2019, com o valor das consultas saindo de
R$ 268,129 milhões para R$ 967,280 milhões. No terceiro trimestre, as consultas
somaram R$ 1,425 bilhão e o crescimento chegou a 198,7% igualmente em relação a
período idêntico do ano anterior, quando o banco havia registrado R$ 477,055
milhões. O total de consultas em 2019 havia atingido seu menor nível, ainda em
valores nominais, desde 2003, caindo 4,6% frente a 2018. O pico histórico em
Goiás, na série de dados do BNDES, ocorreu em 2014, quando as consultas haviam
alcançado R$ 8,657 bilhões – o que significa dizer que, no ano passado, a
despeito do avanço observado, as consultas ainda se encontravam 59,4% abaixo da
sua melhor marca.

Desembolsos

Sempre
em valores nominais, os desembolsos no ano passado somaram pouco mais de R$
1,790 bilhão, numa variação de 8,56% em relação a 2019, quando as empresas
goianas receberam uma injeção de R$ 1,649 bilhão, com participação do Estado no
total desembolsado recuando levemente de 2,98% para 2,76%. Comparados a 2014,
quando atingiram o recorde até aqui na série estatística do BNDES,
aproximando-se de R$ 5,455 bilhões. Desde lá, portanto, os desembolsos
desabaram 67,1%. O crescimento observado na passagem de 2019 para 2020 em Goiás
ficou aquém do desempenho médio em todo o País, já que o desembolso total
aumentou 17,4% em meio ao esforço realizado pelo banco para apoiar
especialmente empresas de médio e pequeno portes durante a pandemia.

Balanço

Analisado
por setor de atividade, o crescimento experimentado pelos desembolsos em Goiás
concentrou-se largamente no setor agropecuário, que respondeu por quase 58,0%
do total no ano passado (diante de 57,1% em 2019). As empresas do setor
contrataram R$ 1,037 bilhão no ano passado, num avanço de 10,2% frente a 2019
(R$ 941,460 milhões).

Mas
a contribuição do setor para o crescimento geral dos desembolsos no ano passado
foi ainda mais amplo, superando ligeiramente os 68,0%. A segunda maior
contribuição veio do setor de comércio e serviços, obviamente os mais afetados
pelas medidas de distanciamento social adotadas durante a pandemia.

Os
desembolsos para aquele setor subiram 13,2% em 2020, saindo de R$ 584,273
milhões para R$ 661,473 milhões. Portanto, somados, os desembolsos para a
agropecuária e par o setor de comércio e serviços responderam por 94,9% do
total no Estado.

Mas
foram registradas perdas relevantes para setores importantes da economia,
responsáveis pelos melhores empregos e pela produção de inovações. Na indústria
de transformação, os desembolsos encolheram 29,7%, de R$ 119,544 milhões para
R$ 84,006 milhões. O trombo ficou concentrado principalmente na indústria de
produtos alimentícios, um dos setores considerados essenciais e que não
chegaram a paralisar suas atividades ao longo do ano passado.

A
indústria de alimentos recebeu R$ 22,578 milhões do BNDES, depois de ter
contratado R$ 71,011 milhões em 2019, consolidando um tombo de 68,2% e anulando
ganhos eventuais registrados em outros setores da indústria.

A
indústria de bebidas, por exemplo, experimentou um salto de praticamente 420,0%
nos desembolsos, muito provavelmente porque a base para comparação já era muito
reduzida. O setor havia recebido apenas R$ 835,814 mil em 2019 e o valor
desembolsado pelo BNDES para financiar indústrias do setor elevou-se para R$
4,346 milhões no ano passado.

A
indústria farmoquímica e farmacêutica registrou alta de 290,5% no total de
desembolsos, saindo de R$ 1,692 milhão para R$ 6,607 milhões. Esta também foi
uma indústria que se manteve em operação no ano passado, embora os indicadores
de produção nem sempre tenham sido positivos.

A
indústria de extração mineral igualmente registrou avanço expressivo para os
desembolsos, numa alta de 92,5% (de R$ 3,746 milhões para R$ 7,212 milhões).

Os
projetos de infraestrutura, ao contrário, sofreram com a queda de 34,2% no
valor dos desembolsos, que saíram de R$ 396,094 milhões para R$ 260,632
milhões. O pior resultado veio do setor de energia, onde os desembolsos
despencaram 88,1% (de R$ 184,638 milhões para R$ 22,006 milhões). As empresas
de água, esgoto e lixo (coleta e tratamento) receberam quase 20,0% a menos (R$
2,707 milhões em 2019 e R$ 2,168 milhões em 2020).

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