Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Merkel expressa respeito pela retirada de Özil da seleção

A saída do médio suscitou, em paralelo, uma chuva de crítica à direção federativa

Postado em: 23-07-2018 às 11h48
Por: Guilherme Araújo
Imagem Ilustrando a Notícia: Merkel expressa respeito pela retirada de Özil da seleção
A saída do médio suscitou, em paralelo, uma chuva de crítica à direção federativa

A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou hoje o seu “respeito” pela decisão do germânico-turco Mesut Özil de se retirar da seleção nacional, assim como a alta estima que merece como jogador, não mencionando as suas acusações de racismo à Federação Alemã de Futebol (DFB).

“A chanceler federal respeita a decisão de Mesut Özil, a quem tem em alta consideração como jogador”, disse a vice-porta-voz do Governo, Ulrike Demmer, numa conferência de imprensa de rotina e no meio da polémica causada pelo anúncio do médio.

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A fonte governamental lembrou além disso o papel do desporto como fator integrador na sociedade alemã e ressaltou que a Alemanha é um “país aberto”, que acolhe a população de origem imigrante.

“É um grande jogador”, enfatizou a porta-voz em nome de Merkel, grande adepta de futebol e que frequentemente tirou fotografias com Özil, muitas delas nas suas pontuais visitas ao balneário da seleção.

A retirada de Özil entre fortes acusações à direção da DFB suscitou uma tempestade política e futebolística no país.

“É um sinal alarmante que um grande jogador como Özil não se sinta querido no seu país nem representado pela DFB”, escreveu a ministra da Justiça, Katarina Barley, na sua conta no Twitter.

Özil comunicou ontem a sua retirada da seleção com uma declaração enviada em três partes através do Twitter, onde afirmava que para o presidente da DFB, Reinhard Grindel, um jogador de origem imigrante como ele apenas é aceite quando ganha, mas não quando perde.

O médio, de 29 anos e durante anos peça chave na seleção, acusava a federação de não o aceitar como alemão, apesar de ter ganho em 2014 o Mundial para o país onde nasceu.

“Tenho dois corações, um alemão e outro turco. Nasci e fui educado na Alemanha. Porque é que há pessoas que continuam a não aceitar que sou alemão”, perguntava o médio, que na Alemanha jogou no Schalke e Werder Bremen, passando depois para o Real Madrid e o Arsenal, o seu atual clube.

Deste modo, Özil pronunciou-se pela primeira vez à controvérsia causada há um mês e meio por uma fotografia em que aparecia junto ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, algo que foi entendido na Alemanha como um apoio à campanha deste pela reeleição.

O jogador explicou agora que decidiu tirar essa foto porque não a ter feito teria sido interpretado como “uma falta de respeito” para com as suas “raízes turcas”, acrescentando que “voltaria” a fazê-lo.

“Para mim, tirar uma foto com o presidente Erdogan não tem nada a ver com a política ou com as eleições, mas com o respeito para o cargo máximo do país da minha família”, explica.

A controvérsia em torno da foto acompanhou Özil durante todo o Mundial da Rússia e persistiu após a eliminação prematura da seleção alemã, que defendia o título, na fase de grupos.

A saída do médio suscitou, em paralelo, uma chuva de crítica à direção federativa, já fortemente questionada pelo mal papel da Alemanha na Rússia.

Há uns dias atrás, o presidente da direção do Bayern de Munique, Karl-Heinz Rummenigge, criticou Grindel, qualificando-o de incompetente.

Hoje, o ex-porta-voz da DFB, Harald Stenger, numa entrevista à televisão pública ZDF, disse que Grindel é “o pior presidente federativo da história” e considerou que era o momento de o substituir, independentemente do caso Özil.

Com informações da Agência EFE

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