Única menina na F4 Brasil, aos 15 anos Aurélia Nobels vive desafio no universo masculino das pistas

Dentre os 16 pilotos inscritos no grid da temporada de estreia da Fórmula 4 Brasil, há apenas uma representante feminina. Aurélia Nobels,

Postado em: 08-03-2022 às 11h23
Por: Ildeu Iussef
Imagem Ilustrando a Notícia: Única menina na F4 Brasil, aos 15 anos Aurélia Nobels vive desafio no universo masculino das pistas
Formada na escola de kart do ex-piloto de Stock Car Tuka Rocha, ela avisa: “Não tenho medo de nada” | Foto: Arquivo pessoal

Dentre os 16 pilotos inscritos no grid da temporada de estreia da Fórmula 4 Brasil, há apenas uma representante feminina. Aurélia Nobels, nascida há 15 anos em Boston (EUA), é filha de pais belgas e vive no Brasil desde os três anos de idade. Aos 10 anos de idade, iniciou sua trajetória no kartismo na escolinha mantida por Tuka Rocha, ex-piloto da Stock Car falecido em 2019 em um acidente de avião.

Incentivada pelos pais e inspirada por mulheres que escreveram sua história nas pistas ao redor do mundo, Aurélia começa a trilhar o próprio caminho. A aparência ainda juvenil e a delicadeza no trato escondem uma personalidade cheia de determinação. E também muita coragem: “Não tenho medo de nada”, diz ela, deixando claro que não vai se intimidar com o universo masculino das pistas.

A Fórmula 4 é a maior novidade do automobilismo brasileiro em 2022, especialmente pela chancela oficial da FIA, que a considera a melhor e mais moderna escola de jovens pilotos da atualidade. Selecionada no draft da categoria para competir pela equipe TMG Racing, Aurélia entende que fazer parte de um novo campeonato já muito reconhecido é motivo de enorme felicidade, mas também uma grande responsabilidade. “Estou muito feliz e orgulhosa por representar as mulheres na Fórmula 4. Ainda somos poucas no automobilismo”, salienta a pilota, que leva no capacete as cores das bandeiras dos três países que carrega no coração.

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Aurélia competiu no kartismo desde 2017. Neste período, disputou as principais competições da modalidade no Brasil, cruzou o Atlântico, foi a única mulher no grid do Mundial da classe OK Júnior em 2020, em Portugal, e no ano passado fez o circuito europeu, adquirindo assim uma bagagem valiosa. “Foi uma experiência incrível, muito difícil, mas aprendi bastante”.

Arquivo pessoal

Universo desafiador

Aurélia ressalta que estar no meio de um ambiente majoritariamente masculino traz sua cota de dificuldades. “É um esporte no qual é muito difícil competir com os meninos. Existe o machismo e também o fato de que alguns deles não aceitam perder para uma mulher”, observa.

Mesmo ciente dos desafios que sempre fizeram parte da carreira, Aurélia sabe que é possível galgar seu lugar ao sol. Para isso, a competidora tem duas colegas de profissão como maior fonte de inspiração. “Conheci a Bia Figueiredo no começo da minha carreira, no kartismo. É uma pessoa incrível! Ela inclusive me mandou mensagem quando fui sorteada para correr pela TMG Racing. Gosto muito dela. Também gosto muito da Bruna [Tomaselli], que está na W Series e me inspira muito”, relata.

O começo de uma nova era

Aurélia se prepara para um salto na sua caminhada no esporte a motor com a naturalmente desafiadora transição do kartismo para os monopostos. A chegada da Fórmula 4 Brasil serve exatamente como o primeiro passo para jovens competidores em categorias do tipo fórmula.

Ainda assim a pilota da TMG Racing se mostra nas nuvens com a chance de fazer parte da categoria. “Estou muito animada por poder integrar a TMG e por ter a chance de trabalhar com o Thiago Meneghel (chefe da equipe). Já fizemos um treino, com um carro da antiga Fórmula 3. Também tenho intensificado a preparação física e tenho trabalhado muito com o simulador. Estou ansiosa para esse desafio que está por vir”.

Movida por sonhos, Aurélia deixa transparecer, no sorriso por trás da máscara, toda a felicidade por dar mais um passo no mundo do esporte a motor. “Nunca pensei que um dia chegaria aqui em uma categoria de fórmula. No começo, no kart, era só uma brincadeira, não imaginei que seguiria uma carreira. Neste ano, minha maior meta é aprender muito, a cada etapa, e depois seguir buscando meus objetivos dentro do automobilismo”, finaliza.

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