Indústria goiana registra o pior fevereiro dos últimos oito anos

Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Sexta-feira (9/4) | Foto: Reprodução

Postado em: 09-04-2021 às 07h50
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Indústria goiana registra o pior fevereiro dos últimos oito anos
Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Sexta-feira (9/4) | Foto: Reprodução

Lauro Veiga 

A
indústria goiana conseguiu sair-se melhor na crise da pandemia do que o
restante do setor no País até o terceiro trimestre do ano passado. Depois
disso, os sinais se inverteram e oscilações ocasionais não conseguiram alterar
a tendência predominante de perdas para o setor no Estado, como mostram os
dados da pesquisa mensal da produção industrial regional do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, conforme divulgado
ontem pela instituição, o nível de produção atingiu seu nível mais baixo para o
mês desde 2013, há oito anos, portanto.O Estado registrou o quinto pior
desempenho entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, encolhendo 7,7% em relação a
fevereiro de 2020 e mantendo-se 9,6% abaixo de seu melhor momento, observado em
outubro de 2019.

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Na
série estatística da pesquisa, a produção vem caindo desde outubro do ano
passado, quando se considera o mesmo mês do ano imediatamente anterior,
baixando 9,1% naquele mês. Em novembro e dezembro, a indústria encolheu 4,5% e
3,3% respectivamente, desabando 10,2% em janeiro e 7,7% em fevereiro deste ano,
passando a acumular perda de 9,0% nos primeiros dois meses de 2021. No País
como um todo, a produção avançou 1,3% no acumulado deste ano, depois de avançar
3,5% no quarto trimestre de 2020 (frente ao trimestre final de 2019).

A
queda em Goiás ganhou intensidade no começo deste ano, ainda antes da piora
radical no quadro sanitário, com número de casos de contágio e de mortes
alcançados a níveis espantosamente recordes desde o começo da pandemia, em
fevereiro do ano passado. A produção, que chegou a avançar 3,5% no terceiro
trimestre de 2020, encolheu 6,2% no trimestre seguinte (fechando o ano em
estagnação virtual, variando 0,1%) para cair ainda mais no primeiro bimestre
deste ano, conforme anotado acima. Os índices consideram a comparação com os
mesmos períodos do ano anterior, para deixar claro. Até o momento, não parecem
haver indícios de alguma mudança no cenário – ao contrário, a adoção de medidas
mais restritivas para tentar conter o coronavírus tendem a trazer números
negativos nos próximos meses.

Mês a mês

Se
considerado o mês imediatamente anterior, a produção do setor em Goiás
registrou a primeira alta depois de cinco meses de queda, avançando2,0% na
passagem de janeiro para fevereiro. Ainda assim, entre junho do ano passado e
fevereiro deste ano, a indústria encolheu 5,5%. Na média brasileira, a produção
industrial sofreu recuo de 0,7%. A pesquisa do IBGE não permite identificar os
setores da indústria regional que mais influíram no resultado mês a mês. Mas o
desempenho frente ao mesmo mês do ano passado mostra forte influência negativa
de dois dos principais segmentos da indústria no Estado – alimentos e produtos
farmoquímicos e farmacêuticos. São setores mais diretamente influenciados pelo
comportamento da renda das famílias, que tem sofrido perdas agravadas pelo
desemprego elevado.

Balanço

Tomando
fevereiro de 2020 como base, apenas dois segmentos registraram dados positivos
em Goiás. A produção saltou 22,4% na indústria de produtos minerais não
metálicos, influenciada pelo crescimento na fabricação de massa para concreto,
cimentos do tipo Portland, telhas e misturas betuminosas para a produção de
asfalto (provavelmente puxadas pelos programas de recuperação de rodovias do
Estado e da prefeitura de Goiânia, que ainda não havia sido interrompido pela
Câmara). No primeiro bimestre, a produção do setor cresceu 17,3%, estimulada
ainda pelo comportamento da construção civil.

A
indústria de adubos e fertilizantes foi protagonista no
avanço de 6,1% registrado em fevereiro pelo setor de “outros produtos químicos”,
também em relação ao segundo mês de 2020. Nos dois primeiros meses deste ano, a
produção do setor aumentou 10,0%. Aqui, a força do agronegócio local parece
explicar o comportamento do setor.

Todos
os demais setores estiveram em queda, tanto em fevereiro quanto no acumulado do
primeiro bimestre. O grosso da retração pode ser debitado na conta das
indústrias de alimentos e de medicamentos, conforme já mencionado. A produção
de alimentos caiu 4,3% em fevereiro, diante do mesmo mês de 2020, depois de
cair 9,4% em janeiro, acumulando perdas de 6,7% no ano. Tiveram pior desempenho
as indústrias de carne bovina, óleo de soja, leite em pó e condensado.

A
produção de medicamentos, que já havia desabado 24,5% em janeiro, despencou
37,7% em fevereiro, acumulando tombo de 30,9% no bimestre, sempre em relação a
iguais períodos de 2020.

Somados,
aqueles dois setores explicam 88,0% da redução observada em fevereiro e 82,1%
da queda acumulada nos primeiros dois meses deste ano (de novo, na comparação
com o bimestre inicial de 2020).

As
indústrias fabricantes de biocombustíveis (etanol e biodiesel) e de produtos de
metal (latas, esquadrias de ferro e aço e palha de aço, entre outros) sofreram
baixas de 6,5% e de 14,1% em fevereiro, com quedas praticamente naquelas mesmas
proporções quando considerada a variação acumulada no bimestre.

Por
conta desses resultados, a indústria goiana de transformação, em sua sexta
queda mensal consecutiva, registrou baixa de 7,1% em fevereiro, com retração de
8,8% no bimestre. O último resultado positivo foi observado em setembro do ano
passado, quando o setor havia crescido 4,4% em relação ao mesmo mês de 2019. Em
outubro, novembro e dezembro, o setor de transformação registrou perdas de
8,3%, 4,3% e de 5,6%, desabando mais 10,5% em janeiro.A indústria extrativa, por
conta da menor produção de minério de cobre e queda na extração de fosfatos, encolheu
17,1% em fevereiro e 11,6% no primeiro bimestre.

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