Entenda toda a polêmica por trás do vídeo em que os jogadores da Seleção Argentina cantam uma música racista
Após a conquista do título da Copa América, Enzo Fernández abriu uma live em seu Instagram, na qual os atletas argentinos cantavam uma música que tinha a intenção de ofender os franceses naturalizados e descendentes de africanos
No dia 14 de julho, a Seleção Argentina derrotou a Colômbia por 1 a 0, com um gol de Lautaro Martínez na prorrogação. A Alviceleste foi campeã pela 16ª vez da Copa América e tornou-se a maior vencedora do torneio.
Durante as comemorações dos atletas argentinos, o meio-campista de 22 anos, Enzo Fernández, abriu uma live no Instagram, a princípio, os jogadores cantavam uma música racista, que tinha como intenção ofender os franceses naturalizados e descendentes de africanos.
A França que foi a adversária da Argentina na final da Copa do Mundo de 2022, na ocasião a Alviceleste sagrou-se tricampeã mundial nos pênaltis.
Veja o vídeo a seguir:
A letra da canção diz o seguinte:
“Eles jogam pela França mas são de Angola, que bom que eles vão correr! Se relacionam com transexuais, a mãe deles é nigeriana e o pai deles é camaronês, mas no passaporte diz: francês”.
A repercussão do caso foi bastante negativa, visto que Enzo Fernández atua junto com os franceses: Wesley Fofana, Axel Disasi, Benoît Badiashile, Malo Gusto e Lesley Ugochukwu, no Chelsea, da Inglaterra. De acordo com a imprensa francesa, existe uma imensa insatisfação e irritação por parte dos jogadores franceses com o argentino.
Além disso, o ex-jogador francês, Demba Ba fez uma forte declaração sobre o caso via Twitter: ”Argentina, terra de asilo para ex-nazistas em fuga. A partir de 1945, Perón hospedou criminosos de guerra e isso te surpreende?”. Posteriormente, Enzo postou um pedido de desculpas em seu Instagram:
“Quero sinceramente pedir desculpas pelo vídeo que postei no Instagram durante as comemorações com a seleção. A música inclui linguagem extremamente ofensiva e não há qualquer desculpa para essas palavras. Eu sou contra a discriminação em todas as formas e peço desculpas por ter me deixado levar na euforia das comemorações da Copa América. Assim, aquele vídeo, aquele momento, aquelas palavras não refletem minhas crenças ou meu caráter”.
Milei demitiu o subsecretário de esportes
Nesta última quarta-feira (17), o presidente da Argentina, Javier Milei, demitiu o subsecretário de esportes da Argentina, Julio Garro, que havia cobrado um pedido de desculpas do capitão da seleção, Lionel Messi, e do Presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Claudio Tapia. A argumento de Garro foi de que o caso estaria ”manchando a imagem do país mundialmente”.
Milei demitiu o gestor, afirmando que: ”Nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina, campeã mundial e bicampeã americana, ou a qualquer outro cidadão”.
Veja a seguir o twette do presidente:
Fifa abriu investigação sobre o caso
Ainda na quarta-feira (17), o órgão máximo do futebol, a Fifa, abriu uma investigação sobre o caso e então declarou em nota o seguinte: ”A FIFA tomou conhecimento de um vídeo a circular nas redes sociais e o incidente está a ser investigado. A FIFA condena firmemente todas as formas de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, adeptos e dirigentes”.
Do mesmo modo, o Chelsea emitiu uma nota acerca da polêmica: ”O Chelsea Football Club considera completamente inaceitável todas as formas de comportamento discriminatório. Assim, temos orgulho de ser um clube diverso e inclusivo, onde pessoas de todas as culturas, comunidades e identidades se sentem bem-vindas. Reconhecemos e apreciamos as desculpas públicas do nosso jogador e usaremos isso como uma oportunidade para educar. O clube instaurou um processo disciplinar interno”.
Por fim, para dar mais um capítulo a polêmica na sexta-feira (19), a vice-presidente da Argentina, Victoria Villarruel, defendeu os atletas argentinos envolvidos no caso. “Nenhum país colonialista vai nos intimidar por uma canção de torcida ou por dizermos verdades que não querem admitir”, afirmou Villarruel em seu Twitter. Lembrando que frequentemente os torcedores argentinos estão envolvidos em casos de racismo em torneios internacionais, especialmente quando enfrentam equipes brasileiras.