Balanço mostra queda no comércio, indústria e serviços

Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Sexta-feira (16/4) | Foto: Reprodução

Postado em: 16-04-2021 às 07h55
Por: Sheyla Sousa
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Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Sexta-feira (16/4) | Foto: Reprodução

Lauro Veiga 

Os
primeiros indicadores econômicos do ano sugerem que a atividade econômica em
Goiás já vinha em retração mesmo antes dos piores números da pandemia, vale
dizer, antes que fossem tomadas medidas mais restritivas à circulação de
pessoas, com efeitos claramente recessivos especialmente no setor de serviços e
no comércio. O cenário de curto prazo, como já se podia esperar, não deverá ser
nada lisonjeiro, o que tende a retardar uma eventual normalização da economia e
agravar a situação já fragilizada no mercado de trabalho. Pode-se presumir, até
por suas dimensões excessivamente modestas frente ao tamanho dos desafios
adiante, que a versão mitigada do auxílio emergencial terá impacto reduzido
sobre a demanda e efeitos bastante limitados sobre o conjunto da economia no
País e, claro, em Goiás.

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A
série de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
divulgados a partir de quinta-feira passada, dia 8, mostra perdas mais ou menos
generalizadas destacadamente para a indústria, mas também para os serviços e
para as vendas do varejo ampliado (que inclui concessionárias de veículos e
motos, lojas de autopeças e de materiais de construção, além de
estabelecimentos exclusivamente varejistas). No acumulado do primeiro bimestre
deste ano, comparado a igual intervalo de 2020, a produção industrial encolheu
nada menos do que 9,0% (resultado de quedas de 10,2% e de 7,7% respectivamente
em janeiro e fevereiro deste ano). A indústria de transformação encolheu 8,8%, enquanto
o setor de extração mineral sofreu baixa de 11,6%. Medicamentos, veículos e a
indústria de alimentos lideraram as perdas, sofrendo tombos de 30,9%, de 29,1%
e de 6,7%.

Muito distante
do pico

O
volume de vendas do varejo amplo acumulava recuo de 1,8% no primeiro bimestre
deste ano, resultado da redução de 4,4% observada em janeiro, seguida de
ligeira elevação de 1,0% em fevereiro. O setor vem demonstrando comportamento
oscilante nos últimos meses, sempre tomando idêntico período do ano
imediatamente anterior para comparação. Em outubro do ano passado, as vendas
chegaram a subir 5,1%. Depois, baixaram 2,1% em novembro e cresceram 2,2% em
dezembro. O nível das vendas do varejo ampliado, em fevereiro deste ano mostra
que o setor jamais conseguiu retomar o vigor anterior. Comparadas ao seu melhor
momento, registrado em outubro de 2012, acumulam perdas de 29,2%.

Balanço

As
atividades de serviços, que tiveram seus dados mais recentes liberados ontem
pelo IBGE, registram algum fôlego na comparação mês a mês, mas mantêm-se
relativamente abaixo do que eram um ano antes. Nos últimos 12 meses, houve
perdas em 10 deles, incluindo janeiro, quando o setor recuou 4,2%. O avanço de
1,9% em fevereiro ajudou a segurar a redução acumulada no ano, que ficou em
1,2%.

Esse
incremento registrado em fevereiro guarda relação com o afrouxamento das
medidas de distanciamento no período. Mas o que vem pela frente sugere uma
piora. Como anota o Banco Fator, “a expectativa é de
forte recuo na atividade do setor, o que se prolongará por abril. A recuperação
do nível pré-pandemia é, portanto, ilusória. A queda interanual vai ser menor
pelo efeito base, mas, na margem, a piora será robusta”.

Trocando
em miúdos, as comparações daqui em diante passarão a ser feitas em relação a
níveis bastante reduzidos alcançados a partir de março do ano passado, quando
pela primeira vez o País enfrentou medidas mais duras (se comparadas ao que
viria depois) de isolamento social.

A
debilidade da atividade no setor pode ser aferida quando se compara o nível
atual com o pico dos negócios nesta área lá atrás. No caso de Goiás, os
serviços haviam registrado seu melhor momento em fevereiro de 2014. Sete anos
mais tarde, o nível dos serviços registra retrocesso de 22,6%.

Os
serviços prestados às famílias no Estado, segmento que inclui bares,
restaurantes, lanchonetes, sofreram perda de 21,0% no primeiro bimestre. O
cenário é dramático mesmo, lembrando que o setor havia desabado 34,7% nos 12
meses do ano passado.

Entre
os diversos setores, apenas os serviços profissionais, administrativos e
complementares, que inclui contadores, escritórios de advocacia, consultores e
outros, apresentaram alta de 20,9% no primeiro bimestre.

Na
média, em todo o País, os serviços encolheram 3,5% no primeiro bimestre, caindo
5,0% em janeiro e 2,0% em fevereiro – a 12ª queda mensal consecutiva, o que
levou a um tombo de 8,6% no período (comparado aos 12 meses imediatamente
anteriores).

Em
comparação a novembro de 2014, quando o setor registrou seu melhor momento na
série histórica do IBGE, os serviços registram baixa de 10,8%.

Os
serviços prestados às famílias cresceram 8,8% na passagem de janeiro para
fevereiro, num crescimento empurrado pela reabertura de bares e restaurantes.
Mas num impulso que parece novamente ilusório, já que o setor desabou 28,1% em
relação a fevereiro de 2020.

Entre
os poucos setores com números positivos, quando considerado o dado nacional, o
segmento de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio fecharam
o primeiro bimestre em alta de 7,4%. Aqui, sob influência dos serviços de
entrega de alimentos, bebidas, bens duráveis de menor valor e outros, como
reflexo do isolamento adotado por parte das famílias.

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