Em uma verdadeira epopeia, Brasil faz história e se classifica para os Jogos Olímpicos de Paris 2024

A Seleção Brasileira de Conjunto de Ginástica Rítmica, que entrou para a elite planetária da modalidade, conseguiu a façanha com a qual

Postado em: 27-08-2023 às 12h42
Por: Ildeu Iussef
Imagem Ilustrando a Notícia: Em uma verdadeira epopeia, Brasil faz história e se classifica para os Jogos Olímpicos de Paris 2024
Em Valência, a Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica conseguiu a façanha com a qual sonhava há anos (Foto: Divulgação CBG)

A Seleção Brasileira de Conjunto de Ginástica Rítmica, que entrou para a elite planetária da modalidade, conseguiu a façanha com a qual sonhava há anos: a conquista de uma vaga olímpica num evento de nível mundial. 

Na última sexta-feira (25), após a improvável recuperação do tornozelo direito da capitã Duda Arakaki, o grupo comandado pela treinadora Camila Ferezin conseguiu a sexta colocação no Mundial, ao somar 65.000 pontos no conjunto das séries mista e simples, e dessa forma garantiu vaga nas Olimpíadas de Paris 2024.

Havia cinco vagas em jogo. Bulgária, Israel e Espanha, que subiram ao pódio no Mundial de Sófia, no ano passado, já estavam classificadas. Na edição de Valência-2023, os países que obtiveram a vaga são, pela ordem, China, Itália, Ucrânia, França e Brasil.

Continua após a publicidade

Epopeia vitoriosa

Depois de cometer um erro na série mista, a Seleção Brasileira ficou em situação delicada. A apresentação valeu a nota 30.100, apenas a 11ª entre as 24 equipes. Na segunda rodada, no entanto, as ginastas brasileiras brilharam muito. Registraram a nota 34.900 na série simples, de cinco arcos. Foi o suficiente, depois de uma longa e tensa espera, no aguardo dos resultados das outras equipes, para garantir o conjunto brasileiro nas Olimpíadas.

A treinadora Camila Ferezin necessitou de seus dotes de estrategista. Ela modificou o início da série, de forma que Duda, que originalmente arremessava o aparelho com o pé, passou a arremessar com a mão, abrindo mão de décimos da nota. O prêmio individual da comandante foi a vaga para participar de sua quinta Olimpíada – uma série que começou nos Jogos de Sydney-2000, ainda nos tempos de atleta.

A treinadora Camila Ferezin abordou o seu ponto de vista ao longo dessa trajetória repleta de emoções. 

“Foi uma semana muito difícil. Em momento nenhum imaginamos que a Duda, nossa capitã, a protagonista de nossas coreografias, fosse se lesionar logo no primeiro dia de treino aqui em Valência. Mas a gente conseguiu manter a equipe unida, e com a cabeça forte, porque nos preparamos para várias situações: plano A, plano B. A gente se reuniu dia a dia, ajoelhando, clamando a Deus para que fosse feito um milagre. O milagre foi feito, o resultado foi alcançado e estamos muito felizes por termos mais uma vez feito história na Ginástica Rítmica”, declarou a comandante. 

A capitã Maria Eduarda Arakaki, a Duda, exultante depois da histórica conquista, disse que nunca duvidou da possibilidade de entrar em quadra, mesmo quando viu seu tornozelo parecendo uma bola de Ginástica Rítmica. 

“Pensei que ia competir, que precisava competir. Que eu ia fazer fisioterapia, que eu ia rezar e fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para competir. Foram dias muito tensos, dúvidas e medos. Mas minha equipe não me permitiu que eu desacreditasse em momento algum. A gente rezou muito, ajoelhou, à noite, todos os dias, e deu certo. Neste momento, minha sensação é de alegria e de realização, e de que tudo que fizemos valeu a pena”, afirmou Duda.

Ginástica Rítmica Individual

Pela primeira vez, uma atleta da Ginástica Rítmica Individual do Brasil conquistou uma vaga olímpica numa competição classificatória mundial. A talentosa ginasta Bárbara Domingos, de 23 anos de idade, alcançou essa façanha na 40ª edição do Mundial de Ginástica Rítmica, disputado em Valência, na Espanha.

“É um sentimento que não consigo entender ainda. Era muito sonhada a vaga e ela veio. Eu e minha técnica, Márcia Alves, trabalhamos muito. Em 2021 eu bati na trave, mas neste ano de 2023 sair de um mundial e com uma vaga olímpica, é inexplicável. Agradeço às pessoas que estiveram comigo dia após dia, meus pais e toda a minha família que me apoiaram esse ano todo. Mas a gente conseguiu e eu estou muito feliz”, disse a atleta.

A treinadora Márcia Naves, ainda mais emocionada do que a própria ginasta, não se cabia em contentamento ao ver a pupila realizar seu sonho. 

“A Babi sempre disse que queria fazer história, deixar um legado. E ela tá fazendo. Primeira ginasta a chegar a final de Copa do Mundo, primeira ginasta a conquistar medalha em Copa do Mundo. É fruto de trabalho e de amor. Nada que se faça sem amor dá certo. Isso aqui vai incentivar muitas meninas do Brasil a acreditar que é possível conseguir o que conseguimos. É possível alcançar o topo. Digo isso daqui de cima”, disse a treinadora.

Veja Também